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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Pesquisa indica que mulheres são mais desrespeitadas em espaços públicos

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26/05/2015 10h00

Pesquisa da organização Énóis Inteligência Jovem indica que o espaço público é o ambiente mais citado por jovens mulheres como local em que não há segurança ou em que elas se sentem mais desrespeitadas como mulheres.

Realizada com jovens de 14 a 24 anos, a consulta foi divulgada dia (21), durante o 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, em São Paulo.

De acordo com a entidade, cerca de 94% das entrevistadas relataram que já foram assediadas verbalmente nas ruas e 77% relataram que o assédio foi físico, desde estupro até o toque ou beijo forçado na balada.

“Desses 77%, 10% sofreram algum tipo de assédio por familiar ou dentro de casa, o que é um número gravíssimo”, disse Érica Teruel, do Énois Inteligência Jovem, organização que trabalha principalmente com temas relacionados à educação envolvendo jovens, especialmente os de periferia.

Dos episódios de assédio físico, 72% ocorreram com desconhecidos em transporte público, baladas ou parques, entre outros ambientes.

“Essa menina não se sente à vontade no espaço público. Ela vai para a rua e é assediada o tempo inteiro. Ela não é respeitada, o que acaba tendo consequência no dia a dia dela”, informou Érica.

O estudo apontou também que nove em cada dez mulheres já deixaram de sair à noite ou usar determinada roupa por medo da violência.

“As mulheres conquistaram muitas coisas, mas, infelizmente, na infância e na adolescência ainda temos uma educação muito machista, que impede e tolhe a liberdade dessas meninas.

Quando se fala que ‘isso não é coisa de menina’, a consequência é direta no desenvolvimento, na carreira que ela vai escolher, na vida sexual e na vida afetiva”, afirmou.

“As mulheres foram educadas para ter esse medo pela família, pela mídia e por uma série de fatores externos. isso é terrível.

Efetivamente existem mensagens específicas para a mulher e para o homem. A pesquisa mostrou que, durante a infância, elas aprendem que o menino pode tudo e elas não. É um fator cultural, de tradição e herança.

É isso que a gente tem de mostrar. Temos de mostrar esse horror e colocar alguma luz sobre isso”, informou Ivo Herzog, diretor do Instituto Vladimir Herzog.

Entre as entrevistadas, 41% revelaram ter sofrido agressão física por homem. Segundo o Énóis Inteligência Jovem, 51% dessas agressões foram praticadas por algum familiar, 38% por parceiros e 23% por amigos.

A pesquisa indicou ainda que 47% das mulheres consultadas já foram forçadas a ter relações sexuais com seus parceiros.

Denominada #Mulherpodetudo – como o machismo e a violência contra a mulher afetam a vida das jovens das classes C,D e E, a pesquisa ouviu 2.285 jovens de 370 cidades brasileiras, com idades entre 14 e 24 anos e renda familiar de até R$ 6 mil.

“A maioria das mulheres nasceu após 1995 e tiveram esse tipo de educação [machista]. Para mudar, temos de contar com a escola, que é um instrumento muito importante e com políticas públicas para atingir essas meninas”, explicou Érica Teruel.

Segundo ela, a pesquisa foi feita em duas etapas. Na primeira, 20 jovens de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Belém e Porto Alegre foram entrevistadas de forma mais aprofundada.

“Com base nessas entrevistas, desenvolvemos um questionário publicado online e convidamos para participar meninas de diversas partes do Brasil. Nossa intenção era entender como a violência contra a mulher e o machismo afetam a vida das jovens.”

A pesquisa será publicada em um ebook a ser lançado pela organização. O 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, no Sesc Pinheiros, foi elaborado pelos institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, ONU Mulheres e Fundação Ford.

O objetivo do evento é estimular um pacto global de não tolerância à perpetuação da cultura de violência contra as mulheres.(Agência Brasil)

De acordo com a pesquisa, 94% das mulheres entrevistadas já foram assediadas verbalmente nas ruas Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil

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