08/08/2014 10h11 – Atualizado em 08/08/2014 10h11
A quarta rodada do Campeonato Brasileiro Sub-15 Feminino da 1ª Divisão segue movimentada no Ginásio do ADC Alcoa, em Poços de Caldas (MG). Mas como nem só de atletas que se faz um campeonato. Os árbitros também estão representando seus estados na maior competição do basquete de base nacional. Na nova safra destaque para a mais jovem deles, a sul-mato-grossense Crislaine Alves, de 20 anos. Nascida em uma família humilde, passou necessidades, estudou, conseguiu vencer e hoje sua superação serve de inspiração. Mesmo com todos esses obstáculos, Crislaine, natural de cidade de Ponta Porã, não se deu por vencida e faz de tudo para realizar o sonho de sua mãe adotiva que era ver a filha formada.
Tudo começou nas quadras do Projeto “Arremessando para o Futuro”, quando ainda criança começou a praticar o esporte da bola laranja. Por lá, o técnico Hugo Costa, que também comanda a Seleção Sub-15 masculina do Mato Grosso do Sul, que disputa o Brasileiro Masculino da 2ª Divisão em Poços de Caldas (MG), notou que a menina levava jeito para o apito e a convidou para fazer o Curso de Arbitragem, quando ela tinha apenas 13 anos.
“Comecei apitando nos treinos, aos 13 anos, no Projeto Social em que eu também jogava. Um dia o técnico da categoria masculina do Ponta Porã Basquete, o professor Hugo, perguntou se eu gostaria de fazer o Curso de Arbitragem. Eu aceitei e ele pagou para que eu tivesse essa formação. E com isso comecei a apitar na Liga do Estado. No início, acredito que pela idade e ansiedade, eu apitava tudo, mas aos poucos os árbitros foram me ajudando e aí peguei o jeito rápido”, disse Crislaine.
Com a vocação para a arbitragem florescendo logo na infância, a vontade de colocar em prática tudo que estava aprendendo era enorme, tanto que atravessava a fronteira para administrar as partidas das categorias adultas em solo paraguaio.
“Eu ia para o Paraguai, na divisa com Ponta Porã, para apitar os jogos adultos da Liga Regional Paraguaia. No início ficava bem assustada, pois eu era baixinha e tinha apenas 13 anos, já os atletas tinham em média dois metros de altura. Era muita diferença. Teve uma vez que dois pivôs vieram pra cima de mim e eu fiquei desesperada, mas um dos árbitros da partida me ajudou a sair da situação. Aos poucos fui conquistando o respeito também dos jogadores”, contou a árbitra sul-mato-grossense.
Com o tempo a cidade de Ponta Porã foi ficando pequena para Crislaine, que foi viver em Dourados, uma cidade maior, mas também do interior do estado.
“Como além de apitar eu também jogava, fui chamada por uma técnica de uma escola particular de Dourados para jogar com bolsa de 100%. Morei com a auxiliar técnica e depois com minha irmã, mas ela morava muito longe de onde eu estudava, então decidi morar sozinha. Minha vida é uma verdadeira correria para conseguir me sustentar e pagar a faculdade de educação física. Então, além de estudar, trabalho e faço estágio”, explicou.
Mas não para por aí. A árbitra também faz parte do grupo “Ginasloucos”, que fazem apresentações com camas elásticas e acrobacias misturando adrenalina, animação, música e humor.
“Faz um pouco mais de uma ano que faço parte do grupo Ginasloucos. Eles fazem muitas apresentações em todo Brasil, inclusive aparições na televisão. Ainda não faço mortais, mas as enterradas com cama elástica, jogadas individuais, trios e coletivas, essas já consigo fazer. É um grupo muito legal e divertido”, afirmou Crislaine.
A árbitra que também foi atleta já esteve nas quadras disputando o Campeonato Brasileiro Sub-15 em Matinhos (Paraná/2010) e Sub-17 em Goiânia (Goiás/2009/2010).
“Eu sei exatamente o que esses atletas estão sentindo representando seus estados. Já passei por isso e foi inesquecível. Naquela época, o Brasileiro era por região, mas tínhamos um bom grupo que sempre ficava com boas colocações”, lembrou a ex-jogadora.
Esse ano, a árbitra sul-mato-grossense fez sua estreia apitando uma partida de Brasileiro. Mas ela não esperava que já fosse na Primeira Divisão do Campeonato.
“Há dois anos, fiz a prova e me tornei árbitra regional aos 18 anos. É a primeira vez que viajo para tão longe de casa. Está sendo um prazer muito grande estar podendo trabalhar no Campeonato Brasileiro, ao lado de alguns árbitros que estão começando, mas também de muitos que já são experientes. Tenho aprendido muito com todos. Está sendo um intercâmbio muito bom para mim profissionalmente e totalmente diferente de tudo que já trabalhei. Gostaria de agradecer a Federação do Mato Grosso do Sul e ao presidente Eduardo Costa pela oportunidade de estar aqui representando o meu estado. E de estar fazendo a minha estreia na Primeira Divisão”, concluiu.
O Campeonato Brasileiro Sub–15 Feminino e Masculino da 1ª Divisão é organizado e realizado pela Confederação Brasileira de Basketball (CBB), com o apoio da Federação Mineira de Basketball e Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, e financiado pela Lei de Incentivo ao Esporte por meio do convênio com o Ministério do Esporte.
Confira a tabela do Brasileiro Sub-15 Masculino e feminino da 1ª Divisão:
