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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Abandono: Patrimônio histórico em Itahum abriga porcos

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Estação Ferroviária está em ruínas e em situação de total abandono

Valéria Araújo

O cenário é desolador. Um dos principais patrimônios históricos de Dourados, a Estação Ferroviária de Itahum, está em ruínas e em situação de total abandono. As antigas salas de atendimento da estação, hoje abrigam porcos, galinhas, lixo e um depósito de couro e carcaça de bovinos. O mau cheiro toma conta do local. Ossos, provenientes de abates clandestinos, estão por toda a parte em meio a moscas varejeiras.

A estação, que na década de 50 foi rota de grande parte da produção agrícola de Dourados, hoje se deteriora. Inaugurada em 1949, a ferrovia foi tombada pelo patrimônio público, histórico e cultural pela Lei nº 2.089, de 11 de setembro de 1996; um dos motivos pelo qual ela deveria ser conservada.

A sem teto Marilene Ribeiro Nunes, que mora no local há 10 anos, diz que tudo foi furtado na estação. “Aqui havia energia elétrica, mas toda a fiação e a canalização da água foram levados por bandidos”, lamenta. Segundo ela, até portas e janelas foram objeto de furto. “Tudo o que deu para levar daqui foi levado. O que resta é só a estrutura mesmo”, ressalta.

Marilene diz que morar na estação não é fácil. “Vivemos com medo. Aqui é usado para uso de drogas e bebidas. Todo o dia de manhã me deparo com pessoas drogadas e bêbadas dormindo aqui. Sinto muito medo. A turma do governo esteve aqui e disse que iria fazer uma reforma geral no prédio e que ira construir uma casinha para mim e meu esposo. Os anos se passaram e nada”, conta, observando que não dispõe de recursos para pagar o aluguel.

Ela diz ainda que se sente esquecida. Segundo a sem teto, apesar do marido resistir deixar a Estação, ela revela que se tivesse uma outra opção, mudaria da área invadida. Apesar disso a dona-de-casa conta que não é cadastrada em nenhum programa social de habitação.

Os trilhos enferrujados levam a um vagão tomado por sem tetos. De acordo com moradores vizinhos, tratam-se de indígenas, que consomem bebidas alcoólicas e amedrontam a população local. “Não temos medo por serem índios, mas pelo fato de estarem bêbados. Quando nós nos aproximamos, eles nos recebem com facões. Sentimos medo”, conta a moradora.

A dona-de-casa Marta Gonçalves de Almeida é vizinha da estação. Diz que o sonho dela seria que o local fosse reformado, ou que voltasse a ser utilizado. “Lembro quando eu morava na cidade de Terenos. Eu e meus irmãos andávamos de trem quando crianças. Isto marcou minha infância”, lembra.

Segundo ela, se a estação fosse revitalizada, todo o distrito de Itahum seria valorizado. “Tenho certeza que o aspecto de cidadezinha do interior abandonada iria mudar. A estação traria muitos visitantes e turistas, como deveria acontecer desde que a ferrovia foi considerada patrimônio histórico e cultural. Se o poder público queria abandonar a estação, não deveria ter tombado a ferrovia. Talvez se ela fosse demolida de vez, não traria tantos problemas”, disse.

MPE

O Ministério Público Estadual (MPE), através da Promotoria de Patrimônio Histórico e Cultural, representada pelo promotor Paulo Cesar Zeni, apurou em inquérito que a Estação foi criada através de uma lei estadual, mas que foi devolvida a União. Por causa disso, a promotoria vai encaminhar o inquérito ao Ministério Público Federal, para que dê continuidade as investigações e se achar necessário, cobre do governo federal uma providência.

Porcos e depósitos de couro de bovinos ocupam cômodos da antiga estação. (Foto: Hedio Fazan)

Patrimônio histórico está em ruínas; moradores querem revitalização

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