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terça-feira, 23 de abril de 2024

Douradense vence barreira da cegueira e dá lição ao País

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11/07/2014 07h17 – Atualizado em 11/07/2014 07h17

Contadora formada já faz pós graduação e já sonha com o mestrado. Aos 19 anos ela perdeu a visão de forma misteriosa, mas fez da educação o caminho para conquistar seus objetivos

Valéria Araújo

Uma douradense de 38 anos, que perdeu a visão de por causas desconhecidas pela medicina brasileira, dá lição de vida ao mundo. Jussilene Ferreira, moradora no Jardim Pantanal, supera os obstáculos da cegueira e alcança posições de destaque em sua vida profissional. Graduada em contabilidade, ela finaliza a especialização em Gestão de Agronegócio e já pensa no mestrado. O objetivo é um dia poder ministrar aulas para crianças da Educação Especial.

A história de superação de Jussilene é tão marcante que ela foi convidada para participar do Programa “Encontro com Fátima Bernardes”, levando o nome de Dourados, de forma positiva a mídia nacional. O programa foi ao ar no dia 03 de dezembro do ano passado.

De lá para cá, Jussilene virou celebridade em Dourados. Todos querem saber um pouco mais sobre essa mulher que aos 19 anos perdeu a visão sem nenhuma explicação. Segundo ela, por anos buscou um diagnóstico com especialistas de Dourados e Campo Grande, mas não obteve êxito. Nenhum oftalmologista chegou a uma conclusão sobre a cegueira.

O dia 3 de janeiro de 1995, que poderia ser o pior de sua vida, serviu como inspiração. Naquele dia, ao levantar da cama e abrir os olhos Jussilene já não enxergava, uma escuridão total que a acompanha até hoje. Naquela época ela cuidava sozinha da filha de três meses. O amor pela criança e por ela mesma fez com que Jussilene nunca mais parasse de lutar, mesmo com os desafios, muitos deles gerados até por pessoas próximas a ela, que sentiam vergonha de sua condição de cega.

Morando nos fundos da casa de seus pais, ela decidiu que queria dar um novo rumo para a sua vida. “Eu não queria ser uma pessoa encostada. Queria ter a minha independência de vida e liberdade financeira. Queria mostrar a todos que eu podia mais”, destaca. Segundo ele, sofreu muito preconceito e as oportunidades de emprego demoraram a chegar.

“Quem é cego é tratado como lixo pela sociedade. Quantas vezes eu fazia provas e passava, mas pelo fato de ser cega, nunca me davam oportunidade”, desabafou.
Jussilene conseguiu seu primeiro trabalho anos após o início da cegueira, em 1997. Na antiga rádio Clube de Dourados comandava o programa “Luz do meu caminho” de grande audiência e que tocava músicas sertanejas.

Mesmo já empregada, a radialista decidiu que queria mais para a sua vida. Pediu ajuda na Escola Celso Muller do Amaral e com a ajuda dos professores realizou um provão para eliminar o ensino fundamental. Deu início ao ensino médio. “Os professores eram muito pacientes e me ajudavam muito. Há 16 anos fora da escola eu ia memorizando tudo o que se falava em sala de aula. Também procurava assistir a filmes educativos para complementar os estudos. Nas provas, os professores faziam as perguntas e eu ia respondendo. Era aluna nota 10”, comemora.

Já na faculdade de contabilidade, ela recebeu apoio dos professores Leonardo Cesar Garcia, Jane, Neide e Siana Beatriz para continuar trilhando pelo caminho da Educação. “Eu desenvolvi uma sensibilidade muito grande em relação a memorização dos números e de cabeça posso fazer qualquer conta. O tutor do meu Trabalho de Conclusão de Curso, Carlos Vitoratti, desenhava de forma imaginária em minhas mãos, algumas técnicas para que eu pudesse memorizar a contabilidade. Conclui com muito orgulho o meu trabalho sobre a abertura de uma empresa de reciclagem de pneus e fiquei muito emocionada quando os professores me falaram que sentiam orgulho de mim”, conta.

Casada e mãe de quatro filhos, ela se emociona ao contar que nunca viu o rosto do marido e dos filhos, mas que sente que Deus tem um propósito de vida a ela. Muita gente me procura e eu quero sim levar minha história de vida para aquelas pessoas que como eu tem alguma deficiência, para buscar dar um propósito a sua vida”.

SONHO

Já graduada e terminando a pós graduação, Jussilene quer chegar ao mestrado. A mulher que dá lição de vida ao mundo precisa de muito pouco para ser feliz: um notebook para continuar seus estudos de forma mais prática e uma pequena reforma na casa em que mora para dar conforto aos quatro filhos. “É o meu único desejo pelo qual oro a Deus pedindo todos os dias”, disse.

Jussilene Ferreira com o marido e Fátima Bernardes no set da Globofoto - facebook

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