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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Preso que se formou em Campo Grande relata adversidades

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18/12/2014 07h38 – Atualizado em 18/12/2014 07h38

‘Tem que lidar com adversidades’, diz preso que se formou em Campo Grande

G1/MS

O objetivo era ter um diploma de curso superior e ocupar o tempo durante a privação de liberdade, mas a faculdade a distância ensinou muito mais que conteúdo para José Carlos de Santana Junior, 28 anos. Recém-formado em processos gerenciais, o preso condenado a 34 anos de prisão e há sete no Instituto Penal de Campo Grande, disse ao G1 que, além do conteúdo do curso, aprendeu a ter persistência e autodisciplina.

“Apesar de todo o incentivo da direção da unidade, as situações no presídio são adversas ao estudo. Os [presos] que não querem estudar não aceitam muito bem os que querem, e a gente ainda tem que se controlar emocionalmente, porque aqui dentro, em um segundo de bobeira, você pode cometer uma falta [disciplinar] grave e perder o direito ao benefício de estudar. Então, você tem que lidar com adversidades. Conquistar é difícil, perder é rápido”, ressaltou.
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Foram dois anos de dedicação diária, com aulas a distância, em frente a um computador, três vezes por semana, na sala de informática da unidade. O esforço e a determinação foram fundamentais, segundo José Carlos, para que ele não desistisse no meio do caminho.

“Parece fácil [ensino a distância], mas não é, porque é o mesmo grau de dificuldade da faculdade presencial. Nós tínhamos esse preconceito com o ensino a distância, mas durante o curso você adquire autodisciplina, porque vai muito do desejo de cada um, de fazer o curso e a faculdade a distância. Você tem que se organizar, tem que arranjar tempo para estudar. São tantas atividades que fazemos aqui dentro que falta tempo pra gente fazer tudo que quer, entre estudar, trabalhar, fazer curso”, explicou.

Dia curto

Segundo ele, a rotina no presídio começa cedo, por volta das 6h, e termina no fim da tarde, entre 16h e 17h, quando os internos se recolherem nos alojamentos.

No tempo que tem disponível, José Carlos desempenha atividades no setor de educação e na parte administrativa da unidade prisional, sob supervisão de funcionários da instituição.

Ele é o interno responsável pela biblioteca, pelo controle de listagem de alunos do ensino fundamental e médio, controle estoque de merenda e dos materiais. E no meio de tanta função, ele também arranjou tempo para fazer curso de padeiro e confeiteiro, em 2012, e aprendeu a tocar violão.

Depois das aulas de música, José Carlos também aprendeu a compor letras de melodias e chegou a registrar algumas das composições em cartório. “Aprendi a tocar violão aqui e fiz letra de 18 louvores. Alguns registrei em cartório”, disse.

Futuro

Para 2015, José Carlos já tem planos para continuar os estudos. Além de concluir o curso de qualificação de transações imobiliárias do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), o objetivo agora é cursar uma pós-graduação relacionada à área do curso superior.

“Gosto de citar uma frase do Nelson Mandela que diz que não existe lugar pequeno demais para que uma pessoa não possa crescer. E é verdade. O controle emocional é a chave da mente”, ponderou.

Colação de grau foi no pátio do Instituto Penal de Campo Grande (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

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