26.5 C
Dourados
quinta-feira, 28 de março de 2024

Lei que regulamenta atividade de desmanches de veículos entra em vigor

- Publicidade -

22/05/2015 07h28

Ontem quinta-feira (21), entrou em vigor a lei que regula e disciplina a atividade de desmontagem de veículos. A norma foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 21 de março de 2014, com prazo de um ano para entrar em vigor.

No entanto, até agora, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) ainda não publicou uma resolução para regulamentar as regras.

Cabe ao órgão, por exemplo, implementar um banco de dados que armazenará informações sobre as peças retiradas dos veículos e sua destinação. Além disso, deverá estabelecer os critérios para reutilização, reciclagem e rastreamento dos componentes.

Segundo a lei, os estabelecimentos deverão abastecer o banco de dados com informações sobre as peças removidas.

Os veículos poderão ser desmontados somente depois que for dada a baixa junto ao Detran (Departamento de Trânsito).

Os desmanches deverão ser registrados junto ao órgão de trânsito, possuir alvará de funcionamento e estar regular no Registro Público de Empresas.

De acordo com o assessor de segurança da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), coronel Paulo Roberto de Souza, a norma deve ajudar no combate ao furto e roubo de cargas e veículos.

“Quando desmanchadas, as peças entram numa cadeia controlada, e aquilo que não se aproveita é encaminhado para um local seguro, do ponto de vista ambiental. Você controla o estabelecimento e o fluxo das peças”.

Conforme ele, uma legislação semelhante que passou a vigorar em agosto de 2014, em São Paulo, já resultou no fechamento de mais de 600 desmanches irregulares, e os reflexos já aparecem na redução dos furtos de veículos.

Conforme a assessoria de comunicação do Ministério das Cidades, o assunto foi tratado na Câmara Temática de Assuntos Veiculares, já foi analisado pelo Contran e está pronto para ser publicado no Diário Oficial da União.

As empresas que descumprirem as exigências deverão pagar multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Em caso de reincidência no período de um ano, o valor da multa aplicada dobrará.

Se as penalidades, somadas, ultrapassarem os R$ 20 mil em 12 meses, o desmanche não poderá receber veículos por três meses. Em caso de descumprimento, o local será interditado e terá o alvará de funcionamento cassado.

Integra da lei

Presidência da República / Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.977, DE 20 DE MAIO DE 2014.

Vigência

Regula e disciplina a atividade de desmontagem de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

(Art. 1o) Esta Lei regula e disciplina a atividade de desmontagem de veículos automotores terrestres sujeitos a registro nos termos da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

(I) – desmontagem: a atividade de desmonte ou destruição de veículo, seguida da destinação das peças ou conjunto de peças usadas para reposição, sucata ou outra destinação final; e

(II) – empresa de desmontagem: o empresário individual ou sociedade empresária que realize as atividades previstas nesta Lei.

(rt. 3o) A atividade de desmontagem somente poderá ser realizada por empresa de desmontagem registrada perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal em que atuar.

(Art. 4o) O funcionamento e o registro de que trata o art. 3o estão condicionados à comprovação pela empresa de desmontagem dos seguintes requisitos:

(I) – dedicar-se exclusivamente às atividades reguladas por esta Lei;

(II) – possuir unidade de desmontagem dos veículos isolada, fisicamente, de qualquer outra atividade;

(III) – estar regular perante o Registro Público de Empresas, inclusive quanto à nomeação dos administradores;

(IV) – ter inscrição nos órgãos fazendários; e

(V) – possuir alvará de funcionamento expedido pela autoridade local.

(§ 1o) O órgão de trânsito competente, no prazo de 15 (quinze) dias do protocolo do pedido, analisará o pleito e concederá ou negará o registro, especificando, neste caso, os dispositivos desta Lei e das normas do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN pendentes de atendimento.

(§ 2o) Toda alteração de endereço ou abertura de nova unidade de desmontagem exige complementação do registro perante o órgão de trânsito.

(§ 3o) A alteração dos administradores deverá ser comunicada, no prazo de 10 (dez) dias úteis, ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal.

(§ 4o) Após a concessão do registro, o órgão executivo de trânsito expedirá documento, padronizado e numerado conforme as normas do Contran, comprobatório do registro da unidade de desmontagem, que deverá ficar exposto no estabelecimento em local visível para o público.

§ 5o O registro terá a validade de:

(I) – 1 (um) ano, na 1a (primeira) vez; e

(II) – 5 (cinco) anos, a partir da 1a (primeira) renovação.

(§ 6o) É obrigatória a fiscalização in loco pelo órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal antes da concessão, da complementação ou da renovação do registro, assim como a realização de fiscalizações periódicas, independentemente de comunicação prévia.

(§ 7o) Na fiscalização in loco, o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal deverá aferir, entre outros elementos, a conformidade da estrutura e das atividades de cada oficina de desmontagem com as normas do Contran.

