Benê Cantelli*Sem sombra de dúvidas, é mesmo inacreditável! Acrescentaria, apenas, que na história deste país e, quem sabe, na história de todos os paises do mundo, nunca aconteceu o que está acontecendo em nosso Brasil. Lula, de fato, é um fenômeno!
Sobe no palanque como se estivesse acotovelado ao balcão do barzinho dos bons tempos de piquetes. Fala como se estivesse ainda, ao lado dos companheiros daquele barzinho. Às vezes, é de um despundonor que sobressalta e ruboriza o mais ingênuo interlocutor. Esquece, pelo menos dá essa impressão, de que é presidente e, presidente de nosso Brasil. Mas, continua sendo um inigualável fenômeno.
No governo dele, já aconteceu de tudo. Aliás, aconteceu mais do que tudo. Cremos que na história deste pais nunca aconteceu nem na imaginação de todos, sequer o que foi revelado e sem alcance para atingir a dimensão do que ainda não foi revelado. Mas, Lula, passa ileso a tudo. Não sabe. Não viu. Na pesquisa é inocentado e avança rumo ao cume da aceitação popular. É mais do que um fenômeno.
Ministros caem como pitangas maduras. Não se racham ao cair. Continuam sendo aproveitadas como se ainda estivessem grudadas aos seus galhos de origem. Alguns, inclusive se elegem. O depoimento de um caseiro é mais forte, como indício de culpa, do que qualquer dossiê ainda que recheado de provas irrefutáveis. O presidente inocenta os culpáveis. Escolheu um ministro, o da justiça, pronto para descriminar a todos. Já o substituiu. Tornava-se cada vez mais difícil contornar os efeitos dos crimes mergulhados no silêncio da própria justiça. E, Lula continua intocável. Realmente, um fenômeno.
Dizem que ele possui uma escolaridade muito aquém do que se exigiria para ser presidente de um país. Não obstante, os magnatas do conhecimento, os doutores da sociologia política, os indomáveis Malba Tahan do raciocínio lógico e matemático que se arvoram em paladinos da verdade como se fossem os maiores dominadores das ciências econômicas, todos estão de bruços, de queixo caído. Afinal, tudo o que queriam ter feito para o Brasil como: pagar a dívida externa, ter uma reserva monetária como nunca nem se imaginou na história deste país, respeito internacional, atrativo impar como lugar de investimento, tanto nacional como estrangeiro, os tais, não lograram atingir nem como meta e nem como imaginação. No entanto, Lula e sua equipe, sem os alardes “doutorais” demonstram ao Brasil e ao mundo algo que muitos, como eu, entenderíamos como impossível. Lula, não é apenas um fenômeno, é mais do um fenômeno. Isso me dá um certo medo.
Os estrategistas de plantão. Os criadores de veredas doutrinárias, as mais estapafúrdias, não conseguiram fazer com que o nível de emprego em nosso país atingisse metas louváveis. No governo Lula, a imprensa informa, diuturnamente, recordes atrás de recordes em número de empregos com carteira assinada. O que é isso? Onde esbarraram os “doutores” de plantão que negligenciaram a possibilidade do Brasil chegar a ser mais do que uma nação emergente? Antes, com o dólar em ascensão, o mundo das exportações, no Brasil, era só alegria. Quando o real adquiria valor, despencavam as exportações e o nível de emprego no país desabava. Hoje, exporta-se muito mais do que antes, e o dólar, cada vez mais perde seu valor. Tenho que aceitar, Lula é realmente superior. Poxa (!), logo eu, descrevendo estas coisas?! O que posso fazer? Dizem que diante de provas e de fatos contundentes, submergem-se todos os argumentos. Então, não me resta outra assertiva: continua um fenômeno, como nunca na história deste país.
