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sexta-feira, 19 de abril de 2024

“Todos ganhamos com a criação do Estado”, diz escritor

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“Mato Grosso do Sul se firma na constelação dos Estados, e se torna uma Estrela Brilhante no Oeste, integrado totalmente à cultura e o desenvolvimento.”

10/10/2017 07h39 – Por: Maria Lucia Tolouei

A divisão do Estado foi algo bom para ambos os lados. “Estamos plenamente incluídos no contexto da nação brasileira, em igualdade de condições, sobressaindo em diversas áreas. Lideramos, proporcionalmente, em setores vitais da economia nacional. Na área cultural, nós somos chamadas à realidade, tendo em vista a proximidade com a região sul do País, e aí nos incluímos como celeiro de produtividade e nas tecnologias de ponta”, analisa o escritor Arthur Jorge do Amaral, 70 anos, natural de Rio Brilhante. Amaral é membro da União Brasileira de Escritores (UBE/MS) e ex-deputado estadual.

Segundo o autor do livro “Sou MS”, a divisão territorial foi amplamente benéfica para os dois Estados, principalmente para o norte (Mato Grosso) que pôde se dedicar às regiões despovoadas da bacia amazônica, e na divisa com Goiás e Tocantins, hoje celeiro do planeta, em produção de alimentos – chega a quase duas centenas de municípios, em Mato Grosso do Sul estamos em 79.

“Mato Grosso do Sul se firma na constelação dos Estados, e se torna uma Estrela Brilhante no Oeste, integrado totalmente à cultura e o desenvolvimento. Podemos e devemos nos orgulhar de nossa história, ter confiança plena em nossa juventude, que às centenas de milhares, hoje se perfilam nas universidades, em especializações para um mundo moderno. Todos orgulhosos de nosso nome: Mato Grosso do Sul…”, enfatiza Arthur Amaral.

Confira a entrevista comemorativa aos 40 anos de Mato Grosso do Sul.

Qual a gênese do movimento divisionista? Qual foi a real intenção?

No momento que vamos completar 40 da criação de Mato Grosso do Sul (11 de outubro de 2017), fica a sensação de que foi um fato novo na constelação dos Estados Brasileiros, mas essa história remonta a séculos; precisamos revisitar a história de nosso País para entender o que realmente aconteceu; meu livro “Sou MS”, procuro buscar essas explicações… Primeiro: em 1750, com o Tratado de Madri (250 anos após o descobrimento do Brasil, toda esta região oeste pertencia à Espanha, Tratado de Tordesilhas de 1494), passamos a domínio da Coroa Portuguesa; em 1748 Portugal se antecipava e criava a “Capitania das Minas de Cuiabá e Mato Grosso” e então começa a administração de Rolin de Moura Tavares, quase totalmente voltada para a região norte/amazônica. O governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus, manda construir uma cidade, denominada Forte Nossa Senhora dos Prazeres de Iguatemi, isto em 1765 (durou 12 anos); esta é a primeira presença e posse de brasileiros em nossa região (extremo do hoje MS). Busco esta história para esclarecer um ponto que quase nada se fala.

A expectativa de criação de um Estado na região sul da então província de Mato Grosso, quase se concretiza quando da primeira Constituição do Império (1824 editada por Dom Pedro I), e só não acontecendo por ser indivisa a fronteira com o Paraguai, e não existir interesse em conflito diplomático na época; após a guerra com o Paraguai e definição dessas fronteiras, existiam grandes áreas devolutas e de propriedade da União Federal, as quais vão ser entregues à Cia. Mate Laranjeira; ao final do século XIX, começam a chegar milhares de rio-grandenses (via Argentina e Paraguai), em busca de aqui fazerem morada, e começam então as lutas pela terra, e diversos movimentos e revoluções nesse sentido. Em 1932 (Revolução Constitucionalista de São Paulo) a região hoje MS, ficou ao lado paulista, criado um governo revolucionário para agir em detrimento de Cuiabá, foi o estopim para criar esse gigantesco interesse de emancipação…. Esse foi a Gênese do MS.

E qual era a expectativa? A divisão do Estado confirmou isso?

A nossa região sempre esteve ligada naturalmente a São Paulo, Paraná e Minas Gerais, portanto, suas raízes diferentes do norte, que foi totalmente dependente do Rio Paraguai; a separação regional quase natural; de Coxim a Rondonópolis, são quase 400 Kms, onde nada existia… A região sul se desenvolvia com maior velocidade, pela proximidade com São Paulo (Br 267, Ponte Hélio Serejo em Porto XV de Novembro, Ferrovia Noroeste), e tudo pedia soluções rápidas, o que não acontecia pela distância de Cuiabá… A expectativa era um progresso mais rápido. A criação do Estado atendeu plenamente isso…

Quem saiu ganhando ou perdendo?

