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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Motorista passa metade do ano na estrada no “caminho” do pai

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José Carlos diz que os percalços são muitos. A insegurança nas estradas mal preservadas pelo país afora assusta. “Tenho mais fé que medo”, diz bem humorado

Por: Maria Lucia Tolouei – 30/06/2016 09h27

fotos e vídeo: Cido Costa/Douradosagora

Metade do ano fora de casa, o motorista José Carlos Martins, 46 anos de idade e 28 de estrada, diz que a profissão é sofrida mas faz de coração. “Não é só pelo dinheiro; isso é a minha vida”, conta o caminhoneiro residente no ABC Paulista que já rodou todo país e esteve pelo menos uma vez em cada estado brasileiro.

“Só não conheço Fernando de Noronha e o Amapá”, disse Martins, esta manhã, em entrevista ao Douradosagora. Ele tinha acabado de descarregar a carreta cegonha, com 22,4 metros de comprimento, numa concessionária de veículos de Dourados localizada no prolongamento da Avenida Marcelino Pires, na entrada da cidade. Neste Dia do Caminhoneiro (*) , ele contou um pouco acerca da vida sobre rodas.

José Carlos Martins guia desde os 18 anos, quando tirou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Seguiu os passos do pai, José Maurício, que dirigiu de 1969 até 2000. Morreu seis anos depois.

Martins diz que chegou a ficar três meses fora de casa, certa ocasião, quando foi para Manaus (Amazonas). Hoje, as viagens são mais curtas e espaçadas. A crise atingiu em cheio o setor automotivo. “Antes, vendia mais e tinha muitas entregas pelo Brasil afora”, conta o motorista.

O ganho também era maior. “Chegava a tirar de R$ 6 mil a R$ 7 mil por mês em comissões, fora os gastos com despesas pessoais. Hoje, gira entre R$ 3,5 mil a R$ 4 mil”.

Casado e pai de três filhos, um rapaz de 17 anos, uma menina de dois anos e oito meses e um bebê de nove meses, um garoto, Martins diz que a profissão é sofrida porque tem que ficar longe da família.

Mas a vocação fala mais alto. Herança do pai, gosto pela direção e expectativa de um futuro melhor são incentivos para José Carlos Martins que já foi dono de caminhão financiado e vendeu. Com tantos gastos com diesel, pedágios, manutenção, o melhor é trabalhar para os outros, assegura.

Os percalços são muitos, também. A insegurança nas estradas mal preservadas pelo país afora assusta. “Tenho mais fé que medo”, diz bem humorado.

Segundo Martins, trabalhar para uma grande empresa também tem suas vantagens. São oito horas de direção por dia, acrescidas de mais quatro extras, em veículos equipados com tacógrafo e rastreador para tentar coibir furtos de veículos.

A época do rebite passou para os caminhoneiros que trabalham em segurança, afirma Martins. “Hoje tem inspeção de rotina e os motoristas são obrigados a parar, pelo menos, oito horas por dia” conta o pai de família que já se preparava para seguir viagem de volta para casa, em São Bernardo do Campo.

( * )Há três datas para o Dia do Caminhoneiro, 30 de junho, 25 de julho e 16 de setembro


José Carlos Martins, no momento da reportagem, interrompeu para falar ao celular com esposa que o espera e S. Bernardo do Campo (SP)foto - Cido Costa/Douradosagora


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