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sexta-feira, 29 de março de 2024

Cientistas devem abordar mais a agricultura nas negociações climáticas

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20/01/2012 13h52 – Atualizado em 20/01/2012 13h52

Contribuir efetivamente para o setor agrícola se adaptar às mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, diminuir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e aumentar a produtividade para atender à crescente demanda mundial por alimentos.

Estas são as principais diretrizes que a comunidade científica mundial deve adotar, levando-se em conta os tímidos avanços acerca do tema obtidos nas últimas conferências das Nações Unidas sobre o clima (COPs), segundo artigo publicado na edição de sexta-feira, 20 de janeiro, da revista Science.

A avaliação foi feita por um grupo de cientistas de diversos países, com participação brasileira.

Participam do artigo pesquisadores do Reino Unido, Índia, Austrália, México, França, Estados Unidos, China, Etiópia, África do Sul, Quênia, Vietnã e do Brasil, representado pelo secretário de políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre.

Na publicação, os autores convocam os cientistas a assumir um papel mais relevante para apoiar as decisões nas negociações climáticas da ONU em 2012, assegurando que os participantes estejam informados, com dados claros, sobre como as mudanças climáticas põem em risco a segurança alimentar e o que pode ser feito para evitar uma catástrofe.

Na avaliação deles, a 17ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-17), realizada ao final de 2011 em Durban, na África do Sul, representou um momento político muito oportuno para a criação de um programa de adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas na agricultura sob a direção do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico (SBSTA, na sigla em inglês) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Durante o encontro, os países participantes se comprometeram a se engajar no estabelecimento de um acordo legal até 2015 que possibilite reduzir as emissões globais dos gases de efeito estufa e começar a discutir como incluir a agricultura nas negociações de clima por meio de ações setoriais.

Entretanto, de acordo com os autores do artigo, as ações acordadas em Durban foram na linha da mitigação, seguida nas negociações da Convenção do Clima, que estão separadas das discussões sobre adaptação.

“Isso obscurece as oportunidades para a agricultura, que pode se beneficiar de ambos (a mitigação e adaptação) e leva à conclusão de que o foco na adaptação agrícola, que é uma prioridade para os países em desenvolvimento, será reduzido”, avaliaram.

Áreas da agricultura

Com base nos obstáculos e oportunidades surgidas em Durban e nas recomendações lançadas em novembro pela Comissão para Agricultura Sustentável e Mudanças Climáticas, criada por cientistas de seis continentes em março de 2011 para desenvolver recomendações políticas e adaptar o setor agrícola para as pressões ambientais, os autores sugerem no artigo áreas em que a comunidade científica poderia contribuir para avançar as negociações climáticas da ONU.

Entre as áreas estão “silvicultura e agricultura”, “novos sistemas de informação”, “financiamento climático” e “ações nacionais”.

“São necessárias mais pesquisas integradas, com foco sobre práticas agrícolas sustentáveis apropriadas para diferentes regiões, sistemas de cultivo e paisagens, particularmente nos sistemas sociecológicos mais vulneráveis”, destacam os pesquisadores.

De acordo com os autores, o objetivo é conseguir um espaço seguro de operação, onde os agricultores possam produzir alimentos suficientes para atender às necessidades globais, adaptando-se às mudanças climáticas e minimizando o impacto ambiental da produção agrícola.

O artigo também aponta que os cientistas podem ajudar com a identificação de oportunidades robustas de pesquisa de adaptação e mitigação agrícola com recursos do Fundo de Adaptação às Mudanças Climáticas, do Protocolo de Kyoto, do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e do Fundo Verde para o Clima, que investirá U$$ 100 bilhões por ano para mitigação e adaptação às mudanças climáticas em países em desenvolvimento.

Os autores destacam no artigo algumas práticas agrícolas alternativas, desenvolvidas em diferentes regiões do mundo, que se mostram promissoras para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo em que aumentam a produtividade.

Eles também esboçam diversas sugestões para a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e chamam os cientistas para começar a se envolver com a COP-18, que será realizada no final de 2012 no Qatar.

“Por meio da expansão do conhecimento de práticas agrícolas que podem proporcionar diversos benefícios e da ligação entre agricultura e silvicultura, os cientistas podem dar grandes contribuições para essas iniciativas”, concluíram.(Agência Fapesp. / EcoDesenvolvimento.org)

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