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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Usina Velha foi inaugurada com grande festa e fornecia luz das 18h às 23h30

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20/11/2015 14h30 – Atualizado em 20/11/2015 14h30

Usina Velha foi inaugurada com grande festa e fornecia luz das 18h às 23h30, conta Renata Bianchi

Assecom

A memória dos que vivenciaram momentos importantes da história da cidade, como a chegada da luz, é valorizada pela prefeitura através do projeto “Dourados 80 anos – Eu conto essa história”. Renata Bianchi e de família pioneira, guarda suas lembranças sobre a inauguração e funcionamento da Usina Filinto Muller, popularmente conhecida como “Usina Velha”, e também sobre a criação do Ubiratan.

Renata, funcionária pública, foi irmã de Rafael Bianchi fundador do Ubiratan e filha de Reinaldo Bianchi um dos primeiros funcionários da usina Filinto Muller. Ela lembra de uma Dourados em que nem mesmo as principais avenidas da cidade eram asfaltadas e até eram chamadas por outros nomes.

Nas memórias dela de infância ainda está a cachoeira em que muita gente ia tomar banho, localizada onde hoje é o bairro Vila Cachoeirinha. Apenas três lojas haviam na cidade. Uma delas vendida de tudo, desde linha de agulha, até marmelada cascão, tecido e sapatos. Dentista não tinha, e médico só um. O Hospital Evangélico era pequeno e único da cidade.

A praça Antônio João era toda fechada com arame farpado e tinha um campo de futebol onde o Ubiratan jogou pela primeira vez. Aos bailes ela ia com o pai, que gostava de dançar e levava as filhas junto.

Ela conta que o primeiro asfalto que chegou à avenida Marcelino Pires era federal. E que tudo o que se comia na cidade era vindo de Ponta Porã, já que lá era a sede da cidade. Desde açúcar mascavo, arroz, feijão e outros. A rapadura que era o lanche do colégio vinha em grandes sacos.

A única escola que tinha era a Erasmo Braga, mas segundo ela, só os ricos podem estudar. Depois foi implantado o colégio municipal que hoje é o Joaquim Murtinho. Ela entrou na escola pouco antes dos sete anos de idade e foi alfabetizada. “Aprendi a ler e escrever rapidinho”, conta.

Quando estava pronta para ir para o “ginásio”, não tinha onde estudar. Os ricos iam para Campo Grande e os pobres ficavam esperando. O professor José Lins então trouxe o colégio Osvaldo Cruz, quando ela já tinha 16 anos de idade. Foi quando pôde dar continuidade aos estudos. O local era particular, mas passo na seletiva para bolsa de estudos e ganhou. Conta que o inglês veio depois, naquela época se estudava francês e latim. “Mas, também não sei nada mais, passou”, afirma.

A mãe dela era uma rígida professora, que tinha fama de “amansar” aqueles alunos que eram muito difíceis de lidar. Hoje, ela encontra ex-alunos de dona “Nenzinha” e ainda ouve que muitos atribuem a ela seu sucesso profissional e os homens que são hoje.

Já o pai veio para trabalhar e morar na Colônia Agrícola por volta dos anos 40. Na Usina foi morar com a família por volta de 45. “A Colônia não estava rendendo nada para ele [Reinaldo]”, conta. A casinha em que moravam é onde fica a entrada do Tênis Clube. No local montou uma serraria trazendo da Fazenda Campanário um homem que era especialista nisso.

Ela conta que toda a lenha usada na usina era cortada na serralheria do pai dela. A estrutura era tocada com o vapor do Rio Laranja Doce que passava atrás dela. “Agora ele [rio] é um fiozinho. Dá tristeza de ver”, afirma Renata.

Para montar as máquinas da Usina ela lembra que vieram dois alemães e se hospedaram na casa dela. Eles comiam tomate, alface, agrião, salsinha, cebolinha, alface, tudo com açúcar. “Eles não comiam sal”, conta. Renata não sentava à mesa com a família, mesmo sob o protesto do pai, para não ter que ver aqueles homens comendo açúcar com alface. Ela lembra de máquinas grandes e muita estrutura.

A inauguração foi com grande festa e presença do governador, prefeito, deputados e outras autoridades. Renata fez o discurso em nome dos alunos de Dourados agradecendo a instalação da Usina. O discurso foi escrito por Weimar Torres, tinha três páginas e ele ia à casa dela todos os dias para que decorasse. “Todo mundo achou que eu estava falando de improviso”, conta ela, que sempre possuiu boa memória.

Quem ligava a “chave” para colocar a usina para funcionar era Reinaldo. A estrutura funcionava até madrugada. A luz era acionada às 18h e o pai dela desligava entre 23h30 e meia noite.

Além de contribuir para o trabalho na usina, o pai dela ainda deu palpite em outro ponto importante da história da cidade: a criação do clube de futebol Ubiratan. Este foi fundado por Borginho Capilé, João Capilé e Refael Bianchi, no dia 5 de fevereiro de 1.947. Ela lembra que essa criação foi dentro da casa dela.

Sobre como vê a cidade hoje, Renata conta que cresceu junto com ela e já até se perdeu quando tentou sair uma vez. Disse que não é mais aquele Dourados em que se podia tomar porre na praça, comer um atrás do outro.

Ela ainda deseja que a cidade continue crescendo e acolhendo seus filhos de antigamente, “que o povo tenha um pouco de paciência” no trânsito e envia uma mensagem aos próximos governantes para que sejam de cabeça limpa, boa e tenham caráter, listando prefeitos que acredita estar na lista dos que foram bons para a cidade, como o Murilo, Zé Elias e Vivaldi de Oliveira.



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