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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Brasileiros relatam as dificuldades vividas em países estrangeiros

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21/05/2014 13h19

A falta de oportunidades e o sonho de uma vida melhor ajudam a compreender o complexo processo de mobilidade humana.

Euclydes Pettersen é um dos brasileiros que foram em busca de melhores oportunidades. Seu pai migrou para os Estados Unidos após a família passar por uma grave crise financeira, e ele, jovem, resolveu ir junto para ajudá-lo.

“Cheguei a Miami, na Flórida, em 2001, onde trabalhei para levar uma condição financeira para nossa família, quando no Brasil já haviam se esgotado todas as nossas oportunidades. Fomos buscar essa oportunidade nos Estados Unidos, migrando, conseguindo trabalho e trazer a sustentabilidade financeira para nossa família.

Nós nos deparamos com um trabalho duro: trabalhamos de carpinteiro, de pedreiro, no ramo de hotelaria, como garçom.

Eu, por exemplo, trabalhei como pedreiro, assentando piso. Então trabalhamos e conseguimos nos adaptar. No início foi difícil, mas depois, vai passando o tempo e você vai acostumado, mas sempre tentando voltar, tentando juntar um valor para trazer ao nosso país, de novo, para buscar uma oportunidade, mais uma chance.

Você não tem vontade de investir naquele país, mas, sim, de retornar para investir no país onde você tem sua família, seus amigos.”

Pettersen contou quais as maiores dificuldades encontradas lá fora. E sugeriu medidas que poderiam ser adotadas pelo Itamaraty para auxiliar a comunidade de brasileiros no exterior.

“É a cultura totalmente diferente, onde essa adaptação, o primeiro impacto com o exterior, foi a maior dificuldade. Primeiro a língua e estar fora, longe da família, do seu habitat do seu País, dos seus amigos.

Essa distância entre sua família e seus amigos é uma das dificuldades que todos sofrem e que todos tentam adaptar. Nós que chegamos a outro país já ficamos com medo de chegar à própria embaixada por falta de informação.

A gente tem que ter uma orientação. Em relação à língua no outro país, é importante ter um professor para ensinar. Um advogado, mostrando qual caminho a ser tomado. Isso tudo o governo pode ter uma parceria.

E também uma parceria público-privada para que quando tiver o recurso, quando conseguir juntar o dinheiro, que a dificuldade é enorme para voltar, então não tem como investir. Acho que até um curso, talvez por intermédio do Sebrae, para ensinar como investir o recurso juntado em outro país.”

No entanto, muitas vezes o brasileiro sai do País não por questões econômicas. Rosalie Abou Assi, que hoje atua como coordenadora-geral do Conselho de Cidadãos de Beirute, vinculado ao consulado brasileiro, viajou ao Líbano para conhecer a terra de seus pais, e acabou conhecendo seu atual marido. Em razão do matrimônio, mudou-se para o Líbano e lá vive há 17 anos.

“Mesmo tendo esse conhecimento da cultura libanesa, quando a gente se encontra num país com uma cultura tão diferente, comportamento diferente, é muito complicado, é muito difícil a adaptação.

Leva tempo. Na minha época, há 17 anos, a gente não usufruía de grupos de brasileiros que pudessem acolher ou ajudar na adaptação de início.

Hoje em dia a gente conta com um grupo de mulheres brasileiras que, a cada nova brasileira chegada no país, acolhe, auxilia, indica, proporciona encontros para que ela possa ter uma melhor adaptação.

A realidade no Líbano é muito diferente da realidade no Brasil, porque as leis, por exemplo, as leis de família, são completamente diferentes daqui.

Lá não existe um código civil e, sim, as leis baseadas nas religiões. As religiões muçulmanas têm um estatuto, nas cristãs, é outro.

Isso é muito complicado, porque a lei não protege nem um pouco a mãe com relação à guarda das crianças, não ajuda nem protege com pedidos de divórcio, então a gente enfrenta alguns problemas com brasileiras.”

Rosalie ressaltou que, mesmo depois de tantos anos e de já estar adaptada ao Líbano, não perde o vínculo afetivo com o Brasil.

“Tenho sempre o meu País, o Brasil, como minha pátria mãe. Quer dizer, eu não imagino passar um ano inteiro sem poder vir visitar o Brasil, sem manter ligações culturais, e até mesmo de trabalho com o Brasil.

Outro motivo muito comum que leva brasileiros para o exterior é o estudo. A estudante Tânia Tonhati, que hoje cursa doutorado na Universidade de Londres, explicou como está a situação dos brasileiros no exterior, particularmente na Inglaterra.

“No contexto do Reino Unido, devido à crise na Europa e com a mudança de governo para os conservadores, você teve um processo mais duro com relação à imigração.

E os brasileiros consequentemente sofreram, assim como outras nacionalidades. Eles também entraram nesse grande bolo que criaram, cada vez mais dificultando e criminalizando a imigração dentro do Reino Unido.”

Tânia acredita que o apoio do governo aos migrantes melhorou, mas ainda há muito que avançar. “Eu acredito que melhorou no sentido de abrir uma porta, com relação a esses conselhos de cidadania e conferências de brasileiros no exterior. Isso era uma porta que, até então, não era aberta. É um diálogo fantástico, que não se tinha até então.

Hoje, todo esse diálogo está se abrindo, e eu tenho esperança que ele se abra mais e se concretize, de forma que chegue à população. Acho que o diálogo está posto, mas ainda faltam ações concretas para chegar à comunidade em si.”
(Agência Câmara Notícias)

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