29/11/2015 08h00
O Projeto de Lei 5921/01 troca de gavetas desde 2001. Neste tempo todo, quem nasceu junto com a proposta, hoje já está no ensino médio e perdeu a oportunidade de ser protegido dos assédios dos anunciantes.
Novas crianças nasceram, suas mães, seus pais e seus professores buscam informações e alternativas para proteger seus filhos enquanto os anunciantes não se comportam e/ou enquanto a tal regulação não vem.
Sim, já tem lei, tem resolução, tem estatuto, tem norma, tem até constituição, mas enquanto os anunciantes fingem que todo este marco legal que proíbe a publicidade infantil no Brasil não existe, o que nós, mães, pais, educadores, cuidadores podemos fazer?
Vamos contar aqui o que fazemos para proteger nossos filhos das presas da publicidade infantil:
Além de tudo o que fazemos aqui na internet – reclamar, denunciar, mandar carta para deputado – e na vida cotidiana de ativista – palestrar em escolas, mediar rodas de pais, pedindo pressa e qualidade nesta tramitação, também temos que proteger nossos filhos daquilo que consideramos prejudicial: com o andar da carruagem parlamentar, talvez nossos netos sejam crianças tratadas com respeito por emissoras e anunciantes.
Então temos que cuidar do aqui e do agora dos nossos filhos: nem pensar deixá-los diante de uma televisão qualquer.
Escolhemos mostrar a vocês sete alternativas:
(1). Fugir para o meio do mato: são poucos os que podem, querem ou têm coragem para romper com o meio urbano e com a forma de vida com que foi acostumado.
Sem dúvida, é uma radical que pode ser muito benéfica para as crianças. E mesmo que depois de um tempo, a família volte para cidade, os valores permanecem – conheça a história inspiradora desta família.
(2). Não ter aparelho de TV – e outras telas – em casa: esta é também uma medida bem radical para quem acredita que conteúdos audiovisuais, além das publicidades, não trazem benefício para as crianças.
Esta é uma medida que exige captação de informações para proporcionar atividades alternativas para as crianças, boa disciplina e planejamento para estar disponível para brincadeiras e papos, ou ter quem esteja. Esta medida tão válida e difícil de sustentar quanto menores são as crianças.
(3). TV Pública: sintonizar bem o canal da tv pública pode ser um desafio. Gratuita, muitos estados exibem em suas emissoras estatais os programas infantis da TV Brasil, que não exibem publicidade mercadológica nos intervalos e são adequados e atraentes para crianças pequenas que não ligam para a repetição.
(4). Coleção de DVDs: na internet existem boas listas de filmes e seriados infantis adequados até para crianças menores. Existem até boas produções musicais com recursos audiovisuais para bebês que devem ser bem dosadas em tempo de exposição e qualidade como falamos acima.
As produções audiovisuais podem ser além de divertidas, tema para conversas entre pais e filhos: felizmente tem muita coisa boa sendo produzida.
(5). Canais na TV fechada que não exibam propaganda: se este canal não existe, deveria existir, afinal paga-se uma mensalidade cara e isso deveria significar a sustentabilidade de algum canal que respeitasse a infância.
A inexistência de um canal isento de chorume mercadólogico é motivo suficiente para boicotar os serviços de TV por assinatura – inclusive registrando reclamações junto a seus SAC e explicitando este motivo quando do cancelamento do serviço.
(6). Serviços de TV por Stream: não quero falar em marcas, mas acho que este é um serviço que está tendo cada vez maior adesão no Brasil e no mundo.
E é a melhor alternativa para quem gosta de televisão, pelo preço, pela qualidade e variedade do conteúdo disponível, pela liberdade de assistir o que quer na hora que quer e pela ausência de publicidade. Basta entrar na web, escolher um prestador de serviço e pagar a assinatura mensal. O líder deste mercado dá um mês de amostra grátis.
(7). Desenhos na internet: quem não quer pagar pelo serviço de stream, pode selecionar boas produções gratuitas na internet e oferecê-las aos filhos, aqui é preciso cuidado porque muitas vezes os vídeos são precedidos por publicidades que podem ser inadequadas à idade da criança.
Estas duas últimas dicas são extremamente fáceis de viabilizar quando já se tem um aparelho de televisão com acesso a internet.
Para quem ainda não tem, vale fazer a conta e trocar a mensalidade da TV fechada (satélite ou cabo) pela prestação do novo aparelho. Existem também apretrechos que transformam/permitem que alguns televisores sem internet, captem o wifi.
Se nada disso for viável, pode-se assistir em computadores, tablets e celulares. Mas cuidado: o tamanho da tela doméstica é inversamente proporcional à imersão do sujeito na experiência.
Assim quanto menor e mais individual for a tela, maior a alienação ao ambiente ao redor e a fixação da criança no conteúdo.
Já reparou que temos mais facilidade de abstrair o ambiente quando estamos no celular do que quando estamos diante de uma televisão de tamanho tradicional?.(Movimento Infância Livre de Consumismo)