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sábado, 20 de abril de 2024

Implante de prótese coclear garante fim da surdez e mudez

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02/07/2015 12h36 – Atualizado em 02/07/2015 12h36

Flávio Verão

Dourados começa a fazer parte dos municípios brasileiros – todos eles com universidades – que realizam implantes de próteses capazes de dar a audição e consequentemente a fala para crianças que nasceram surdas. Pessoas adultas também podem ser submetidas ao implante e voltar a conquistar qualidade de vida.

No final de semana passada foi realizado num hospital particular da cidade o implante coclear, um sistema eletrônico de elevada capacidade tecnológica, que vem realizar o papel do ouvido interno danificado, isto é, faz o trabalho das células ciliadas do ouvido, transformando a energia mecânica (som) em pequenos sinais elétricos que são lançados na rampa timpânica da cóclea e atingem o nervo auditivo. Assim, os sons e palavras do meio envolvente seguem a via auditiva, de forma a serem processados pelo cérebro.

O procedimento foi feito em uma criança de 2,5 anos, paciente do médico otorrino Luciano Silveira Rodrigues, de Dourados. Por ser um implante inédito em Mato Grosso do Sul, embora a cirurgia é feita há mais de 10 anos no país, o professor e também médico otorrino Luiz Carlos Alves de Souza, de Ribeirão Preto (SP), veio até Dourados através de uma parceria para realizar o implante, na companhia do médico e professor Aldo Bellodi, também de Ribeirão Preto. Dr Luiz Carlos faz cirurgias e acompanha pesquisas de implante coclear há mais de três décadas.

Por enquanto, realizado apenas em hospital particular em Dourados, o implante feito no fim de semana é o início de um trabalho que começa a colocar a cidade no hall de cirurgias consideradas complexas na área de otorrinolaringologia. Um outro procedimento inédito, de labirintite crônica (doença de menière) também foi realizado no final de semana em Dourados.

Conquistas

A Ciência alcança com o implante coclear um grande sonho: substituir um órgão dos sentidos por um dispositivo eletrônico, com elevado grau de eficácia. Quanto mais cedo implantado numa criança, maiores as chances de desenvolver uma linguagem muito semelhante à dos ouvintes, diz Dr Luiz Carlos Alves de Souza. Segundo ele, tudo é um processo de aprendizado, em que a criança passa a diferenciar os diferentes tipos de sons e repete.

Adultos também podem fazer o procedimento. “Fiz esse implante em um paciente com mais de 70 anos. Por causa da surdez ele não saía mais de casa e com o implante resgatamos a qualidade de vida e ele voltou a se interagir com as pessoas”, diz o médico. Ele conta que acompanha o resultado dos procedimentos e a maioria dos implantados garantem que voltam a ouvir muito semelhante quando não tinham problemas de audição.

O procedimento é indicado a pessoas com profundo grau de surdez bilateral. Parte do aparelho implantado fica interno no ouvido e o dispositivo responsável por captar o som é colocado atrás da orelha. Alguns desses dispositivos são, inclusive, à prova d’água. Dr Luiz Carlos explica que se o paciente ouve bem com o aparelho auditivo comum, não há necessidade de realizar a cirurgia. “Mas se percebemos através de exames que a pessoa está perdendo a capacidade de compreender e empobrece os índices de reconhecimento de fala, ela passa a ser candidato do implante coclear”, explica o otorrino.

No caso de surdez unilateral, segundo ele, há outro tipo de procedimento indicado: prótese auditiva implantada de condução óssea. Trata-se de uma espécie de parafuso de titânio introduzido via cirurgia no ouvido surdo, com um processador que emite o som para um receptor interno que por sua vez repassa o som para o ouvido bom. Com isso o paciente tem a nítida sensação que voltou a ouvir daquele ouvido, mas na verdade retornou a ouvir do lado surdo, pois o som apenas é captado daquele lado e toda informação é reenviada ao ouvido bom. Neste caso, Dr Luiz Carlos diz que o paciente também ganha qualidade de vida e volta a ter localização espacial, perdida quando a pessoa ouve apenas de um dos ouvidos.

As cirurgias vão continuar sendo realizadas em parceria em Dourados. Dr Luciano Silveira Rodrigues explica que até então os pacientes eram captados e encaminhados para centros de alta complexidade, como Ribeirão Preto (SP). Como os hospitais locais são dotados de tecnologia, com o tempo os procedimentos vão passar a ser realizados somente pelos profissionais em Dourados, à medida que ganharem experiência em cirurgias complexas.

Dr Luiz Carlos, de Ribeirão Preto, e Dr Luciano Rodrigues, de Dourados, realizaram cirurgias inéditas em Mato Grosso do Sul

Imagem mostra parte externa do implante coclear colocado em paciente adulto

Dr. Aldo, Dr Luiz Carlos e Dr Luciano

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