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quinta-feira, 28 de março de 2024

Pesquisas não viram medicamento por falta de interesse da indústria

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Uma série de pesquisas feitas por cientistas brasileiros tem conseguido avanços importantes na prevenção da doença de Chagas.

O ponto alto dessas pesquisas foi a cura inédita em camundongos altamente suscetíveis à doença, por meio de uma tecnologia de vacina de DNA.

No entanto, ainda não há perspectiva para a realização de testes clínicos devido à falta de interesse da indústria farmacêutica.

O alerta foi dado por Maurício Martins Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenador dos projetos de pesquisa, durante a 26ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), no Rio de Janeiro.

A doença de Chagas é considerada uma doença negligenciada, e Rodrigues já havia alertado antes sobre o ceticismo em relação a uma vacina contra a doença de Chagas.

Segundo o pesquisador, os projetos de pesquisa têm gerado inúmeros trabalhos, teses, reagentes e patentes, que são importantes para o possível desenvolvimento para uma vacina contra a doença de Chagas.

O problema é que, por ser uma doença negligenciada, não tem havido interesse explícito de nenhuma companhia em gerar um produto a partir daí.

“A atual situação é que geramos todos os vetores, as proteínas recombinantes de resultados experimentais em animais, obtivemos as patentes e precisávamos agora de algum tipo de contato com empresas interessadas em produzir esse tipo de vacina.

Nessa fase da pesquisa, esse interesse já teria se manifestado se não se tratasse da doença de Chagas”, disse ele.

Rodrigues compara a situação dos projetos sobre doença de Chagas com seus próprios projetos que utilizam os mesmos modelos para estudar a malária.

Ele coordena atualmente um outro projeto sobre a malária, também financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Na área de vacinação contra a malária trabalhamos com a mesma estratégia, só que utilizamos uma proteína recombinante, em vez de DNA plasmodial.

Nesse projeto, conseguimos uma patente internacional de alto nível para a vacina e estamos o tempo todo recebendo contatos de empresas com interesse em desenvolver algum tipo de produto. Isso jamais ocorreu com o projeto sobre a doença de Chagas”, disse.

A produção de conhecimento sobre o tema da doença de Chagas, no entanto, é de extrema importância, ainda que a indústria não se interesse, segundo Rodrigues. “Tudo o que fazemos em doença de Chagas é absolutamente aplicável a outras doenças, inclusive malária, tuberculose ou o HIV”, afirmou.

De acordo com Rodrigues, os protocolos utilizados mostraram extrema eficiência. Segundo ele, ao ter contato com o Trypanosoma cruzi, o indivíduo infectado desenvolve parasitemia, que caracteriza a fase aguda da doença.

À medida que os anticorpos começam a agir, a parasitemia diminui e a doença entra na fase crônica, que pode durar pelo resto da vida, em um equilíbrio que mantém vivos parasita e hospedeiro.

“Entretanto, alguns camundongos são altamente suscetíveis e não têm essa diminuição da parasitemia, morrendo ainda na fase aguda da doença.

O protocolo que utilizamos induziu a uma imunidade de longa duração e conseguiu, pela primeira vez, curar esse tipo de animal da doença de Chagas”, explicou.(Agência Fapesp)

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