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sexta-feira, 29 de março de 2024

Perícia não encontra pólvora nas mãos de promotor argentino morto

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21/01/2015 08h37 – Atualizado em 21/01/2015 08h37

A promotora Viviana Fein, responsável pela investigação da morte do promotor argentino Alberto Nisman, informou ontem que deu negativo o resultado da perícia para saber se havia vestígios de pólvora nas mãos dele, encontrado morto ontem no banheiro de sua casa, em Buenos Aires, próximo à arma de onde saiu o tiro que o atingiu na cabeça. Por ser uma arma de pequeno calibre, no entanto, a promotora ainda não descartou a hipótese de suicídio.

“O calibre da arma [que provocou a morte do promotor] é tão pequeno que não permite que o resultado dê positivo”, declarou Viviana à Rádio Mitre. “Os peritos já haviam advertido que o resultado poderia ser esse.”

A promotora ponderou que o resultado é apenas uma prova a mais que deve ser coletada e somada às outras perícias. Ela determinou a coleta de DNA na arma, de calibre 22, e no local onde o corpo do promotor foi encontrado para saber se todo o sangue é mesmo da vítima ou houve a ação de outra pessoa.

Na semana passada, Nisman acusou a presidenta argentina Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman de terem negociado um plano com o Irã para encobrir os responsáveis pelo ataque terrorista de 1994 contra o centro comunitário judaico Amia, quando foram mortas 85 pessoas e centenas ficaram feridas. No dia em que apareceu morto, ele compareceria ao Congresso, após convocação para apresentar as provas que o levaram a pedir a abertura de um inquérito contra Cristina e Timerman.

A presidenta rompeu o silêncio sobre o caso em uma extensa carta publicada no Facebook denunciando a existência de uma história “muito sórdida” por trás da morte de Nisman e garantindo que seu governo fez todo o possível para esclarecer o atentado. “Com esse julgamento de encobrimento, tenta-se mentir, tapar e confundir”, escreveu.

A comunidade judaica na Argentina reagiu à morte do procurador federal Alberto Nisman. “É uma catástrofe. A bomba da Amia [Associação Mutual Israelita Argentina] explodiu novamente”, disse o presidente da Delegação de Associações Israelenses Argentinas (Daia), Julio Schlosser, a principal organização da comunidade judaica na Argentina e a maior da América Latina.

O promotor federal Alberto Nisman, encarregado de investigar o pior atentado fundamentalista na história da Argentina, foi encontrado morto na noite do dia 18 Na segunda, ele compareceria ao Congresso, depois de ser convocado para apresentar as provas que o levaram a pedir a abertura de um inquérito contra a presidenta Cristina Kirchner e o chanceler Hector Timerman.

A morte de Nisman comoveu os argentinos. O país foi vítima de dois atentados terroristas nos anos 1990. O primeiro, em 1992, foi contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires, que deixou um saldo de 29 mortos. Dois anos depois, um carro-bomba destruiu a sede do centro comunitário judaico Amia. Os responsáveis pelas duas tragédias jamais foram encontrados.

A falta de resultados levou o ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007) a criar uma procuradoria especial para reabrir as investigações dos dois casos. Alberto Nisman foi o escolhido para centralizar todas as informações e, pouco depois de ter sido nomeado, acusou altos funcionários do regime iraniano de terem planejado o atentado. A bomba teria sido colocada pelo grupo xiita Hezbollah, com a ajuda de simpatizantes infiltrados na comunidade árabe da Tríplice Fronteira – Argentina, Brasil e Paraguai.

Em 2013, Nisman disse que tinha enviado à Justiça brasileira informação de que terroristas estariam infiltrados em vários países da região. Na lista dele estavam o Brasil, Paraguai, Chile, a Colombia, Bolívia e Trinidad e Tobago.

A situação mudou em 2012, quando o governo argentino informou que o Irã tinha decidido colaborar e autorizaria a viagem de juízes e promotores argentinos a capital Teerã para tomar o depoimento dos suspeitos. Em contrapartida, a Argentina assinaria um memorando com o Irã criando uma Comissão da Verdade para investigar o caso.

Cristina Kirchner defendeu o acordo dizendo que era a única forma para destravar as investigações e que, depois de passar anos criticando a falta de cooperação dos iranianos, não tinha como se negar a uma proposta feita por eles para tentar esclarecer o crime. O governo da presidenta enfrentou duras críticas da oposição e de organizações judaicas, que consideram o regime iraniano “pouco confiável”.(Agência Brasil)

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