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quinta-feira, 28 de março de 2024

Campanha pede boicote ao agronegócio e Assembleia reage

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22/10/2015 16h46 – Atualizado em 22/10/2015 16h46

“A cana-de-açucar de Mato Grosso do Sul tem sangue de crianças indígenas. Não compre, não use”, diz um cartaz levada à Casa pela a coordenadora executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sônia Guajajara

Conjuntura Online

Uma campanha esdrúxula que está sendo feita na Europa contra a comercialização de produtos brasileiros e anunciada na sessão de ontem da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, além de causar polêmica, irritou os deputados estaduais.

“A cana-de-açucar de Mato Grosso do Sul tem sangue de crianças indígenas. Não compre, não use”, diz um cartaz levada à Casa pela a coordenadora executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sônia Guajajara.

Ela usou a tribuna para defender a campanha de boicote ao agronegócio de Mato Grosso do Sul. “O boicote é o único instrumento que temos para tentar cessar os ataques aos povos indígenas. A campanha iniciou na Europa e está chegando aos Estados Unidos”, disse Sônia.

A fala da representante da entidade indígena provocou reação entre os parlamentares. O deputado Zé Teixeira (DEM) ocupou a tribuna para repudiar o gesto de Sônia Guajajara.

“Se a Europa e os Estados Unidos não comprarem mais os produtos brasileiros nosso País vai quebrar, pois o agronegócio é o setor que eleva o Produto Interno Bruto. A cana-de-açúcar, a soja, a carne, o biodiesel não são produzidos a custa de sangue de índio, mas da mão calejada e do suor do produtor rural. Esse conflito só não foi resolvido ainda por conta da má vontade política”, desabafou o deputado.

Em aparte, o deputado Paulo Corrêa (PR), também desaprovou a ideia e advertiu os colegas contra a necessidade de a Assembleia tomar uma atitude a respeito da campanha de mau gosto.
Da mesma, forma Mara Caseiro (PTdoB) repudiou campanha que está sendo divulgada não apenas no Brasil, mas também em países da Europa, de boicote contra a carne e a soja de Mato Grosso do Sul, entre outras commodities.

A alegação do Cimi (Conselho Indigenista Missionários) e de outras instituições similares é de que esses produtos não devem ser consumidos por serem banhados com sangue de indígenas. A ideia também foi defendida em plenário por Sônia Guajajara, coordenadora da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o que foi repudiado por diversos parlamentares.

De acordo com Mara Caseiro, essa é uma declaração irresponsável, que denigre a imagem de Mato Grosso do Sul e põe em risco sua economia.

“Eles querem denegrir a imagem de nossos produtores e também desta Casa. Não podemos permitir que pessoas entrem aqui na Assembleia e falem mentiras. Essa mensagem proferida aqui, e levada para fora do País, é calúnia, é difamação. Nossa carne e nossa soja não têm sangue indígena, isso é uma mentira enorme. Têm sim o suor e a lágrima de nossos produtores rurais”, disparou.

Para a deputada, que é presidente da CPI do Cimi, Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga se o órgão é culpado por incitar e financiar invasões a propriedades particulares no Estado, a ideia desse boicote, classificado por ela como “absurdo”, surgiu do Cimi.

Mara Caseiro apoiou a ideia proposta pelo deputado Paulo Corrêa (PR), relator da CPI do Cimi, de que um fundo seja criado e abastecido com recursos do governo do Estado para pagamento de dívidas ao governo federal. A verba seria revertida para a aquisição de terras para os povos indígenas, o que colaboraria para o fim do conflito.
A parlamentar reafirmou ainda que a CPI do Cimi não foi criada para atacar os povos indígenas.

“A CPI não é para violar direitos indígenas. Foi criada para investigar o Conselho Indigenista Missionário, que de missionário não tem nada. Temos que dar condições dignas para nossas comunidades indígenas, mas que as terras sejam compradas dos proprietários que têm suas terras tituladas”, disse.

Mesmo assim, Mara Caseiro acredita que a ampliação do território não é sinônimo de melhorias para a vida dos indígenas de Mato Grosso do Sul, a exemplo dos Kadiwéu, que têm quase 350 mil hectares legalizados para apenas 3 mil índios. No entanto, vivem na pobreza na região de Porto Murtinho.

Ela defendeu que seja feita uma espécie de reforma agrária indígena e que a eles seja oferecida assistência técnica para o plantio, colheita e manejo de animais.

Campanha  contra o agronegócio em MS

Deputada Mara Caseiro

Cartaz mostra campanha que corre na Europa

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