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quinta-feira, 28 de março de 2024

Compartilhamento de cuidados com casa e filhos ainda é nó na igualdade de gênero

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26/05/2015 17h00

O compartilhamento das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos é um nó na igualdade entre homens e mulheres.

A afirmação é da especialista em políticas públicas do Instituto de Polícia Econômica Aplicada (Ipea) Natália Fontoura durante debate, na sexta-feira (22), sobre “Os desafios da maternidade e da paternidade no trabalho”.

O evento foi uma promoção conjunta da Procuradoria Especial da Mulher e do Comitê pela Igualdade de Gênero do Senado.

A divisão sexual do trabalho começa muito cedo. A jornada de trabalho remunerada da mulher é menor que a do homem, mas, quando somada aos afazeres domésticos, sua carga de trabalho superar as 60 horas semanais — disse Natália.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013, citados pela especialista, revelam que 90% das mulheres declaram se dedicar a tarefas da casa, compromisso assumido por 50% dos homens ouvidos.

Quanto ao número de horas empenhado na missão, as mulheres despontam com 25 horas semanais, enquanto os homens ficam bem atrás, com 11 horas semanais em média.

Outro fato preocupante destacado por Natália é a dedicação de quase seis horas semanais ao trabalho doméstico por meninas de 5 a 9 anos (quase 19% desta faixa etária), exigência também enfrentada por 11 % dos meninos nesta idade, que cumprem, em média, cinco horas semanais de serviços em casa.

A especialista do Ipea adiantou ainda que a próxima Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) deverá inovar a questão ao estabelecer distinção clara entre tarefas domésticas e cuidados com crianças e idosos da família.

Trabalho invisível

A psicóloga Glaucia Diniz, professora da Universidade de Brasília (UnB), também concorda que a divisão sexual do trabalho permanece praticamente inalterada.

A sociedade fica atenta ao trabalho visível e remunerado, enquanto o invisível (no ambiente doméstico) e não remunerado, é desvalorizado — afirmou Glaucia.

Frente aos desafios da maternidade e paternidade saudáveis, a professora da UnB acredita ser necessária uma parceria saudável entre homens e mulheres, que deixe de lado a evocação das “famosas” diferenças de gênero. Ao mesmo tempo, questionou o projeto da maternidade como algo natural a todas as mulheres.

Será que todas as mulheres querem ser mães? Hoje, vivemos uma contradição entre a idealização de ser mãe e a culpa (de não ser), que vai impactar na saúde mental das mulheres — advertiu Glaucia.

Blog

A questão da responsabilidade compartilhada entre homens e mulheres – demanda reforçada pela chegada da maternidade – foi defendida ainda pela pesquisadora Gabriela Azevedo, mestranda da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.

Seria necessária a transformação do modelo de cuidados a partir da maternidade para se compreender que essa não é uma tarefa exclusiva da mulher, chamando o homem a assumir sua parcela de responsabilidade — argumentou Gabriela.

Para ilustrar a total possibilidade de maior participação masculina nos cuidados com os filhos, a mestranda da PUC citou postagem do blog Turno do Dia (relatos de um pai que trocou o horário de trabalho para cuidar do filho) em que ele constata que 64,60% das tarefas realizadas com um bebê podem ser cumpridas por um homem com emprego regular.
(Agência Senado)

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