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quinta-feira, 28 de março de 2024

Oferta e demanda ajustadas remuneram suinocultor

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13/07/2014 10h43

Os suinocultores brasileiros vivem um momento de boa rentabilidade na atividade e, melhor, com perspectivas positivas até pelo menos o fim de 2014.

s presidentes de associações estaduais com maior produção e da própria Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) concordam quanto a este bom cenário para o setor, mas alertam: sempre é preciso cautela.

A analista do mercado de suínos do Cepea, Camila Ortelan, explica que a leitura dos representantes das entidades tem fundamentos no mercado, já que a média de preços pagos aos suinocultores no primeiro semestre deste ano é maior para o período nos últimos seis anos, se considerada a série nominal de preços.

Na comparação entre o início de julho de 2013 e o de 2014, segundo os Indicadores do Cepea, o valor recebido pelo o suinocultor subiu de R$ 2,90 para R$ 3,82 em Minas Gerais; R$ 2,35 para R$ 3,19 no Rio Grande do Sul; de R$ 2,45 para R$ 3,22 em Santa Catarina; e de R$ 2,80 para R$ 3,81 em São Paulo. Estes valores, segundo a metodologia do Cepea, já descontam o ICMS.

“Após anos de dificuldades, especialmente nos primeiros semestres, os suinocultores têm respirado mais aliviados em 2014. Sem considerar a inflação, a média do semestre é a maior desde 2008, quando a suinocultura nacional vivia um de seus melhores momentos.

Este ano, os produtores ainda contam com as quedas constantes nos preços do milho e farelo de soja ao longo do ano, o que favorece seu poder de compra frente a esses insumos”, analisa.

Os representantes das associações, por sua vez, destacam o ajuste entre oferta e demanda para explicar a sustentação dos preços. “Vivemos um bom momento e as perspectivas de melhora são grandes até porque não há sinais de mais alojamento ou novas plantas.

Estamos confiantes em um segundo semestre que vá remunerar. Aconselho que não façamos nenhuma loucura para manter alinhadas a oferta e a demanda. Este equilíbrio é a base da remuneração”, pontua o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.

Lopes, no entanto, chamou a atenção para dois outros pontos. O primeiro é o constante risco de embargos vindos por parte da Rússia, principal destino das exportações brasileiras do setor, e o segundo sobre a importância de ampliar a produção apenas a partir de uma demanda maior.

“A ABCS trabalha intensamente para ampliar o consumo de carne suína no Brasil e, nos últimos anos, foi este aumento que trouxe mais sustentação ao suinocultor já que as exportações estão no mesmo nível de anos atrás”, pondera.

O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, lembra que as melhoras nas relações de troca suíno vivo/insumos ocorreram apenas nas últimas semanas.

“O mercado está firme, com oferta e demanda ajustadas. Os preços devem se manter nas próximas semanas. O milho e o farelo também reduziram um pouco.

Mas o suíno que está sendo vendido hoje consumiu insumos com preços mais altos. Esta relação mais positiva é só para os animais que serão vendidos daqui a quatro ou cinco meses”, argumenta.

Folador também comentou sobre o mercado interno e a dependência de poucos países importadores. “Os preços para exportação estão muito bons.

A minha preocupação é que voltamos a ficar na mão de um único exportador que é a Rússia com quase 50% da demanda externa. Daqui a pouco eles podem impor outra restrição. Eles sempre criam algum motivo.

A cadeia deve ter este cuidado. Na verdade, a lista de países importadores está diminuindo e o volume patina há 10 anos. Temos que conseguir mais países”, defende.

O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio de Lorenzi, destacou a importância de o suinocultor realizar seu planejamento como empresário. “Quem cria no campo não pode mais ser um mero produtor.

Deve ser um empresário rural, que planeja o seu negócio. O mercado hoje está propício mas isso não quer dizer que o suinocultor deva aumentar o plantel. Se o momento é bom hoje não há regulamentação que garanta isso a não ser a oferta e demanda”, comenta.

Ele explica que, apenas pela melhora tecnológica nas últimas décadas, houve aumento expressivo na oferta. “Nos últimos 30 anos, ganhamos 20 quilos a mais de rendimento por carcaça além de um número maior de leitões por fêmea ano.

Somente isso já seria muito mais carne no mercado. Não vemos momento de aumentar plantel e, sim, eficiência”, acrescenta.

Com melhores preços pagos ao produtor, o presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira Júnior, aprofunda a análise com dados sobre a relação de troca entre o quilo do suíno vivo e os principais insumos da atividade que são o milho (R$ 25 a saca de 60 quilos) e o farelo de soja (R$ 950 a tonelada).

“Os preços começaram a realinhar em função da redução de oferta. As cotações de milho estão caindo e melhorando a relação de troca, que chegou a 9,4 quilos de milho por quilo de suíno vivo.

Mesmo assim, com farelo de soja, ainda não é favorável pois está em 4,15 quando o ponto de equilíbrio é 4,35.

Se houvesse mais alojamento, a carne chegaria ao mercado em fevereiro, depois de um semestre de muita indefinição com eleições e inflação. Não está claro o que vai acontecer na macroeconomia principalmente no primeiro semestre de 2015”, contextualiza.

Apesar disso, continua Ferreira, a expectativa para o próximo período é de preços internacionais atrativos pela menor oferta no segundo semestre, o que dá sustentação aos preços também no Brasil.

“A rentabilidade existe atualmente no setor. A oportunidade de capitalizar é agora. O ideal é usar isso para melhorar as granjas, ganhar produtividade e eficiência e não alojar mais animais”, sugere.

O diretor da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo, demonstra confiança para os próximos meses por fatores internos e externos.

“A exportação não foi forte no 1º semestre mas a expectativa é de melhorar no 2º semestre pelos problemas de doenças no leste europeu e nos EUA.

Além disso, milho com oito e farelo de soja acima de três mantém boas relações de troca em Minas Gerais. Estamos sentindo firmeza para que a atividade possa remunerar. Não vejo sinais de preocupação”, conclui.
(Rural Centro)

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