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sexta-feira, 29 de março de 2024

Circo do Mato estreia Navalha na Carne

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22/03/2014 08h35 – Atualizado em 22/03/2014 08h35

O Circo do Mato – Grupo de Artes Cênicas – estreia hoje, em Campo Grande, um novo espetáculo. No ano em que completa 10 anos de fundação e celebrando o dia 27 de março, Dia Internacional do Teatro e Dia Nacional do Circo, o grupo encena neste sábado uma das peças mais conhecidas e montadas de Plínio Marcos: Navalha na Carne.

A peça conta a história de três personagens que tentam de alguma forma se comunicar, e o enredo se passa no interior de um sórdido quarto de pensão. O espetáculo que, segundo o próprio autor, teve sua estreia adiada por vários anos pela censura, já foi objeto de inúmeras montagens no Brasil e no exterior.

Plínio Marcos de Barros é um dos autores mais censurados e premiados do século XX, é conhecido por colocar em evidência personagens que proliferam lá onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos, Plínio não se utiliza de lentes embelezadoras, ele simplesmente mostra o que viu nas ruas da cidade onde viveu e também pelo cais do porto de Santos/SP.

A montagem sul-mato-grossense, que é dirigida por Leandro Melo e tem no elenco Josiane Vargas, Mauro Guimarães e Yago Garcia, nasceu do interesse do grupo de levar a dramaturgia produzida por autores brasileiros para o público de algumas escolas públicas, assim como jovens e adultos de Campo Grande e posteriormente do Brasil. A peça estreia em Campo Grande com encenações hoje e amanhã, às 20h, no espaço do Circo do Mato. Além de já ter realizado 2 ensaios abertos e outras 4 apresentações gratuitas para público convidado.

As pesquisas realizadas para a montagem iniciaram em julho de 2013, sendo um projeto contemplado pelo prêmio Rubéns Corrêa/2013 – Fundação de Cultura e Governo do Estado de MS. O Circo do Mato, fundado 2004, é um dos mais atuantes grupos de Circo e Teatro de Mato Grosso do Sul, com 6 espetáculos montados, diversos projetos realizados, Prêmios e participações em festivais nacionais e internacionais, tendo se apresentado em 6 países sul-americanos.

Hoje, dia 22, o grupo promoverá um bate-papo ao final da apresentação com a presença de Kiko Barros (filho de Plínio Marcos), Wagner Corsino (UFMS – Três Lagoas) e Cristina Mato Grosso (UEMS), profundos conhecedores do universo pliniano.

A equipe técnica é formada por Aline Duenha (assistência de direção), Márcia Gomes (cenografia), Laila Pulchério (produção), Larissa Pulchério (fotografia).

Personagens

Em Navalha na Carne, a personagem Neusa Suely é uma prostituta, já com uma idade avançada, que vende seu corpo para dar o dinheiro a seu cafetão. Ela faz a pergunta crucial do texto: “Será que somos gente? “ A questão é: será que todos os personagens que Plínio exibe em seu texto, podem ser chamados de “gente”?

Neusa Suely também sofre discriminação, não só por ser uma prostituta, mas também por já estar com idade acima dos 30 anos. A todo momento do texto, Wado, o cafetão, a chama de “galinha velha”, entre outros títulos ofensivos. Mas, apesar de toda a discriminação, violência (pois ele bate muito nela) e desprezo que sofre por parte de Wado, ela é submissa a ele, e quando Wado vai embora, ela fica na cama sozinha se lamentando e ainda pergunta se ele vai voltar.

Ela é uma personagem muito interessante, por mostrar a mulher que apesar de tudo o que sofre nas mãos do homem, ainda quer que ele volte. Sofre a discriminação por ser “velha” ( ou seja, a idéia que o homem -representado por Wado- faz da mulher- representada por Neusa-, é que passou dos 30, já não serve pra mais nada), é agredida física e emocionalmente (pois ele a xinga a todo momento), e o desprezo, que no final, é a única coisa que recebe dele.

Wado – É o cafetão de Neusa Suely. Personagem sádico, violento, viciado em drogas e machão (com os mais fracos), mas que em uma cena ambígua, se revela também homossexual.

Wado é o personagem que não tem um mínimo de respeito pelo Ser Humano. É o machão que espanca a todo momento Neusa , e não a respeita nenhum minuto sequer. Está com ela apenas pelo dinheiro que ela lhe dá para sustentar seu vício. Quando acabar o dinheiro, ele procura outra. A única vez que se mostra fraco, é na cena com Veludo, na qual ele tenta espancá-lo, mas Veludo não se deixa enfraquecer, e acaba travando uma “luta psicológica” com Wado.

Veludo- Homosexual que trabalha de faxineiro na pensão onde moram Neusa e Wado. Também é viciado em drogas, por isso, rouba o dinheiro de Neusa para comprar a droga e dar a um menino que trabalha em um bar perto da pensão onde mora. Veludo dá o dinheiro para o menino para ter relações sexuais com ele. Vale a pena conferir essa montagem do Grupo Circo do Mato, hoje em Campo Grande.

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