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quinta-feira, 28 de março de 2024

Greve provoca desabastecimento e prejuízos

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25/02/2015 10h28 – Atualizado em 25/02/2015 10h28

Greve dos caminhoneiros provoca desabastecimento e prejuízos

Flavio Verão

A greve dos caminhoneiros chega hoje ao quinto dia e afeta a produção e o abastecimento de algumas regiões do País. Ao todo, oito Estados registram rodovias fechadas pelos protestos da categoria. Com muitos caminhões parados na beira das estradas, setores do comércio, da alimentação e de combustíveis começam a ficar desabastecidos.

Em Mato Grosso do Sul, até o final da tarde de ontem, manifestantes paralisaram seis trechos. Quatro deles em Dourados, sendo um trecho da BR-463, entroncamento para Laguna Carapã, dois trechos da BR-163, saída para Fátima do Sul e Caarapó e, no Anel Viário, próximo à penitenciária estadual. Os demais bloqueios ocorreram na saída de Campo Grande para Terenos, no km 366, da BR-262, e no km 614, da BR-163, em São Gabriel do Oeste.

Motoristas enfrentam dificuldades para atravessar 69 pontos de 24 rodovias federais no País. Os Estados mais prejudicados são Santa Catarina, com 17 trechos bloqueados, o Rio Grande do Sul, com 15 pontos interditados, e Paraná, com 14 bloqueios. Nestes Estados o protesto começou no sábado, diferente de Mato Grosso do Sul, que iniciou na segunda-feira. As rodovias de Mato Grosso e Minas Gerais passaram a registrar, ontem, aumento no número de interdições causadas pelos caminhoneiros.

Ontem, em cada trecho bloqueado em Dourados a situação era diferente. Na região do Trevo da Bandeira, por exemplo, os veículos eram parados e liberados a cada cinco minutos. Já na saída para Fátima do Sul, motoristas de caminhões com carga eram obrigados a parar na faixa de acostamento e somente veículos pequenos, ônibus e viaturas oficiais tinham passagem.

Edson Vieira e Jorge dos Santos são moradores em Dourados, mas trabalham para uma fábrica de secos e molhados sediada em Cascavel, no Paraná. Na segunda-feira eles fretaram um caminhão-baú para distribuir mercadorias nas cidades sul-mato-grossenses Maracaju e Rio Brilhante, no entanto, a carga que deveria ser entregue ainda ontem pela manhã não foi possível, pois eles ficaram “presos” na barreira da BR-163, saída para Fátima do Sul.

Em Dourados a barreira nas rodovias tem início por volta das 7h e tem uma pausa por volta das 11h, retornando às 13h, prosseguindo até as 18h, quando é encerrada. Em alguns Estados, como Paraná e São Paulo, a paralisação é mais rígida e as rodovias ficam bloqueadas por um período maior.

Prejuízos

O protesto dos caminhoneiros, que pedem principalmente a redução do preço do diesel, não tem data para terminar. Enquanto aguardam uma posição do governo federal e dos governos estaduais, para reduzir impostos como ICMS, as rodovias continuam sendo bloqueadas e mercadorias que deveriam chegar a seus destinos estão estragando, principalmente aquelas que são perecíveis, como frutas e verduras.

A Frutaria Caxias do Sul, na região central de Dourados, já contabiliza perdas. Sexta-feira passada a empresa encomendou uma carga da região sul do país e já foi informada que os produtos já estão estragados na estrada, prejuízo de R$ 30 mil. “Temos que ver com o fornecedor se ele poderá dar um desconto porque nem ele e nem nós temos culpa da paralisação”, diz Rosangela Busa, da Caxias do Sul.

Produtos como morango, brócolis e couve-flor praticamente desapareceram das prateleiras de mercados e frutarias em Dourados. No supermercado Big Bom, segundo o empresário Edson Dutra, até ontem a paralisação só afetou o setor de hortifruti, mas se o protesto continuar, outros setores, como da alimentação, poderão ficar desabastecidos. A maioria desses produtos vem de outros Estados.

Na Taurus distribuidora de Petróleo a situação não é diferente. A empresa, que tem pouco mais de 110 postos espalhados por diferentes cidades de Mato Grosso do Sul, encontra dificuldade na hora de coletar combustíveis nas bases de apoio de Paulínia (SP), Ribeirão Preto (SP) e principalmente em Araucária (PR). Muitos veículos da Taurus estão parados nas rodovias. Em Campo Grande, ontem, onde a empresa tem uma filial (a matriz fica em Dourados), os caminhões ficaram impedidos de distribuir combustível na própria cidade. Isso porque a empresa fica localizada na rodovia onde ocorreu o protesto.

Já em Dourados a Taurus consegue encontrar rotas alternativas para distribuir combustíveis. “Por enquanto a situação não é tão preocupante, mas, se continuar, teremos problemas de desabastecimento”, diz Mauro Sérgio Piveta, gestor comercial da Taurus.

No Paraná, postos de combustíveis de cidades do interior já estão desabastecidos e em alguns casos, a escassez do produto fez com que alguns estabelecimentos elevassem o preço. Em Arapongas, na região norte do Paraná, postos estão cobrando R$ 4,50 pelo litro da gasolina.

A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou na Justiça Federal com pedido de liberação das rodovias bloqueadas em todo o País. De acordo com a AGU, a medida tem o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. Até ontem à tarde, segundo o órgão, ainda não houve decisão da Justiça. A Advocacia da União informa ainda que pediu autorização da Justiça para que o Poder Público adote “as medidas necessárias para garantir a circulação nas pistas e a fixação de multa de R$ 100 mil para cada hora em que os manifestantes se recusarem a liberar o tráfego”.

Com muitos caminhões parados na beira das estradas, setores do comércio, da alimentação e de combustíveis começam a ficar desabastecidos. (Foto: Hédio Fazan)

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