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quinta-feira, 28 de março de 2024

Diarreias neonatais comprometem toda a vida produtiva de bezerros

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27/05/2015 09h27

Com o bezerro altamente valorizado no Brasil é preciso reforçar os cuidados para evitar perdas com esses animais.

Cerca de 8% do total de bezerros que nasce no Brasil morre até a desmama, o que representa um universo de aproximadamente 4,2 milhões de animais, segundo o Anualpec 2013.

Com o animal cotado em média a R$ 1.423,44 (Cepea-USP em 18/5), estima-se que as perdas possam chegar a um prejuízo de R$ 54 bilhões.

As principais causas de morte de bezerros são as Clostridioses (doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium) e as diarreias neonatais, que acontecem nas primeiras semanas de vida do animal e têm normalmente caráter infeccioso.

Mesmo que não morram em decorrência da diarreia, os bezerros acometidos têm sua vida produtiva totalmente comprometida.

“A diarreia neonatal é um dos maiores obstáculos na produção de bezerros, pois, mesmo sendo subavaliada, pode ser causador de uma alta morbidade e uma significativa mortalidade.

As infecções iniciais podem causar lesões nos epitélios intestinais e comprometer a absorção de nutrientes ao longo da vida produtiva desses animais.

Além disso, a diarreia neonatal gera um aumento significativo no custo de produção devido ao gasto com medicamentos, aumento da mão de obra, perda de desempenho dos animais e mortalidade”, explica o médico veterinário Guilherme Pizzo, coordenador de serviços técnicos da Biogénesis Bagó.

“O avanço da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) nos últimos 10 anos propiciou uma intensificação e concentração de nascimentos de bezerros, o que faz aumentar a chance de ocorrências de diarreia neonatal.

As estações de nascimento – que são na maior parte do Brasil de junho a outubro – estão cada vez mais desafiadoras pelo grande volume de animais que nascem em um menor período de tempo, bem como com a intensificação da atividade que busca maior produtividade por hectare, consequentemente, concentrando mais animais.

Tudo isso exige estratégias para que o produtor não perca os investimentos realizados em tecnologia e consiga evoluir os índices zootécnicos”, ressalta o médico veterinário Lucas Souto, gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó.

Uma das saídas para evitar as diarreias em recém nascidos, além do manejo que inclui concentrar os nascimentos na hora certa, cura correta de umbigo e medicação, garantir que bezerros tenham pelo menos de dois a quatro litros de colostro nas primeiras seis horas de vida e manutenção do piquete maternidade limpo e seco, é a vacinação das matrizes antes do parto.

“As vacas devem ser vacinadas durante a gestação 30 e 60 dias antes do parto. Trata-se de uma estratégia prática e eficaz que imuniza a mãe, a qual, por sua vez, passa através do colostro anticorpos para o bezerro, suficientes para protegê-lo durante os primeiros três meses de vida.

Este é o tempo necessário para que o sistema imunológico do mesmo esteja preparado para defender o organismo dos patógenos presentes no meio ambiente”, afirma Guilherme Pizzo.

“De forma geral, nota-se uma redução de quase 65% na ocorrência de diarreias neonatais com o uso dessa estratégia. Mesmo que não elimine completamente a diarreia, a vacinação reduz o grau e a frequência dos episódios”, completa Lucas Souto.

Constatação dos resultados na prática

“Antes de vacinarmos as vacas tínhamos um problema preocupante no rebanho, que era a diarreia, bastante grave por sinal, com perdas significativas”, conta Marco Aurélio Santana, gerente geral da Fazenda Bandeirantes, Cáceres (MT).

Há três anos a fazenda começou a vacinar cerca de 500 animais. “No primeiro ano, a redução de diarreia neonatal foi de 80%. Hoje, já são 1.800 cabeças do rebanho vacinadas.

Temos todo o controle do uso de medicamentos e pudemos perceber que tivemos redução na uso de antibióticos, perdas de bezerros, o que reflete na diminuição dos prejuízos.

Com a vacina está sendo bem visível o resultado, foi praticamente imediata desde a primeira imunização. Estamos extremamente satisfeitos e está sendo muito positivo”, atesta o gerente da fazenda.

Estratégia semelhante vem sendo adotada na Fazenda Porto Seguro, de Nova Granada (SP), propriedade referência na comercialização de embriões e touros de elite. “Como nossos produtos são muito valorizados, não podemos correr o risco de perder bezerros. Por isso, vacinamos as receptoras de embriões 30 e 60 dias antes do parto como profilaxia.

Houve uma diminuição significativa da ocorrência de diarreia neonatal”, relata o médico veterinário Fabiano Fructuoso, gerente da Fazenda Porto Seguro.

“Muitos ainda não se atentaram que se vacinar, economiza e evita de perder os animais. O prejuízo é muito menor fazendo a profilaxia como prevenção.

Além disso, é muito importante ter uma equipe bem treinada e preparada para fazer cura do umbigo e cuidar do manejo como um todo”, reforça.

É mais barato prevenir do que tratar a diarreia neonatal

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Uberlândia (MG) avaliou os custos com a prevenção e tratamento da diarreia neonatal no sistema de produção de bezerros de corte.

Foi analisado um grupo de 200 matrizes da raça Nelore, dentre as quais 100 foram vacinadas 60 e 30 dias antes do parto, e outras 100 não.

O grupo de matrizes vacinadas no peri-parto apresentou aproximadamente 65% de redução na ocorrência de diarreia neonatal e ausência de mortalidade.

A queda na prevalência de diarreia neonatal nos bezerros pertencentes ao lote de vacas vacinadas gerou uma redução de 39.4% nos gastos com medicamentos, mão de obra para tratamento dos animais doentes e manutenção de vacas que perderam bezerros após o nascimento devido à diarreia neonatal, tornando economicamente viável a implantação da vacina contra essa enfermidade no sistema de produção de bezerros de corte.
(Attuale Comunicação)

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