22.5 C
Dourados
quinta-feira, 25 de abril de 2024

Diversos fatores impactaram para a elevação dos gastos na produção de cana

- Publicidade -

13/04/2014 10h00

Diversos fatores impactaram para a elevação dos gastos na produção de cana, etanol e açúcar

Mão de obra, aplicação de herbicidas, diesel, manutenção industrial e peças e serviços de maquinários são fatores que impactam os custos agrícolas e industriais no setor sucroenergético.

Dados da PwC revelam que na safra 2012/2013 os custos de produção da atividade diminuíram em relação à safra passada em função de seis fatores – aumento na produtividade agrícola, redução na ociosidade industrial, diminuição no preço da tonelada de cana, redução nos custos com CCT, queda nos custos de tratos de cana soca e custos menores com a formação do canavial.

No entanto, especialistas alertam que tudo isso ainda não é suficiente para gerar uma alta rentabilidade e atratividade para as usinas em relação a outros setores da economia. “A rentabilidade também depende de bons preços, o que não temos visto nesta safra.

O preço do açúcar caiu 12% no mercado interno desde a última safra e, mesmo com o preço do etanol 5% mais alto, o cenário não é de boa rentabilidade para as usinas”, ressalta José Rezende, líder PwC da Indústria de Agribusiness.

No entanto, se a avaliação for maior, ou seja, observando as últimas oito safras, o resultado é diferente. O diretor da Sucrotec, Francisco Oscar Louro Fernandes, apresenta que nas três últimas safras o custo no setor sucroenergético ficou 19% acima da média das cinco safras imediatamente anteriores, já descontado o efeito da inflação do período.

A avaliação foi feita pela Sucrotec, empresa que há mais de 18 anos atua na avaliação do desempenho econômico e financeiro do segmento.

Ele reforça que, caso os custos de produção tivessem seguido a evolução da inflação média do Brasil, seria de se esperar que o custo corrigido permanecesse relativamente estável. Mas já que não foi dessa forma, a explicação para o aumento tem três dimensões.

A primeira, informa, é que alguns itens importantes que compõe o custo de produção do setor subiram acima da inflação média do período.

“Podemos destacar os adubos e fertilizantes, que aumentaram 9% acima do IGP-DI, o custo da mão de obra que aumentou 3% acima da inflação e, principalmente, o arrendamento de terras, cujo preço aumentou 22% acima da inflação no estado de São Paulo”.

Em segundo lugar, o aumento dos preços do açúcar e do etanol, 16% acima do IGP-DI, também elevou os custos, na medida em que quase 40% da cana das usinas é adquirida de terceiros, cujo preço é baseado nos preços dos produtos, assim como os arrendamentos de terras.

Já em terceiro na lista está a queda na produtividade agrícola e industrial. Francisco diz que entre 2006/07 e 2010/11 a média do rendimento agrícola foi de 93,1 toneladas de cana por hectare no acompanhamento da Sucrotec e no período de 2011/12 a 2013/14 foi de 80,9 toneladas por hectare. “Ou seja, a produtividade agrícola caiu 13,1%”.

Considerando a produtividade industrial, a média produzida foi de 133,2 kg de ATR por tonelada de cana entre 2006/07 e 2010/11 e 127,6kg de ATR entre 2011/12 a 2013/14, outra queda de 4,2%.

Somadas as duas reduções, as usinas deixaram de produzir duas toneladas de ATR por cada hectare de terra quando se comparam estes dois períodos.

Para concluir o raciocínio, o aumento nos preços dos insumos não foram suficientes para explicar o aumento dos custos de produção.

“Uma grande parte da explicação está na queda da produtividade agrícola e industrial. Hoje está se gastando mais para arrendar, plantar e tratar um hectare de terra de cana, mas estamos colhendo menos cana em quantidade e essa cana está chegando na usina com menos açúcar que a cinco anos atrás.”

Frequente

O diretor da Sucrotec, Francisco Oscar Louro Fernandes, acrescenta que é preciso ter em mente que uma vez montada a indústria, o gasto agrícola representa cerca de 40% do desembolso operacional total de uma usina na safra.

“Se somarmos o gasto com cana de fornecedores com 25% e arrendamentos com 10%, chegamos à conclusão que são gastos 75% do total apenas para obter a matéria-prima, no caso a cana-de-açúcar, necessária para a produção de açúcar e etanol”.

Do restante, 15% representam o custo industrial e 10% o custo de administração mais imposto de renda. “Fica claro que os maiores ganhos em termos de retorno financeiro serão obtidos se as empresas conseguirem reduzir os custos da obtenção da matéria-prima.

Isto pode ser conseguido não só pela redução dos gastos em dinheiro, mas também pelo aumento da produtividade no campo e da concentração de açúcares na planta.”

‘De olhos bem abertos’

Um caminho para evitar o aumento dos custos de produção da cana-de-açúcar, etanol e açúcar é o aprimoramento da gestão operacional e financeira das usinas, para que sejam mais eficientes na redução e controle de gastos.

De acordo com o líder da PwC da Indústria de Agribusiness, José Rezende, para que isso ocorra é preciso melhorar a gestão na área agrícola, visando reduzir e perdas e aumentar o desempenho e a produtividade agrícola; otimizar os estoques da empresa, atentando às entradas, saídas e estoques diários de materiais, com a finalidade de reduzir gastos nesta área; realização de compras estratégicas para reduzir os custos com insumos; criação de um sistema de custeio que promova a assertividade e a consistência das informações de custo para a tomada de decisões; gestão de riscos e controles nas áreas agrícola, industrial e administrativa; recuperação financeira e renegociação de dívidas com os bancos, com foco em alongar o perfil da dívida e reduzir taxas de juros.

A utilização e captação de recursos financeiros de forma mais eficiente e em melhores condições; promoção de políticas de recursos humanos, com plano de cargos e salários bem definidos, de acordo com as boas práticas deste mercado; acompanhamento dos custos médios experimentados por outras propriedades/usinas da região, para avaliar se os seus custos condizem com a realidade do mercado (benchmarking) são outras formas de reduzir os custos de produção.

Para o diretor da Sucrotec, na prática, o produtor e o industrial precisam ficar de ‘olhos bem abertos’. Com a queda nos preços do açúcar nos últimos dois anos, os produtores têm de refazer as contas e verificar a viabilidade econômica de alguns arrendamentos de terras que foram realizados de três a cinco anos atrás.

“Localidades com produtividade insuficiente e mais distantes da planta de produção podem não oferecer retorno econômico com os preços atuais e precisarão ter suas bases contratuais rediscutidas ou simplesmente ser devolvidas no vencimento do contrato”, afirma.

Ele lista que um trabalho que precisa ser feito tanto no âmbito das empresas como dos fornecedores de equipamentos e entidades de pesquisa é a melhoria da eficiência das máquinas e sistemas de plantio e colheita.

Já está claro que a urgência na implantação da colheita mecanizada trouxe uma redução na eficiência global do sistema de ponta a ponta.

Será preciso um esforço conjunto para melhorar desde as variedades de cana mais adaptadas aos sistemas mecanizados de plantio e colheita, passando pela evolução dos sistemas de operação e controle, além da adaptação das plantas industriais para receber uma matéria-prima com mais impurezas minerais e vegetais sem perder eficiência.
(Canal-Jornal da Bioenergia)

Veja também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Verified by MonsterInsights