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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Produtores afirmam que governo não quer pagar por terras

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07/02/2014 17h16 – Atualizado em 07/02/2014 17h16

Elvio Lopes

Um grupo formado por cerca de 60 produtores rurais realizou, na tarde de ontem, a manifestação denominada Grito do Produtor, para protestar contra a política de demarcação de terras do governo federal e das ações da Fundação Nacional do Índio (Funai) que, segundo os manifestantes, incentivam as invasões de propriedades rurais por parte dos índios e acusaram o governo federal de não querer pagar pelas terras destinadas às comunidades indígenas.

A manifestação, na Praça do Rádio Clube, foi aberta pelo produtor rural Glauco Mascarenhas, de Dourados, que defendeu o direito de propriedade, condenou as ações da Funai no incentivo às invasões de terras e ressaltou que as terras desapropriadas para comunidades indígenas devem ser tituladas para os próprios índios e não para a União.

Mascarenhas também criticou alguns políticos que se reuniram com produtores rurais, firmaram pacto para defender o direito de propriedade e nada fizeram para cumprir os compromissos e disse que “essas pessoas, já identificadas , não merecem o apio e a confiança da classe produtora rural” e denunciou a intenção do governo de, com as desapropriações, criar “fazendões”, ou “comunas”, que não deram certo na China, em Cuba e na Coréia do Norte e resultaram em milhões de mortos.

“Estamos discutindo não somente as questões indígenas, mas a ambiental e temos consciência de que não é necessário derrubar mais nenhum pé de árvore, aqui ou na Amazônia, se o governo nos incentivar a recuperar as terras de áreas agricultáveis e reformar os pastos, para que possamos até triplicar nossa produção”, destacou Mascarenhas, que anunciou uma reunião com um vereador indígena na próxima semana para discutir as questões agrárias.

O ex-deputado federal e produtor rural Pedro Pedrossian Filho, o Pepê, um dos coordenadores da manifestação, afirmou que, há três anos, está confinado em sua propriedade, de 1.000 hectares, no município de Miranda, com temor de invasões de indígenas. Segundo ele, sua fazenda já foi invadida em duas oportunidades, em 2005 e 2008, porém, garantiu a reintegração de posse e hoje não deixa a propriedade para não correr o risco de novas invasões.

Ele afirmou também que o movimento que começou ontem em Campo Grande tem como finalidade chegar ao Brasil todo, unir todas as classes contra o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e, em 12 anos, eleger um presidente que promova a retomada do desenvolvimento do país, com a garantia dos direitos da propriedade e com democracia.

Segundo Pedrossian Filho, o grupo de manifestantes era formado por produtores de sítios de cinco a 25 hectares, também ameaçados de invasão por índios da Aldeia Cachoeirinha, de Miranda, que fica em frente à sua propriedade. “Não queremos negar terra aos índios, mas que o governo pague pelo que vale e que a titule para o cidadão índio e não para a União”, afirmou.

Ele enfatizou que um estudo realizado por um antropólogo da Funai garante que suas terras não pertencem aos índios, que teriam chegado 50 anos antes, procedentes da Bolívia e formaram a aldeia. “Meu processo está parado por fraude da Funai e não pode subir para instâncias superiores, porque está parado em Campo Grande”, afirmou.

O ex-deputado federal também afirmou que o governo federal não tem intenção de pagar pelas terras desapropriadas para ampliar as reservas indígenas e não vai pagar. “Este ano é de eleição e não será realizada nenhuma medida concreta para resolver o conflito de terras, até as eleições. Depois, se a vitória for da atual governante, eles simplesmente vão desapropriar”, afirmou Pedrossian Filho.

O representante de Santa Catarina, Jeferson Rocha, leu um manifesto dos produtores rurais daquele Estado em defesa do direito de propriedade, citando a Constituição Federal e a necessidade de união da classe para conter as desordens e invasões e trazer o Brasil de volta ao caminho da legalidade.
A presidente do Sindicato Rural de Antonio João, Roseli Ruiz, afirmou que convive pacificamente com as comunidades indígenas e anunciou para este sábado a divulgação de um vídeo supostamente com declarações de um ex-integrante do Conselho Indígena Missionário (Cimi), que incentivaria as invasões de terras, com apoio da Funai.

O indígena Abrão Metelo, da Aldeia Passarinho, subiu ao palco para contestar os manifestantes dos movimentos sociais, que gritavam palavras de ordem contra os produtores, dizendo que eles não têm qualidade para representar os índios. “Tirem os panos dos rostos e comportem-se com dignidade não falem em nome dos índios”, destacou.

Perguntado se recebesse um lote de terra, preferiria ser titulado ou que a área fosse de propriedade da União, Abrão disse que saberia administrar a terra com competência. Ele também admitiu que muitas vezes o índio invade uma propriedade por orientação da Funai e, quando há mandado de reintegração, o órgão não diz para sair.

MANIFESTANTES

Desde o início do manifesto Grito do Produtor, um grupo de representantes dos movimentos sociais de Campo Grande, incluindo alguns integrantes do movimento black-bloc da Capital, acompanharam, de longe, a manifestação, porém, com os discursos contra o PT, acabaram se aproximando e foram isolados por um cordão da Polícia Militar. Eles chamaram os organizadores do protesto de fascistas.

Manifesto de produtores rurais Grito do Produtor, reuniu cerca de 60 pessoas na Praça do Rádio ontem na Capital (Fotos: Elvio Lopes)

PM teve que isolar manifestantes contrários aos produtores rurais para evitar confronto na praça

Indígena Abrão Metelo, da Aldeia Passarinho, contestou manifestantes contrários aos produtores rurais

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