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terça-feira, 23 de abril de 2024

Cirurgia bariátrica para em MS. São 398 na fila; douradense aguarda há 5 anos

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Obesidade já atinge cerca de 29 mil pacientes em Dourados. Prefeitura de Campo Grande, referência no atendimento, alega falta de recursos para manter as cirurgias

19/09/2017 06h58 – Valéria Araújo

As cirurgias bariátricas completam 2 anos suspensas em Mato Grosso do Sul deixando cerca de 398 pacientes na fila. De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, que é a responsável pelos procedimentos, faltam recursos.

Os hospitais habilitados para o procedimento suspenderam o serviço porque questionam os valores pagos pelo Sistema Único de Saúde. De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, cada cirurgia custa cerca de R$ 7 mil. Tanto o Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como a Santa Casa alegam que precisam de um aporte maior de investimentos para realizar o procedimento, segundo a Prefeitura.

A gestão alega que não tem os valores solicitados pelos hospitais e que para atender essa e outras especialidades da alta e média complexidade, precisaria de um aporte de R$ 67 milhões. O problema, segundo a Prefeitura já foi levado para o Ministério da Saúde que teria sido irredutível em disponibilizar novos investimentos.

Do total de pacientes na fila, 98 estariam aptos para realizar o procedimento que seria no Hospital Universitário enquanto outros 300 ainda precisam realizar a primeira consulta.

É o caso da douradense Rógina de Castro, de 46 anos, que tenta há 5 anos o procedimento. Ela conta que por sofrer de obesidade de grau III, a cirurgia é o único recurso capaz de amenizar os transtornos causados pela doença. Rógina, que é domestica afastada, corre ainda o risco de infarto e já tem artrose e osteoporose nos joelhos em estagio avançado, doenças, que segundo os médicos dela, foram desencadeadas em função da obesidade.

“Minha estrutura óssea já não comporta o meu peso e por causa disso fico praticamente imobilizada e sentindo fortes dores. Por causa disso tarefas simples do dia a dia ficam comprometidos. Meu marido precisou sair do serviço para cuidar de mim e vivemos do salário mínimo que ganho afastada das minhas funções. Não posso ficar nessa situação de quase vegetativa, preciso que o poder público garanta o meu direito a um tratamento para que eu possa me livrar da doença e voltar a ter minha autonomia e minha dignidade”, destaca.

Rógina diz que vai procurar a Defensoria Pública para tentar assegurar na Justiça o direito de ser atendida. “Fui encaminhada de Dourados para Campo Grande, que é onde se faz a cirurgia, porém fui informada de que nenhum hospital está realizando o procedimento na Capital. Mas o que fazer com as centenas de pacientes que precisam de ajuda?”, questiona.

29 mil obesos

Pesquisa realizada com doadores de sangue em Dourados revela dados alarmantes sobre a qualidade de vida dos douradenses. De acordo com a estimativa do médico Jorge Luiz Baldasso, idealizador do último estudo, 74 mil pessoas com idades entre 20 e 60 anos estão acima do peso.

A estimativa corresponde a 68% da população nesta faixa etária. Desse total, 43 mil pessoas estariam sobrepeso, 29 mil estão obesos (26,5%) e 1.5 mil são mórbidos (1,42%). Os dados antropométricos foram coletados por profissionais da área de saúde no Hemocentro de Dourados entre novembro de 2010 e fevereiro de 2011. Os doadores de sangue de ambos os sexos, tinham idades entre 18 e 65 anos. Os autores do estudo são o médico Jorge Luiz Baldasso e o bioquímico Roberto Alva.

Segundo os especialistas, se comparado com a média nacional, a situação de Dourados fica ainda mais grave. Pesquisa do IBGE para a medição da obesidade no Brasil entre 2008 e 2009, mostrou um índice de pessoas acima do peso em 50,1% para o sexo masculino e 48% para o sexo feminino. O índice de Dourados em 68% é, portanto, muito acima da média nacional, segundo Baldasso.

Na opinião dele, se algo não for feito de forma imediata para mudar a qualidade de vida da população, Dourados corre sérios riscos de sofrer um “surto” de pacientes com diabetes, infartos, derrames, entre outras doenças cardiovasculares.

“É preferível prevenir a obesidade do que tratá-la. É necessário a promoção de ações de saúde nas escolas, com orientação sobre dieta e atividades físicas, além de melhorias da estrutura urbana da cidade como as ciclovias, pistas de caminhada, estímulo ao esporte e adequar o programa de obesidade às necessidades do município”, destaca Baldasso.

Douradense Rógina de Castro, de 46 anos, que tenta há 5 anos a cirurgia bariátrica - foto: Hedio Fazan

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