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quinta-feira, 28 de março de 2024

“Da saúde se cuida todos os dias”

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07/07/2015 17h28

O Ministério da Saúde articula um conjunto de políticas para fortalecer e recuperar os bons hábitos alimentares dos brasileiros. Um exemplo deste esforço foi o lançamento das publicações Guia Alimentar para População Brasileira e Alimentos Regionais Brasileiros.

Os documentos reforçam a importância da alimentação saudável para prevenção de doenças e a valorização da cultura alimentar regional brasileira, com diversas opções saudáveis, receitas e dicas para o manuseio dos alimentos.

A coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa, explica o objetivo das publicações e da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que busca a melhoria das condições de alimentação e saúde da população.

Em entrevista, a coordenadora revela as principais ações, projetos e programas que o ministério está desenvolvendo na área de alimentação, nutrição e saúde.

O que é uma alimentação saudável e por que é importante segui-la?

Michele: Uma alimentação saudável é composta por alimentos in natura e minimamente processados, aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza.

Eles formam a base para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável.

Se alimentar desta forma contribui para a qualidade de vida, reduzindo o excesso de peso (obesidade), as doenças crônicas associadas e outras doenças relacionadas à alimentação e nutrição. Assim, o consumo de alimentos como grãos, tubérculos e raízes, legumes e verduras, frutas, leite, ovos, peixes, carnes, adaptadas à cultura, condição socioeconômica e estilo de vida é o melhor caminho para promoção da saúde e prevenção de enfermidades.

Alimentos ultraprocessados, gordurosos, com excesso de sódio e açúcares fazem realmente mal? Que tipos de doenças são associadas à má alimentação?

Michele: Alimentos ultraprocessados estão associados à obesidade. As razões para evitar seu consumo estão relacionadas à composição nutricional desses produtos. Os ingredientes principais dos alimentos ultraprocessados geralmente são ricos em gorduras e açúcares.

Estes alimentos tendem a ser muito pobres em fibras e sua composição nutricional favorece o aparecimento de doenças do coração, diabetes e vários tipos de câncer, além de contribuir para aumentar o risco de deficiências nutricionais.

Quando se consome alimentos ultraprocessados, tende-se a ingerir mais calorias do que se necessita.

Essas calorias ingeridas e não gastas inevitavelmente são estocadas no corpo em forma de gordura, e o resultado disso é a obesidade.

Qual a importância de se pensar em um guia alimentar que respeite as realidades das diversas regiões brasileiras?

Michele: O Guia Alimentar para a População Brasileira é o documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação saudável. O Brasil é um país de grandes dimensões, constituído por regiões e Estados, com uma rica variedade de recursos naturais.

A culinária do país incorpora a cultura original de populações indígenas, assim como vasto número de tradições, como a africana, portuguesa e espanhola.

Resgatar e despertar o interesse para a vasta quantidade de alimentos regionais presentes em todos os Estados brasileiros e típicos da nossa flora e fauna é contribuir para a melhoria da alimentação da população, valorizar a cultura alimentar e estimular sistemas alimentares social e ambientalmente mais sustentáveis.

Para ter uma vida saudável basta apenas uma alimentação adequada? ou é preciso aliar a outras condições de vida, também saudáveis?

Michele: A promoção da saúde é um processo amplo que envolve tanto a promoção da qualidade de vida quanto a redução de vulnerabilidades e riscos à saúde.

Esses riscos envolvem modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, e acesso a bens e serviços essenciais.

Os eixos prioritários de ação da Política Nacional de Promoção da Saúde incluem alimentação saudável, atividade física, controle do tabagismo, redução de doenças e mortes relacionadas ao uso abusivo de álcool e outras drogas, redução de mortes e consequências de saúde relacionadas aos acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura de paz e promoção do desenvolvimento sustentável.

Nessa linha, o ministério lançou a campanha “Da Saúde se Cuida Todos os Dias”, com o objetivo de incentivar mudanças individuais e de comportamento, reconhecendo que a saúde não é fruto apenas da vontade própria, mas também dos contextos social, econômico, político e cultural.

O Incentivo à Alimentação Saudável é o primeiro tema que está sendo abordado, como foco nos dois guias lançados.

A campanha pode ser acessada em www.saude.gov.br/promocaodasaude. Assim, é fundamental aliar a alimentação saudável com todos esses outros aspectos que contribuem para um estilo de vida saudável.

Quais as principais políticas do MS na área da alimentação e nutrição?

Michele: A PNAN tem como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição.

Para alcançar esses objetivos, diversas ações e programas têm sido desenvolvidos, como: elaboração de materiais de educação alimentar e nutricional; Programa Saúde na Escola; Programa Academia da Saúde; Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, componente da Vigilância Alimentar e Nutricional; Programa Nacional de Suplementação de Ferro; Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; NutriSUS; participação no desenvolvimento da Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade, dentre outras.

Por que foi criado o Guia Alimentar para a População Brasileira?

Michele: O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2006, apresentou as primeiras diretrizes alimentares para a população acima de dois anos.

Diante das mudanças sociais e transições demográficas, nutricionais e epidemiológicas vivenciadas no país, que resultaram em mudanças no padrão de saúde e nutrição, se fez necessário outras recomendações.

A nova edição foi elaborada em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e dividida em seis etapas: oficina de escuta, elaboração da primeira versão da nova edição, oficina de avaliação, elaboração da segunda versão, consulta pública e elaboração da versão final.

Como se deu a participação popular na elaboração do documento?

Michele: O processo de elaboração do Guia envolveu uma consulta pública, que contou com 436 participantes, entre instituições de ensino, órgãos públicos, conselhos e associações profissionais, setor privado e pessoas físicas, e da qual resultaram mais de três mil comentários e sugestões.

A participação de diversos atores permitiu uma construção mais ampliada e mais próxima da realidade dos brasileiros, resultando em um documento que responde às demandas de saúde e adequado à realidade brasileira, trazendo aspectos mais abrangentes que envolvem a alimentação, como os modos de produção, sustentabilidade ambiental, desenvolvimento econômico local, modos de vida, comportamento, ambientes, dentre outros.

Qual a função do Guia Alimentar e quais conteúdos ele destaca?

Michele: O Guia tem como objetivo facilitar o acesso das pessoas, famílias e comunidades a conhecimentos sobre características e determinantes de uma alimentação adequada e saudável, possibilitando que ampliem a autonomia para fazer melhores escolhas para sua vida, reflitam sobre as situações cotidianas, busquem mudanças em si próprios e no ambiente onde vivem, contribuam para a garantia da segurança alimentar e nutricional para todos e exijam o cumprimento do direito humano à alimentação adequada e saudável.

Se constitui em um marco de referência para indivíduos e famílias, governos e profissionais de saúde sobre a promoção da alimentação adequada e saudável, sendo elaborado para todos os brasileiros.(Agência Saúde)

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