Sempre ouvi os intocáveis economistas de intelectualizados setores fundamentais em governos anteriores afirmando: “A liberação de crédito, a facilidade em promover vendas a prazo facilitam o exercício pernóstico da inflação”. Lula, por sua vez, despeja gozo ao sabor brasileiro que adora gastar, nada afinado em poupar, crédito fácil que, nunca imaginei, na história deste pais, ver e ouvir falar de financiamentos de carros em até 72 prestações. Se não ocorrer aqui no Brasil, o desastre econômico da quase bancarrota americana com a facilidade e intempestividade do crédito no setor imobiliário, poderei dizer mais do que nunca: Lula é mesmo um atrevido fenômeno.
Há pouco tempo, o tremor sentido em qualquer bolsa de valores como foram, por exemplo, as de Hong Kong e Seul, sinalizava terremoto no Brasil. Despencavam as Bolsas brasileiras, a moeda nacional entrava em colapso ou em ritmo desesperado de oscilação. O país, enfim, quase parava. Hoje, por incrível que pareça, o que balança lá e balança acolá, não move as águas por aqui e os ventos apenas refrescam, pois os rumores são de que, nada abala a segurança monetária e econômica do Brasil. Quem pode negar, que tudo isso, hoje verdade, não é resultado de algo que se tornou fenômeno, na história deste país, como nunca d’antes?
O PROUNI foi criado antes deste governo. Quase não foi utilizado. Neste governo virou chavão de mérito cultural. Nunca um governo se propôs, na história deste país, a multiplicar e multiplicar tantos diplomas de Ensino Superior como agora. O nosso IDH (índice de desenvolvimento humano) nunca esteve tão alto, assim como a formação técnico-acadêmica nunca atingiu índices tão baixos. Mas, para efeito internacional é conveniente que se exibam cada vez mais o quantitativo desses diplomas, pois eles super-dimensionam números do IDH brasileiro. Repetem-se, como na década de 60 e 70 os diplomas dos alfabetizados pelo MOBRAL E MINERVA. De fato, sabiam escrever o próprio nome, mas não sabiam ler e interpretar um texto qualquer. Já imaginou toda a população brasileira exibindo nas paredes de suas casas um diploma de Ensino Superior? Fenômeno tamanho somente comparável ao próprio Lula.
Mensalões, sanguessugas, dólares em cueca, dossiês, os mais diversos e nos lugares menos esperados, valeriodutos, ameaças constantes, umas ostensivas e outras veladas, aos contraditores do “sistema pt”, frases como “não sei”, “não vi”, “não conheço” e outras coisas mais, compõem a dita e desdita deste governo, como nunca aconteceu na história deste país. No entanto, entristece-me saber que, tendo notícia de tanto roubo e corrupção como se propalou neste governo, como nunca houve na história deste país, passo a perguntar: onde foi parar o dinheiro que outros governos arrecadaram e que disseram não ter sumido no esgoto da corrupção e roubo, se nem ao menos o guardaram para pagar a dívida externa e nem para custear mais de 35 milhões de cestas destinadas ao “bolsa isso” e “bolsa aquilo”? Se, metendo a mão sobrou tanto agora, o que fizeram com o dinheiro que antes não foi roubado? Este é o grande fenômeno que me preocupa. Aliás, este fenômeno me preocupa muito mais do que o próprio fenômeno Lula, sabia?
Lembrando ainda: Houve um tempo em que por decreto se fazia o dólar ser paritário com o cruzado, depois com o real. Hoje as limitações do dólar com relação ao real é fruto e resultado de mercado. Isto também é um fenômeno.
Nunca na história deste pais houve um “terceiro mandato”. Seria possível ocorrer no governo Lula? Bem, responderia eu, com tanta seqüência de elogiosos “fenômenos”: LOUCO SERIA QUEM DUVIDASSE.
Acreditamos em tudo neste país. Um dia, por volta do ano de 1910, Stefan Zweig escreveu: “Brasil país do futuro”. Faz-nos bem, continuar acreditando…* Professor
