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quinta-feira, 28 de março de 2024

Preste atenção nos sinais que a boca dá para a saúde do organismo

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15/04/2014 17h43

A saúde bucal não pode e nem deve ser separada da saúde geral do organismo. Nossa boca é continuamente desafiada por infecções causadas por bactérias, vírus e fungos.

“Qualquer lesão na mucosa da boca pode ser contaminada por micro-organismos presentes na boca ou adquiridos de outras pessoas, aumentando o risco de doenças, desde uma DST até problemas circulatórios”, explica a dentista Amália Rodrigues Martins.

Afta, herpes, excesso de saburra e outros problemas de saúde, que começam na boca, podem denunciar que seu corpo pede cuidados.

A boca abriga uma grande quantidade de micro-organismos que residem na superfície dos dentes, nas próteses ou na própria mucosa, formando um ecossistema chamado biofilme, que nada mais é do que a conhecida placa bacteriana.

As bactérias podem causar doenças locais, como a cárie, a gengivite e a periodontite. Mas também podem desencadear problemas em outras partes do corpo.

“Elas podem penetrar nos tecidos e na corrente sanguínea, liberando substâncias tóxicas e estimulando uma inflamação e até uma infecção grave”, diz ela.

A seguir, a especialista mostra quais os alertas que sua boca dá e como preveni-los.

Saburra

Também conhecida por biofilme lingual, a saburra é composta por células descamadas, restos alimentares e bactérias no dorso da língua, podendo ter a coloração esbranquiçada, amarelada ou amarronzada.

A saburra lingual pode acontecer quando há a diminuição da produção de saliva ou a descamação de pele da mucosa bucal acima do normal.

Essa formação é mais intensa nas pessoas que estão com o fluxo salivar diminuído, o que pode acontecer em situações de estresse, ingestão de certos medicamentos, respiração bucal, ronco, uso de enxaguantes bucais com álcool, uso de aparelhos ortodônticos, entre outros.

“A diminuição do fluxo salivar é comum em diabéticos, a descamação da língua pode ser encontrada em pacientes com rinites ou sinusite”, ressalta a dentista Vivian Farfel, de São Paulo.

Fora as situações de estresse e ansiedade, que podem causar um aumento da viscosidade salivar, causando a saburra.

“A saburra é uma das principais causadoras do mau hálito”, explica a dentista Amália Rodrigues Martins. Ela explica que as bactérias presentes na saburra vão degradar proteínas, produzindo compostos sulfurados, responsáveis pelo mau hálito.

Além disso, entre as bactérias presentes na saburra lingual estão algumas espécies capazes de causar doenças como a gastrite, pneumonia, endocardite bacteriana, parada cardíaca, acidente vascular cerebral e a doença periodontal.

“A saburra também pode ser o sinal de doenças mais graves, como escarlatina, icterícia e deficiência grave de vitaminas do complexo B”, afirma a dentista Vivian.

A escovação dos dentes e a limpeza diária da língua são importantes para a eliminação desses micro-organismos.

A higienização deve ser feita com a escova de dente e raspadores ou limpadores de língua. Se mesmo com a limpeza adequada os sintomas persistirem, procure um profissional em odontologia e exponha seu problema.

Feridas e bolhas

Muitas pessoas sofrem com bolhas na boca, que podem ser encontradas em todas as faixas etárias. Podem ocorrer em qualquer região no interior da boca – lábios, língua ou ao longo dos cantos da boca.

“As bolhas podem ser causadas por doença inflamatória do intestino, reações alérgicas a certos alimentos, fármacos e produtos químicos, dermatite de contato, impetigo, estresse e queda de imunidade”, explica o gastroenterologista Eduardo Berger, de São Paulo.

Já as feridas na boca comumente são causadas por aparelhos ortodônticos, ingestão de alimentos ácidos, tabaco de mascar, mordidas na gengiva ou lábios, dentes quebrados e queimaduras.

Há também aquelas feridinhas e pequenas bolhas que marcam presença nas situações de estresse e aparentemente não têm causa específica. No entanto, elas podem ser um sintoma de herpes, doença causada por variações do vírus Herpesvirus hominis (HVH). A herpes é uma doença contagiosa, cuja transmissão ocorre geralmente na infância.

O que acontece é que, após o contágio inicial, o vírus fica latente no organismo, podendo se manifestar em intervalos variáveis, principalmente na puberdade e vida adulta.

“Entre os fatores relacionados com as recorrências de herpes podemos citar a exposição excessiva ao sol ou a radiação ultravioleta, temperaturas baixas, febre, infecções, estresse físico ou mental, distúrbios gastrointestinais, gripes, resfriados, menstruação, gravidez e uso de corticoides”, explica a dentista Amália.