(Art. 5o) A atividade de desmontagem será exercida em regime de livre concorrência.

Parágrafo único. É vedado aos entes públicos:

(I) – fixar preços de atividades relacionadas com a desmontagem;

(II) – limitar o número de empresas ou o número de locais em que a atividade referida no caput pode ser exercida; e

(III) – estabelecer regra de exclusividade territorial.

(Art. 6o) A empresa de desmontagem deverá emitir a nota fiscal de entrada do veículo no ato de ingresso nas dependências da empresa.

(Art. 7o) O veículo somente poderá ser desmontado depois de expedida a certidão de baixa do registro, nos termos do art. 126 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro.

(Parágrafo único). A certidão de baixa do registro do veículo deverá ser requerida no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis do ato de ingresso nas dependências da empresa de desmontagem.

Art. 8o O veículo deverá ser totalmente desmontado ou receber modificações que o deixem totalmente sem condições de voltar a circular no prazo de 10 (dez) dias úteis após o ingresso nas dependências da unidade de desmontagem ou, conforme o caso, após a baixa do registro.

(§ 1o) A empresa de desmontagem comunicará ao órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, no prazo de até 3 (três) dias úteis, a desmontagem ou a inutilização do veículo.

(§ 2o) A unidade de desmontagem ou, no caso de encerramento das atividades da unidade específica, a empresa de desmontagem deverá manter em arquivo, pelo prazo de 10 (dez) anos, as certidões de baixa dos veículos ali desmontados.

(Art. 9o) Realizada a desmontagem do veículo, a empresa de desmontagem deverá, em até 5 (cinco) dias úteis, registrar no banco de dados de que trata o art. 11 as peças ou conjuntos de peças usadas que serão destinados à reutilização, inserindo no banco de dados todas as informações cadastrais exigidas pelo Contran.

(Art. 10). Somente poderão ser destinadas à reposição as peças ou conjunto de peças usadas que atendam as exigências técnicas necessárias para sua reutilização, nos termos das normas do Contran.

( 1o) As normas do Contran deverão prever, entre outros elementos:

(I) – os requisitos de segurança;

(II) – o rol de peças ou conjunto de peças que não poderão ser destinados à reposição;

(III) – os parâmetros e os critérios para a verificação das condições da peça ou conjunto de peças usadas para fins de reutilização; e

(IV) – a forma de rastreabilidade.

(§ 2o) As peças ou conjunto de peças que não atenderem o disposto neste artigo serão destinados a sucata ou terão outra destinação final definida no prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis da desmontagem do veículo do qual procedam, observadas, no que couber, as disposições do art. 17 desta Lei.

(§ 3o) É permitida a realização de reparos ou de pintura para a adequação das peças às condições de reutilização.

(§ 4o) É vedada a comercialização de qualquer tipo de peça ou conjunto de peças novas pela empresa de desmontagem.

(Art. 11). Fica criado o banco de dados nacional de informações de veículos desmontados e das atividades exercidas pelos empresários individuais ou sociedades empresárias, na forma desta Lei, no qual serão registrados as peças ou conjuntos de peças usadas destinados a reposição e as partes destinadas a sucata ou outra destinação final.

(§ 1o) A implementação e a gestão do banco de dados de que trata o caput são da competência do órgão executivo de trânsito da União.

(§ 2o) Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal terão participação no fornecimento de informações para o banco de dados.

(§ 3o) O acesso dos órgãos de segurança pública às informações constantes do banco de dados de que trata este artigo independe de ordem judicial.

(§ 4o) O Contran normatizará a implementação, a gestão, a alimentação e os níveis de acesso ao banco de dados de que trata este artigo.

(§ 5o) As informações cadastrais das empresas de desmontagem e das respectivas unidades de desmontagem serão divulgadas na internet pelos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal em que se situem oficinas de desmontagem.

(Art. 12). A oferta e a apresentação de peças, conjuntos de peças ou serviços que incluam, total ou parcialmente, peças oriundas de desmontagem devem assegurar ao adquirente informações claras e suficientes acerca da procedência e das condições do produto.

(Art. 13). Aquele que exercer suas atividades em desacordo com o disposto nesta Lei, no caso de condenação em processo administrativo sancionador, estará sujeito à sanção administrativa de multa, na forma abaixo:

(I) – R$ 2.000,00 (dois mil reais) para as infrações leves;

II – R$ 4.000,00 (quatro mil re
ais) para infrações médias; e

(III) – R$ 8.000,00 (oito mil reais) para infrações graves.

(§ 1o) Aplica-se em dobro o valor da multa em caso de reincidência na mesma infração, no prazo de 1 (um) ano.

(§ 2o) As multas aplicadas contra empresários individuais, microempresas e empresas de pequeno porte terão desconto de 50% (cinquenta por cento), não considerado para os fins do § 3o deste artigo.

