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terça-feira, 23 de abril de 2024

Após 33 mortes de bebês, HU terá contrato prorrogado

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22/09/2015 08h06 – Atualizado em 22/09/2015 08h06

Com déficit de R$ 5 mi e após 33 mortes de bebês, HU terá contrato prorrogado e revisado

Valéria Araújo

Com a morte de 33 bebês na maternidade este ano, o Hospital Universitário poderá ter seu convênio totalmente revisado e, sem ter outro hospital para oferecer serviços de maternidade, o contrato será prorrogado com a Prefeitura de Dourados por mais seis meses na prestação de serviços para o Sistema Único de Saúde. É o que deliberou ontem a tarde o Conselho Municipal de Saúde que discutiu a morte destes bebês e a possibilidade da maternidade ou até mesmo o hospital voltarem a ser geridos pela Prefeitura, como tentativa de melhorar a qualidade do atendimento.

O contrato do HU venceu no último dia 9 e para continuar prestando o serviço teria que ser renovado. Enquanto o HU alega taxa 160% na ocupação da maternidade, ou seja, atende mais do que o contratualizado e sofre com a superlotação e a falta de mais de R$ 5 milhões que não recebeu da Prefeitura de Dourados, o secretário Sebastião Nogueira alega que este ano o município deixou de receber do Governo do Estado mais de R$ 7.6 milhões, repasses que além de destinados ao HU, seriam para custear medicamentos e outros serviços da Unidade da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que já estão sendo prejudicados.

O secretário diz que o Estado não justifica a falta de repasses e que vem tratando o município de Dourados com descaso. Sobre a crise no HU, ele defende um novo hospital para Dourados prestar o serviço de maternidade, mas enquanto isso não acontece, que o HU cumpra as metas e coloque em contrato o suposto excesso no atendimento que alega para que os valores possam ser reajustados. A diretora do HU Mariana Croda explicou que o Hospital serve para atender serviços de alta complexidade e avaliou que se a Prefeitura pudesse retomar os atendimentos dos partos de baixa complexidade seria um fator importante para diminuir as taxas de superlotação.

A presidente do Conselho Municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado apontou irregularidades no hospital, como violência obstétrica e erros médicos dentro do HU. Além disso, segundo ela, o Conselho não consegue atuar dentro do Hospital porque os conselheiros acabam sendo barrados na tentativa de ajudar as pacientes que buscam ajuda.

“As gestantes chegam com fortes dores e alguns médicos pedem para elas voltarem para casa. Em alguns casos a mãe reclama que não tem como fazer o parto natural e médicos insistem neste procedimento, retardando o nascimento do bebê e colocando ele em risco, segundo as denúncias das gestantes”, destaca, observando que o Hospital recebe recursos da Rede Cegonha que, dentre outros, prevê o parto humanizado e permite a mãe escolher a modalidade do parto. Berenice também observa que há situações de ter um médico residente, sem a presença de um profissional.

“O HU aceitou os valores previstos no convênio da Prefeitura. Agora o HU vem dizer que não dá o dinheiro? Me disseram, dentro do Hospital que a maternidade é lugar de morrer gente, o que é um absurdo. Será que se fosse um filho de alguém do Hospital iriam dizer isso? Há 7 anos o atendimento do HU só vem regredindo! Nós estamos defendendo aqueles que não puderam ter este atendimento de qualidade e que agora amargam a dor de perder um filho. O conselho está em defesa da população”.

MPF

O procurador Federal Manoel de Souza Mendes diz que o MPF abrirá procedimento de investigação junto com a Polícia Federal para investigar as mortes de bebês, assim que os familiares formalizarem as denúncias. Sobre mudar a gestão da maternidade ele foi incisivo ao afirmar que sem o HU, o município de Dourados deixaria de receber os recursos federais importantes e que teme que o município não consiga arcar sozinho com os valores.

“Precisamos levar em conta os limites orçamentários do HU. Ao meu ver seria pior para a população de Dourados que o HU deixasse de ser administrado pela UFGD. Isto por que recursos da União deixaria de ser encaminhados para Dourados. Além disso, quem pagaria a conta da folha de pagamento de médicos, por exemplo, teria que ser a Prefeitura e hoje a responsabilidade é da União”.

Familiares

Muito emocionados, familiares que passaram pela morte de bebês no HU, clamaram por melhora no atendimento. Hallinno de Oliveira é pai de um bebê que morreu no HU semana passada. Disse que a esposa e ele chegaram na madrugada de sábado (12).

A esposa Tatiane estava com fortes dores e perdendo muito liquido. “Um auxiliar do médico fez exame de toque e do coraçãozinho e estava tudo normal e pediu para ir embora e voltasse quando a dor fosse mais intensa. Domingo pela manhã, às 6h, minha esposa já não aguentava de dor. “Foram escutar o coraçãozinho do bebê e não conseguiram. Levaram minha esposa para o ultrassom. Me chamaram e avisaram que a criança já havia morrido.

O médico não teve um mínimo de compaixão de preparar minha esposa para dar a notícia. Poderiam ter olhado com mais cuidado minha esposa e nosso filho e isso não ocorreu. Minha esposa está abalada hoje e só chora. Nosso filho não volta, mas tomara que o atendimento seja melhorado para que casos como este não se repitam”, destaca.

Secretário municipal de Saúde, Sebastião Nogueira, durante reunião na sede do Conselhofoto -  Hedio Fazan

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