Sendo que nas pessoas com deficiências imunológicas, a doença pode causar sérias complicações, pois o organismo tem a resistência muito baixa, ficando mais vulnerável a infecções.

O ideal é procurar atendimento assim que aparecerem os primeiros sinais: coceira, irritação e inflamação acompanhada das feridas e bolhas.

Se você suspeita de herpes, é importante procurar um médico e seguir alguns cuidados especialistas, como não tocar na ferida, beijar pessoas ou ter relações sexuais orais. Evite também compartilhar objetos como copos e garrafas.

“Se tocar nas feridas, lave as mãos imediatamente com água e sabão, uma vez que a manipulação das lesões pode levar à contaminação de outras regiões, como pele, olhos e área genital”, afirma Amália. Além disso, as bolhas rompidas liberam líquido altamente infectante.

É preciso secar a região com gaze ou lenços descartáveis. As lesões também podem ser lavadas com água e sabão.

Aftas

As feridas branco-amareladas com contorno avermelhado que aparecem na língua, lábios, parte interna das bochechas e garganta são lesões extremamente dolorosas. No geral, as aftas desaparecem em uma ou duas semanas sem deixar cicatriz.

“Porém, algumas pessoas apresentam aftas grandes, que demoram até seis semanas para cicatrizarem em função da imunidade baixa”, explica o gastroenterologista Eduardo.

Muito comuns em pré-adolescentes, adolescentes e adultos jovens, as aftas não são contagiosas, e as causas para a sua formação não são completamente conhecidas – é sabido que elas estão relacionadas com um sistema imunológico deficiente.

No entanto, aftas recorrentes assim como apresentar muitas aftas ao mesmo tempo são casos que precisam ser investigados por um médico.

Segundo o especialista, fatores como o estresse, alterações hormonais, alergias a alimentos, traumas físicos causados por mordidas, alimentos pontiagudos, certos tratamentos de quimioterapia, medicações, hérnia de hiato com refluxo esofagiano e consumo de alimentos ácidos podem levar ao surgimento das aftas.

Não existe nenhum tratamento definitivo para essas feridas, pois nenhuma substância cura a lesão de um dia para outro.

Para minimizar a dor, o ideal é evitar alimentos muito temperados, salgados e ácidos. Outros tratamentos paliativos são pomadas a base de corticoides tópicos em formulações próprias para o uso na mucosa oral.

No entanto, o gastroenterologista Eduardo diz que essas medidas são tomadas apenas para acelerar o processo de cicatrização ou evitar a dor, uma vez que elas tendem a desaparecer. “É importante também manter a higiene do local, usando um cotonete com soro fisiológico ou então apenas água”, completa.

Manchas brancas e feridas que não cicatrizam

“Toda lesão que não cicatriza em duas semanas tem que ser rapidamente diagnosticada”, alerta a dentista Eliana Avelãs, especialista do Portal Minha Vida.

Segundo a especialista, feridas que não cicatrizam podem ser um sinal de câncer de boca. “Também podem surgir lesões superficiais e indolores, que sangram ou não, e manchas esbranquiçadas nos lábios ou na mucosa bucal”, completa a dentista Vivian.

O câncer bucal pode afetar a mucosa bucal, gengivas, o céu da boca, língua, assoalho da boca, o céu da boca e os lábios. Em seu estágio avançado, a doença caracteriza-se pela dificuldade no falar, mastigar e engolir e até o emagrecimento acentuado, dor e presença de caroço no pescoço.

Entre os fatores de risco para a doença estão tabagismo, uso do álcool, exposição solar exagerada, má higiene bucal e uso de próteses dentárias mal ajustadas.

“Além do controle dos fatores de risco, o autoexame e controle profissional realizado por um dentista são fundamentais na prevenção da doença”, alerta a dentista.

Mau hálito

A principal causa de mau hálito é a má higiene bucal, que causa formação de saburra na língua. “Entretanto, doenças como gengivite e outras inflamações na via oral também estão entre causas mais frequentes de halitose, uma vez que são consequência da falta de higiene bucal”, explica o gastroenterologista Guilherme Andrade, do Hospital 9 de Julho.

Doenças como gastrite por Helicobacter pylori e refluxo gastroesofágico também geram o mau hálito, assim como as doenças do trato respiratório superior, por exemplo sinusite, rinite alérgica, amidalite e laringite – essas últimas geram um odor de muco, por conta da concentração de catarro.

