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sexta-feira, 29 de março de 2024

Grupo que defende direitos indígenas repudia pré-estreia de filme

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19/08/2014 13h12 – Atualizado em 19/08/2014 13h12

O média metragem ‘Matem… os outros’ foi filmado em Mato Grosso do Sul pelo cineasta daqui Reynaldo Paes de Barros

Luiz Radai, da Redação

O Marco (Museu de Arte Contemporânea) exibiu ontem em Campo Grande dois trabalhos do cineasta sul-mato-grossense Reynaldo Paes de Barros. Os filmes ‘Confissão’ e ‘Matem… os outros’ são curtos, têm 17 e 27 minutos, respectivamente. No entanto, despertaram furor em um grupo que defende os direitos indígenas. Os ativistas do Coletivo Terra Vermelha exibiram cartazes e gritaram palavras de ordem ao fim da apresentação.

Entre as palavras de ordem estavam: “Viva os povos indígenas de Mato Grosso do Sul”, “Viva Marçal de Souza”, “Viva Nísio Gomes” e “Viva Oziel”. Todos os nomes de índios mortos ou envolvidos à causa.

Segundo o site do Coletivo, uma das ativistas, Regina Martins, disse que achou que o filme, ao contrário do que o diretor afirmou, não tem neutralidade, aparentemente faz uma crítica sobre a posição dos fazendeiros, mas é falsa. “Na verdade, é um filme racista, preconceituoso, que reforça estereótipos negativos, que já existem a respeito do comportamento dos povos indígenas, estereótipos criados e gerados pelos próprios dominadores”.

A crítica sobrou até para o Governo do Estado. “Quando o Governo do Estado, através da Fundação de Cultura, banca esse tipo de filme, também está ajudando proliferar esse discurso, está patrocinando o genocídio, e deve responder por isso”, disse Regina.

O diretor Reynaldo Paes de Barros, saiu do Marco com a chegada da Polícia Militar e teria dito que “é livre para filmar o que quiser” e que as pessoas não compreenderam o média.

No site, os membros do Coletivo Terra Vermelha afirmaram que vão acionar o Ministério Público Federal, denunciando o teor do filme, considerado racista.
Antes da exibição, ao site da Fundação de Cultura de MS, o cineasta falou sobre o filme “Matem…Os outros!”. Segundo ele, era um média metragem sem maniqueísmo, que “apresenta uma visão contundente do conflito de terras entre fazendeiros e índios em Mato Grosso do Sul”. “São filmes para um público adulto em que conceitos e preconceitos são expressos livremente e que pretendem instigá-lo e levá-lo a uma reflexão”, havia comentado Reynaldo Barros.

O ‘eixo principal’ do Coletivo é a “defesa intransigente da luta pela terra e pelos direitos dos povos indígenas, nessa esfera, apoia a demarcação das terras indígenas e a luta e organização dos povos indígenas”.

Crítica

Segundo o Coletivo publicou no próprio blog, “o filme narra à história de dois fazendeiros que estão na estrada com o carro quebrado, pegam carona com dois paulistas até Sidrolândia, município que ficou conhecido nacionalmente devido o assassinato do terena Oziel durante a ação de reintegração de posse da fazenda Buriti”.

O blog condena o diálogo entre os personagens, exclusivamente sobre a questão indígena. “Os fazendeiros demonstram uma visão totalmente preconceituosa, afirmam que os índios invadiram suas terras, que compraram a terra legalmente, pois possuem a escritura pública, que o Estado não indeniza e faz tudo que os índios pedem – e a FUNAI seria a mentora dessa relação injusta”.

Segundo o blog, o filme “reforça o estereótipo de que os indígenas são todos preguiçosos, vagabundos e alcoólatras”.
“Verifica-se aqui aquele velho discurso ruralista, os índios não decidem sozinhos as “invasões” de terras, tem que ter sempre alguma entidade por trás os influenciando”.

Protesto em frente ao Marco, na segunda-feira em Campo Grande (Foto: Coletivo Terra Vermelha)

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