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terça-feira, 16 de abril de 2024

Etanol na gasolina: entrave para aumento da mistura é ambiental

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26/11/2014 11h26

O aumento do teor de etanol anidro na gasolina de 25% para 27,5% está enfrentado dificuldades para avançar principalmente por preocupações ambientais e com a saúde da população.

Informações apuradas pelo portal novaCana com uma fonte envolvida nas discussões revela que pelo menos três órgãos governamentais, dois deles federais e um estadual estão se posicionando contra a nova mistura.

Segundo o relato, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) fazem oposição à proposta do setor sucroalcooleiro.

O problema é que, apesar do aumento do percentual de etanol reduzir algumas emissões, ele aumenta outras, especialmente o óxido de nitrogênio (NOx) e os aldeídos (CHO).

Os testes realizados indicaram também que o problema é complexo e não há um comportamento padrão, existindo muita variação de veículo para veículo.

Apesar destas dúvidas em relação ao aumento das emissões e da resistência das três instituições, o governo federal ainda não decidiu qual peso dará às posições contrárias.

De acordo com o presidente do Sindaçúcar de Pernambuco, Renato Cunha, a mesa tripartite fará uma reunião terça-feira (24) e deve ser definido um novo encontro na Casa Civil para tratar da questão, possivelmente nesta quinta ou sexta-feira.

Na última quinta-feira (20) o resultado dos testes foi apresentado a representantes do governo, setor produtivo e da Anfavea, mas não houve uma definição.

Durante a Conferência da Datagro, realizada em outubro, o técnico do Inmetro, Fábio Real, afirmou que a decisão sobre o aumento da mistura seria “mais política do que técnica”.

A declaração causou mal-estar à Unica. Na ocasião, a presidente Elizabeth Farina se manifestou contrária a afirmação e disse que os resultados oficiais deveriam ser aguardados antes que se fizesse qualquer “suposição” acerca do tema.

Posições oficiais

O presidente do Sindaçúcar de Pernambuco, Renato Cunha, que representou o Fórum Nacional Sucroenergético na última reunião, disse desconhecer a oposição dos órgãos ambientais.

“A Cetesb é de São Paulo e a mistura é para o país inteiro”, rebateu. Cunha afirmou ainda que os testes comprovaram a “redução de CO, CO2 e de hidrocarbonetos, o que é bom para o meio ambiente”, sem mencionar as demais emissões.

O aumento da mistura para 27,5% já foi sancionado por lei, no fim de setembro, mas a adoção do novo teor de anidro depende da viabilidade técnica.

O Ibama como é subordinado ao MMA informou que não se manifesta diretamente sobre o tema. O MMA e a Cetesb foram procurados para se posicionar sobre o aumento da mistura, mas não responderam até o fechamento desta matéria.

O debate das emissões

No início do debate sobre o assunto, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, afirmou que a elevação da mistura traria prejuízos aos motores movidos à gasolina e também ao meio ambiente.

Segundo ele, os técnicos da entidade teriam constatado o “aumento de emissões de poluentes dos aldeídos em 20% e do NOx [óxidos de nitrogênio] em 75%” com o novo teor de anidro.

Os aldeídos (CHO) e o óxidos de nitrogênio (NOx), em grande concentração na atmosfera, podem causar irritação nos olhos e nas vias respiratórias, contribuindo inclusive para casos de bronquite e enfizema pulmonar.

O NOx também é responsável pelo smog, a névoa de poluição que dificulta a visibilidade e contribue para o efeito estufa.

Na época, a Unica rebateu o estudo realizado pela associação das montadoras e chamou a posição de “equivocada” e “precoce”, questionando também as bases de análise da Anfavea.

Em comunicado, a Unica disse que “eventuais aumentos nas emissões de aldeídos e óxidos de nitrogênio são muito inferiores aos citados”.

De acordo com a entidade canavieira as emissões ficariam abaixo de 20% para os óxidos de nitrogênio e em torno de 15% para aldeídos.

A influência do maior volume de anidro nas emissões está relacionada à presença de mais oxigênio na gasolina o que eleva a temperatura de combustão.

O setor sucroenergético argumenta ainda que ocorrem redução da emissão de outros poluentes, como monóxido de carbono, hidrocarbonetos e outros compostos orgânicos.

No passado, durante o aprimoramento da “Nota Verde” pelo MMA, o setor produtivo também criticou bastante o peso dado pelo Ministério às emissões de CO2.

Como com o etanol as emissões são nulas, já que o CO2 foi absorvido no desenvolvimento da cana, as usinas consideram que deve ser dado mais importância a este aspecto da mitigação do aquecimento global.
(novaCana.com)

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