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terça-feira, 16 de abril de 2024

A maior praga da cana

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21/10/2014 17h27

Nos últimos quatro anos, o governo fez mais estragos nos canaviais do que todas as pragas que infestam as lavouras.

Com uma diferença cruel: até o combate aos vírus e doenças gera empregos, enquanto a ação do Planalto já demitiu mais de 60 mil trabalhadores nos últimos dois anos, comprometendo diversos setores da economia no País inteiro.

O trato das plantações paga uma diária para dois hectares trabalhados, durante o ano, não apenas na safra. A cada 100 mil hectares, R$ 14 milhões circulam na economia.

Sem falar que cada hectare de cana recolhe de impostos para esse mesmo governo cerca de US$ 1.900 por ano, com a comercialização da cana, do açúcar, do etanol, da geração de eletricidade renovável e subprodutos.

Enquanto isso, o controle biológico da broca, a segunda praga mais importante (a primeira é o governo — e não tem controle) custa R$ 20,00 por hectare, e o controle químico, R$ 80,00.

O combate à ferrugem consome R$ 76,00; à cigarrinha, R$ 139,00, e ao Sphenophorus (bicudo da cana) R$158,00, incluindo a remuneração dos trabalhadores encarregados das aplicações, cuja folha de pagamentos representa 35% do custo do trato dos canaviais.

Quase nada comparado ao fechamento de mais de 70 empresas, outras 63 em recuperação judicial e aos postos de trabalho extintos.

Tudo para maquiar a inflação, subsidiando a gasolina e impedindo que ela dispute o mercado com o etanol.

Não é difícil perceber como age a maior praga da cana. Ela aposta na teimosia enquanto asfixia o maior programa de energia alternativa do mundo, outrora genuinamente nacional – mais do que o setor petrolífero, que sempre precisa da importação, nunca alcança a independência prometida e já deve US$ 60 bilhões à sociedade que o subsidia. A Nação assiste ao requinte de ver até de quem não tem carro obrigado a pagar essa conta.

E vê todas as empresas fornecedoras do parque industrial sucroalcooleiro, um dos seus maiores clientes, amargando resultados negativos.

A Abimaq lamenta esse efeito, pois no momento em que a capacidade produtiva estaria num novo patamar, o setor sucroalcooleiro entra em crise e consequentemente cai a demanda para a área de manutenção e para a ampliação e novos projetos.

As consequências são desastrosas, culminando com demissões e até fechamento de pequenas e medias industrias.

É dificuldade muito grande para qualquer indústria promover alterações bruscas em seu portfólio de produtos, pois são necessários investimentos em novos projetos, capacitação de mão de obra, desenvolvimento de tecnologias e principalmente tempo para que esse novo produto seja aprovado pelo mercado.

Diante dessas restrições, o processo se torna muito complicado, deixando o setor numa situação crítica e muitas vezes com poucas alternativas para a sobrevivência.

Para a entidade, as perspectivas ainda não são animadoras, porque os preços do açúcar e álcool estão baixos e sem definição clara de qual será o comportamento para os próximos meses ou até mesmo para o próximo ano.

Outra agravante é que nesse momento não há nenhuma previsão de investimentos substanciais na área, o que deixa o setor ainda mais apreensivo.

Os efeitos nefastos dessa teimosia na região de Ribeirão Preto, maior produtora de cana, açúcar e álcool do mundo, se sucedem. Ela registrou, em setembro último, o pior saldo na geração de emprego com carteira assinada desde 2003.

Em seus dez maiores municípios, a diferença entre admissões e demissões no mês foi negativa em 888 postos de trabalho, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do ministério do Trabalho. A indústria de açúcar e álcool demitiu 1.308 funcionários.

Teimosia, sim, porque, como o empresário Jairo Balbo já disse aqui, na história, não há registro de economia próspera controlada pelo estado. Nem na pré-história. Muito menos neste limiar de século 21.

O Brasil testemunhou neste ano, um fato, no mínimo, vergonhoso por causa de sua política de controle da conta petróleo: a Petrobrás, que chegou a liderar o ranking das marcas mais valiosas da América Latina, despencou para o 7º lugar, atrás de cervejarias, por exemplo, que, obviamente, não são estatais nem têm sua produção definida pelo Poder: seus produtos têm preço, em vez de tarifa, e disputam o mercado em pé de igualdade — e de lealdade — com a concorrência.

Assim, é impossível prever a médio e longo prazo o cenário para os combustíveis e para todas as fontes de energia no Brasil. O interesse do produtor é definido e invariável: produzir. Mas o do governo é… político.

Não há como conciliar regras de mercado com interesses políticos. Nos países com economia de mercado, o petróleo não pertence a partidos políticos, mas à Nação. Aqui, a velha piada já se torna realidade: “Ou o Brasil acaba com os políticos ou os políticos acabam com as saúvas.”.

Num quadro de incertezas e sem regras definidas, planejar o setor sucroenergético e todos os demais, ainda livres do Estado, é jogar na loteria, sempre arriscando cair no conto do bilhete premiado, porque o mercado dita as regras para todos, menos para as estatais, abrigadas no Poder. Poder que segura o preço dos derivados para segurar a inflação.

Assim, não há defensivo que defenda o povo dessa praga.(Agência UDOP de Notícias)

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