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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Falta de profissionais afeta potencial da arqueologia em MS

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Arqueólogo paulista radicado no Estado há 35 anos defende curso superior em universidade sul-mato-grossense para estudos do tema

27/09/2017 07h14 – DouradosAgora

O bacharel em História e doutor em Arqueologia pela Universidade de São Paulo (USP), Gilson Rodolfo Martins, foi o primeiro convidado do Instituto Histórico e Geográfico de MS (IHGMS) a apresentar um painel no o 12º Seminário de Desenvolvimento Institucional de Mato Grosso do Sul – Conhecendo Nossa História – de MT a MS, com o tema a Riqueza Arqueológica de Mato Grosso do Sul, em que discorreu sobre as descobertas realizadas em vários sítios arqueológicos no interior do Estado e defendeu a implantação de uma faculdade de Arqueologia em uma das universidades sul-mato-grossenses para formar profissionais que possam dar sequencia aos estudos da presença histórica do ser humano em território sul-mato-grossense a partir de 20 mil a 25 mil anos atrás.

“O desafio do Instituto Histórico e Geográfico e seus parceiros e das gerações futuras é reverter essa realidade, pois não temos cursos de arqueologia no Estado e nos cursos de história apenas três arqueólogos atuam como professores, o que não é suficiente para explorar, estudar e pesquisar mais a fundo essa imensa riqueza arqueológica que existe no Mato Grosso do Sul, do Pantanal à região Leste”, destacou Rodolfo.

O arqueólogo, que foi diretor do Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), instalado no Memorial da Cultura, na Capital, apresentou dados do povoamento do ser humano na região, a partir de três fontes, o meio ambiente, a história indígena e a arqueologia nos estados vizinhos, como Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e nos países que fazem fronteira com o Estado, o Paraguai e Bolívia.

Em relação ao meio ambiente, o pesquisador afirmou que a região é uma mesopotâmia, com um ambiente paradisíaco para a reprodução da vida, o que levou os primeiros seres humanos a habitarem o MS ao interesse de se estabelecerem na região, entre 25 mil e 20 mil anos atrás. “Nosso Estado, com o Pantanal e as áreas entre os rios Paraná e Paraguai, são favoráveis à qualidade de vida e isso trouxe os primeiros seres humanos para cá, que deixaram suas marcas em pequenos conglomerados e até em uma grande cidade, que foi Xerez, primeiro na região de Naviraí e depois perto de Aquidauana”, afirmou o arqueólogo.
Em relação à segunda fonte, a história indígena, há registros e relatos da chegada dos índios procedentes da região amazônica há 3,5 mil anos até o século XIX e cita como um dos pioneiros desses estudos no Brasil, o antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss, que cita no ensaio Tristes Trópicos, de 1955, a vida dos indígenas no Brasil Central. “A densidade do passado cultural e biográfico de Mato Grosso do Sul é imenso, possuímos mais de mil sítios arqueológicos cadastramos, mas o número pode chegar a 15 mil”, afirma Gilson.

Na terceira fonte de busca do ser humano pela qualidade de vida na região, Gilson cita a arqueologia dos estados vizinhos, Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás e dos países vizinhos Paraguai e Bolívia, que também apresentam semelhanças e que serviram de caminho para os migrantes chegarem a Mato Grosso do Sul, criando o povoado de Santiago de Xerez, cujos traços foram encontrados à margem do rio Iguatemi, em Naviraí e depois próximo de Aquidauana, para onde a cidade se mudara, no século XVI e onde existem sinais das ruínas da provável mais antiga cidade do interior do Brasil, de 1623 e também o arraial da Fazenda Camapuã, que registraram a presença colonial luso-brasileira em 1725.

“As informações são grandes e até agora, a precisão com que podemos datar a chegada do ser humano a Mato Grosso do Sul é de 12,6 mil anos, que descobrimos em uma escavação no município de Chapadão do Sul, à margem do rio Sucuriú, mas acreditamos que o povoamento da região começou mesmo entre 25 e 20 mil anos atrás e essa história precisa ser pesquisada, estudada e aprofundada pelas futuras gerações, para manter vivo o registro da presença de nossos antepassados”, concluiu Gilson Martins.

Na mesma noite, a professora Maria Teresa Garritano Dourado apresentou o painel com o tema Ocupação, Povoamento e o Papel da Mulher no Sul de Mato Grosso – Século XIX, em que destacou a figura de Senhorinha Maria da Conceição Barbosa, que viveu nas regiões de Nioaque e Miranda, foi duas vezes presa por paraguaios e que morreu com mais de 100 anos em Bela Vista.

O Coral Fronteira Aberta abriu o seminário e ontem, no segundo e último dia do evento, foram apresentados painéis sobre a história de Mato Grosso do Sul pelos escritores Angela Laurindo e Paulo Eduardo Cabral e Lucia Salsa Corrêa e Valmir Batista Corrêa.

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