27.6 C
Dourados
terça-feira, 23 de abril de 2024

Sem lei, motoqueiros abusam na aldeia

- Publicidade -

A falta de leis na Reserva Indígena de Dourados institui a impunidade entre os moradores das Aldeias Jaguapiru e Bororó. Um problema real, testemunhado por quem visita a Reserva são as irregularidades com os usuários de motocicleta. A falta do uso de capacete, adolescentes pilotando a moto e rachas entre os jovens são casos freqüentes denunciados pelos próprios indígenas.

Um índio, que não quis revelar o nome disse ao O PROGRESSO que muitos adultos que trabalham nas usinas da região possuem poder aquisitivo para comprar ou financiar a motocicleta. Junto com a moto vêm o abuso e a impunidade. “Muitos pais entregam as motocicletas para seus filhos, menores de idade, que circulam por toda a aldeia sem capacete”, afirmou.

O problema ainda é mais grave porque ele disse que a maioria dos adultos não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH), como também não têm a documentação da moto em dia. “Eles não se preocupam em pagar IPVA, tirar CNH, pois circulam apenas dentro da aldeia”, explicou.

Ele ainda conta que por causa da impunidade na Reserva, não-índios vão até as aldeias oferecer motocicletas roubadas ou com a documentação irregular para trocar por outros produtos ou vender a preços muito abaixo do custo. As cenas de irregularidades nas aldeias são constatadas em plena luz do dia. Adolescentes pilotam as motociclistas em grupos acompanhados de outros colegas, também de menor idade, na garupa.

O exemplo deveria vir dos educadores, mas alguns deles chegam na escola pilotando sem capacete. Na Escola Tengatui Marangatu, a maior da Reserva Indígena, é comum ver os funcionários conduzindo a moto irregular. O problema é ainda mais grave quando os jovens passam a disputar rachas a qualquer hora do dia, por simples diversão.

“A gente está indo para as nossas casas e, de repente, passam os motoqueiros em alta velocidade. Uma tragédia pode acontecer a qualquer momento, principalmente quando as crianças saem da escola”, disse o indígena.Funai

O assessor da Funai em Dourados, Geraldo Ferreira, disse que devido o grande número de motocicletas nas aldeias, seria muito difícil realizar um trabalho de fiscalização. Ele reconhece que existem motoqueiros irregulares na Reserva, mas no momento a Funai não tem projetos para conter o problema. Em períodos esporádicos, agentes do órgão desenvolvem a “Operação Sucuri”, em busca de “sanar” as irregularidades das Aldeias Jaguapiru e Bororó.

“Muitas vezes solicitamos o serviço da Polícia Militar para acompanhar o trabalho dos agentes, mas eles pouco dão atenção”, critica. Em recente entrevista ao O PROGRESSO, o cacique Renato de Souza disse que lideranças indígenas já haviam solicitado a presença da PM dentro da Reserva, principalmente para atuar em problemas relacionados à violência. Eles alegam que os agentes da Funai não dão conta do serviço de inspeção.

O tenente Padilha, da Polícia Militar, enfatiza que o comando sempre está à disposição das solicitações da Funai. Para que os militares possam atuar dentro da Reserva é necessária autorização da administração da Funai. “Atuamos nas aldeias, embora não fazemos um trabalho de fiscalização como também não realiza-mos ações contínuas para checar as irregularidades”, esclarece. (Flávio Verão)

Veja também

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-
Verified by MonsterInsights