05/03/2015 06h48 – Atualizado em 05/03/2015 06h48
Organização criminosa agia dentro da Penitenciária Estadual de Dourados. Presos de facção usavam as companheiras para entrar com droga na penitenciária
Valéria Araújo
A 1ª Vara Criminal condenou oito membros de uma organização criminosa que agia no maior presídio de segurança máxima de Mato Grosso do Sul, a Penitenciária Estadual de Dourados. De acordo com a denúncia da 4ª Promotoria do Ministério Público, detentos de alta periculosidade que pertencem a uma facção criminosa utilizavam as esposas para entrar com drogas no interior do presídio.
Ao todo, 4 mulheres foram condenadas a 10 anos e 8 meses de reclusão além de sanção pecuniária de 1.593 dias multas. Quatro detentos que seriam beneficiados com a droga foram condenados a 17 anos, um mês e 10 dias de reclusão, além de sanção pecuniária de 2.332 dias multa.
As mulheres foram presas em janeiro do ano passado com 533 gramas de maconha. Elas foram flagradas por agentes penitenciárias quando tentavam ingressar no presídio com a droga escondida no estômago e genitálias. Durante o processo ficou comprovado, segundo a Justiça que a droga seria utilizada para o tráfico de drogas no interior da unidade.
Também ficou evidenciado que a atividade ilícita acontecia com frequência. A rotira já era tão evidente que vários presos comentaram um dia antes que as mulheres chegariam no dia seguinte para entregar a droga. A informação chegou até o serviço de inteligência que comprovou a presença das mulheres e tentativa de entrar com a droga no interior do presídio.
De acordo com informações, a droga daria origem a balinhas que seriam comercializadas. Segundo avaliação técnica com a quantidade apreendida dariam para produzir 1.2 mil cigarros de maconha, quantidade considerada grande se levado em conta que trata-se de uma unidade prisional.
Durante depoimento três das mulheres disseram que levariam a drogas para os respectivos maridos, enquanto uma delas disse que levaria para um desconhecido, hipótese que mais tarde foi desmascarada pela Justiça. Também ficou comprovado nos autos que a droga seria disseminada no interior do presídio.
Uma das acusadas também foi condenada por ser a responsável por aliciar as outras mulheres para a prática criminosa. Ela pagaria R$ 800 por semana para as mulheres entrarem no presídio com a droga.
“(…) Denota-se que o ato de ingressar na penitenciária foi orquestrada pelas corres, já que agiram no mesmo dia e do mesmo modus operandi a induzir a existência de ânimo associativo entre elas. Inegável a existência de ânimo associativo de forma estável e duradora com a finalidade de cometer a traficância, a autorizar a prolação de édito condenatório também pelo delito de associação ao tráfico”.
Em relação aos detentos condenados, a justiça destacou a atuação dos quatro seguindo o texto; “sobre sua conduta social e personalidade, conforme revelam os agentes públicos ouvidos, o réu é considerado pessoa de extrema periculosidade, que inclusive integra facção criminosa que se notabilizou pelos ataques ao Estado e seus agentes com fúria e violência pouco vista anteriormente em tempos de paz.
Como definiu Claudio Lembo quando governador do Estado de São Paulo: Essa facção criminosa age por vezes como verdadeiro grupo terrorista, justamente por atacar as instituições do Estado, afastando -se pois no conceito de não tão famigerada súcia criminosa. Por conta disso inexorável considerar como deletéria as circunstâncias do crime”, destaca.
Organização Criminosa
Ainda este ano o Ministério Público Estadual denunciou outra organização criminosa que agia em Dourados praticando assaltos e roubo de veículos e eletrônicos. No pedido encaminhado ao Judiciário, a Promotoria defendeu a condenação de 7 acusados. Todos foram presos no último dia 20 em operação policial.
Junto com a quadrilha foram apreendidos mais de R$ 115 mil em produtos roubados de 11 pessoas que foram mantidas reféns. mediante a grave ameaça e com arma de fogo. Nesta lista estão: um veículo prisma, um automotor Renaut/Sandero (ambos transportados para o Paraguai), um Ford Ka, seis aparelhos celulares, um estetoscópio, quatro notebooks, dois pares de óculos, um Ipad, uma televisão de 32 polegadas, carteira de bolso, dois colares de ouro, duas alianças de ouro, dois relógios de pulso, além de R$ 1.7 mil em dinheiro e R$ 6 mil em lâmina de cheque. No total a organização criminosa fez 11 vítimas reféns com uso de extrema violência e arma de fogo A Promotoria aguarda sentença da Justiça.