A divisão territorial foi amplamente benéfica para os dois Estados… Principalmente para o norte (Mato Grosso); pôde se dedicar às regiões despovoadas da bacia amazônica, e na divisa com Goiás e Tocantins, hoje celeiro do planeta, em produção de alimentos (chega a quase duas centenas de municípios, no MS estamos em 79)… Podemos afirmar que todos ganhamos com a criação do Mato Grosso do Sul.

Como era o cenário antes e depois da Divisão?

Existia uma dificuldade enorme para o setor administrativo, onde nossos municípios sofriam pela distância e falta de infraestrutura de transportes e comunicações… Uma viagem a Cuiabá passava de uma semana (ida e volta); os resultados difíceis de se efetivar, ficando o setor público refém de entraves, e a iniciativa privada correndo para acompanhar São Paulo e o Paraná… Após a divulgação do Governo Federal em criar a nova unidade federativa (MS), houve uma explosão de contentamento, e os investidores para aqui voltam suas vistas, principalmente os da região sul (PR/SC/RS); foi uma corrida de agricultores com suas tecnologias, abrindo frentes no cerrado e planícies, mudando completamente o perfil socioeconômico, antes somente pecuário; houve uma revolução em setores antes abandonados e estagnados; aí a pujança extraordinária que vai revolucionar os espaços abertos e improdutivos, para se tornar nessa gigantesca produção, ainda à industrialização de suínos e avícola; a exportação de alimentos colocou a região do hoje MS, na ponta para o Brasil.

O que deu certo e/ou errado?

Podemos afirmar que foi um dos pontos mais significativos do período revolucionário, e deixou nossa região preparada para o futuro; hoje sentimos plenamente essa nova fase. Naquela época o governo federal, já olhando com carinho esta região criou o Prodoeste, com grandes investimentos em rodovias pavimentadas para nossa região, unindo Campo Grande a Cuiabá; Cuiabá/Minas/Brasília, e a região sul do MS; também o Polocentro, que despejou recursos para incentivar o aproveitamento do cerrado, resultando em milhões de hectares plantados; ao final o Prodegran (Programa de Desenvolvimento da Região de Dourados).

Economicamente, o Mato Grosso ultrapassou o Mato Grosso do Sul? O que detonou isto?

O norte, onde se encontra o MT, é uma extensão territorial incrível; grandes planícies de cerrado e matas tropicais; hoje mais duas regiões já buscam emancipação e esperança de mais dois Estados surgirem no extremo norte e leste… as terras são totalmente agricultáveis, e os grandes empresários buscaram esses espaços vazios e baratos; já no MS nós temos a região do Pantanal (um espetáculo de preservação ambiental), mas quase desabitado, e produção na pecuária em pequena escala; para leste, uma outra realidade, entre o Rios Pardo e Sucuriú, baixa fertilidade do solo, hoje aproveitado pelo maciço florestal, e que resgatou essa região; então não se trata de ultrapassar nada, e sim uma realidade de disparidade territorial.

Culturalmente falando, houve perdas?Não, de forma nenhuma… Nós (o MS) estamos plenamente incluídos no contexto da nação brasileira, em igualdade de condições, sobressaindo em diversas áreas; podemos dizer que lideramos (proporcionalmente) em setores vitais da encomia nacional… Na área cultural nós somos chamadas à realidade, tendo em vista a proximidade com a região sul do País, e aí nos incluímos como celeiro de produtividade e nas tecnologias de ponta…

O senhor é favorável à mudança do nome do Estado do MS para Pantanal, por exemplo? O que sugere?

Totalmente contra qualquer mudança… A nossa identidade já é perene e nos fortalece em defender o nome de Mato Grosso do Sul… Essa história de mudança foi um devaneio de alguns, e hoje totalmente descartada… A minha sugestão é trabalhar, nós todos, pela divulgação de nossos símbolos, nossa história e nosso amor ao MS.

Considerações finais

Meu agradecimento pela oportunidade. Mato Grosso do Sul se firma na constelação dos Estados, e se torna uma Estrela Brilhante no Oeste, integrado totalmente à cultura e o desenvolvimento…. Podemos e devemos se orgulhar de nossa história; confiança plena em nossa juventude, que às centenas de milhares, hoje se perfilam nas universidades, em especializações para um mundo moderno…. Todos orgulhosos de nosso nome: Mato Grosso do Sul…

Arthur Jorge do Amaral é membro da  UBE/MS), ex-deputado estadual e autor da obra

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