Outras doenças podem causar o mau hálito, como diabetes, insuficiência hepática, insuficiência renal, câncer de estômago e insuficiência cardíaca. Se você quiser ler mais informações sobre o assunto, leia aqui sobre as doenças que causam mau hálito.

Verrugas

Caracterizadas por pequenos crescimentos não dolorosos na pele, as verrugas podem ser inofensivas. Entretanto, elas podem ser um indicativo de HPV, o Papilomavirus humano.

“O principal sintoma do HPV são as verrugas achatadas e esbranquiçadas, com um formato bem peculiar de ‘crista de galo'”, afirma a dentista Vivian Farfel. As verrugas decorrentes do HPV podem aparecer nas pontas das papilas da gengiva, na língua, bochecha, garganta e no palato.

Caso você suspeite de HPV, procure um médico ou dentista para que ele possa examinar o local e encaminhar você para fazer os exames necessários.

A doença pode ficar latente no corpo durante muitos anos, sem apresentar qualquer sintoma, e a principal via de transmissão é sexual. Se não for tratado, o HPV bucal pode causar sérias complicações, como câncer de garganta.

Boca seca

Existem algumas doenças autoimunes que podem deixar a boca seca, como síndrome de Sjögren, diabetes tipo 1, esclerose múltipla, esclerodermia, psoríase e doença inflamatória intestinal.

Segundo a dentista Vivian Farfel, a xerostomia (boca seca) pode também pode ser uma consequência de deficiências nutricionais, como a falta de vitamina A ou B2.

“Hipotireoidismo, sarcoidose, depressão, ansiedade, amiloidose, fibromialgia, miastenia gravis, neuropatia autonômica, bruxismo e infecção pelo HIV também são doenças que tem como consequência a xerostomia”, afirma a dentista Eliana.

Radioterapia na região de cabeça e pescoço pode ter a boca seca como efeito colateral, mas isso deve ser acompanhado com o médico oncologista ou radioterapeuta. Caso você sofra com a xerostomia de forma persistente e sem motivo aparente, procure um dentista para avaliar a causa e buscar um tratamento.

Gengiva inflamada

De acordo com Eliana Avelãs, as inflamações na gengiva também merecem atenção, uma vez que podem indicar desde traumas até infecções.

Alguns medicamentos, como fenitoína, ciclosporina e bloqueadores dos canais de cálcio podem causar inflamações na gengiva – caso tenha dúvidas, converse com seu médico sobre esses efeitos. Além disso, afirma a dentista, condições hormonais como gravidez, menopausa e uso de anticoncepcionais também pode agravar a gengivite.

“Caso a inflamação venha acompanhada de outros sintomas, como sangramentos e crescimentos anormais, procure um profissional para investigar o problema”, afirma.

Faça o autoexame da boca

A finalidade do exame é identificar anormalidades existentes na mucosa bucal, que alertem a pessoa que o organismo não anda bem e a façam procurar um dentista ou um medico.

O que procurar:

Mudanças na aparência dos lábios e parte interna da boca

Endurecimentos

Caroços

Feridas

Sangramentos

Inchações

Áreas dormentes

Dentes amolecidos ou quebrados

Siga o passo a passo para fazer o autoexame da boca:

Lave bem a boca e remova as próteses dentarias, se for o caso.

De frente para o espelho, observe a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algum sinal que não tenha notado antes. Toque suavemente, com a ponta dos dedos, todo o rosto.

Puxe com os dedos o lábio inferior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa). Em seguida, apalpe todo o lábio. Puxe o lábio superior para cima e repita a palpação.

Com a ponta de um dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da mesma. Faça isso nos dois lados.

Com a ponta de um dedo indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior.

Introduza o dedo indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do queixo e procure palpar todo o assoalho da boca.

Incline a cabeça para trás, e abrindo a boca o máximo possível examine atentamente o céu da boca. Apalpe com um dedo indicador todo o céu da boca, em seguida diga “AAAA” e observe o fundo da garganta.

Ponha a língua para fora e observe a sua parte de cima. Repita a observação com a língua levantada até o céu da boca. Em seguida, puxando a língua para a esquerda, observe o lado direito da mesma. Repita o procedimento para o lado esquerdo, puxando a língua para a direita.

Estique a língua para fora, segurando-a com um pedaço de gaze ou pano, e apalpe toda a sua extensão com os dedos indicadores e polegar da outra mão.

Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se a diferença entre eles. Depois, apalpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o procedimento para o lado direito, apalpando-o com a mão esquerda. Veja se existem caroços ou áreas endurecidas.

Finalmente, introduza um dos polegares por debaixo do queixo e apalpe suavemente todo o seu contorno inferior. (Minha Vida)

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