(§ 3o) O acúmulo, no prazo de 1 (um) ano da primeira infração, em multas que totalizem mais de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) acarretará a suspensão da possibilidade de recebimento de novos veículos, ou de parte de veículos, para desmonte pelo prazo de 3 (três) meses na unidade de desmontagem onde praticada a infração.

(§ 4o) Qualquer nova infração durante o período de suspensão do recebimento de novos veículos acarretará interdição e cassação do registro de funcionamento da empresa de desmontagem perante o órgão executivo de trânsito, permitido o requerimento de novo registro somente após o prazo de 2 (dois) anos.

(§ 5o) Será aplicada apenas uma multa por conduta infracional verificada na fiscalização, independentemente da quantidade de peças, conjunto de peças ou veículos envolvidos.

(§ 6o) O direito de ampla defesa e do contraditório contra a aplicação das sanções administrativas será exercido nos termos das normas do ente da federação respectivo.

Art. 14. São infrações leves:

(I) – a falta de comunicação ao órgão responsável, no prazo previsto nesta Lei, da realização de desmontagem de veículo automotor terrestre;

(II) – a não observância do prazo para a desmontagem ou de inutilização de qualquer veículo que dê entrada na empresa de desmontagem;

(III) – a não observância do prazo para o cadastro de peças e de conjunto de peças de reposição usadas e de partes destinadas a sucata no banco de dados de que trata o art. 11;

(IV) – o cadastro deficiente, incompleto, incorreto ou irregular de peça ou de conjunto de peças de reposição ou de partes destinadas a sucata no banco de dados previsto no art. 11;

(V) – a falta de destinação final das partes não destinadas à reutilização do veículo no prazo estabelecido no § 2o do art. 10;

(VI) – o não cumprimento, no prazo previsto nesta Lei, do disposto no § 3o do art. 4o; e

(VII) – o descumprimento de norma desta Lei ou do Contran para a qual não seja prevista sanção mais severa.

Art. 15. São infrações médias:

(I) – a não emissão imediata da nota fiscal de entrada de veículo automotor terrestre;

(II) – a falta de certidão de baixa de veículo desmontado na unidade de desmontagem arquivada na forma do § 2o do art. 8o; e

(III) – o exercício de outras atividades na área da oficina de desmontagem, ressalvado o disposto no inciso VI do art. 16.

Art. 16. São infrações graves:

(I) – o cadastramento, no sistema de que trata o art. 11, como destinadas à reposição, de peças ou conjunto de peças usadas que não ofereçam condições de segurança ou que não possam ser reutilizadas;

(II) – a alienação como destinada à reposição de peça ou conjunto de peças usadas sem o cadastramento de que trata o art. 9o;

(III) – a não indicação clara na alienação de que se trata de peça usada;

(IV) – a desmontagem de veículo automotor terrestre sem a emissão da nota fiscal de entrada ou antes da expedição da certidão de baixa do registro do veículo;

(V) – a comercialização de peça ou conjunto de peças de reposição em desacordo com o disposto no § 1o do art. 10;

(VI) – a realização de atividades de conserto de veículos, comercialização de peças novas ou de venda de veículos usados, no tocante a veículos sujeitos a registro nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, na área da oficina de desmontagem;

(VII) – a violação da proibição de recebimento de novos veículos ou de partes de veículos; e

(VIII) – a realização de desmontagem de veículo em local não registrado perante o órgão executivo de trânsito competente.

Parágrafo único. Na hipótese dos incisos VII e VIII, serão também realizadas a interdição do estabelecimento e a apreensão do material encontrado para futura aplicação da pena de perdimento.

(Art. 17). O atendimento do disposto nesta Lei pelo empresário individual ou sociedade empresária não afasta a necessidade de cumprimento das normas de natureza diversa aplicáveis e a sujeição às sanções decorrentes, inclusive no tocante a tratamento de resíduos e rejeitos dos veículos desmontados ou destruídos.

(Art. 18). O art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, passa a vigorar com a seguinte alteração:

(“Art. 126). O proprietário de veículo irrecuperável, ou destinado à desmontagem, deverá requerer a baixa do registro, no prazo e forma estabelecidos pelo Contran, vedada a remontagem do veículo sobre o mesmo chassi de forma a manter o registro anterior.

(Art. 19). As unidades de desmontagem de veículos já existentes antes da entrada em vigor desta Lei deverão adequar-se às suas disposições no prazo máximo de 3 (três) meses.

(Art. 20). Esta Lei entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial

Brasília, 20 de maio de 2014; 193o da Independência e 126o da República.

DILMA ROUSSEFF

José Eduardo Cardozo

Ricardo Schaefer

Gilberto Magalhães Occhi

Este texto não substitui o publicado no DOU de 21.5.2014.

(www.planalto.gov.br / Agência CNT de Notícias)

Marcelo Moura // Foto: Divulgação

Veja também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-