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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Bombeiros de Dourados: três décadas de serviços

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Bombeiros de Dourados: três décadas de serviços

Maria Lucia Tolouei

Dourados tem muito do que se orgulhar. Cidade universitária, capital econômica do Estado, centro do Cone Sul, reduto de artistas. É para onde converge a região que busca Saúde, Educação, Comércio, Serviços. A Cidade Modelo destaca-se também no atendimento de emergência que tem como um dos pilares os Bombeiros do 2º Grupamento Militar.

A sede do 2º Grupamento de Bombeiros, construída em área doada pelo pioneiro Emídgio Rosa, foi inaugurada em 8 de novembro de 1976. Na época, era subordinada ao então 2º SGI/CB, sediado em Campo Grande , hoje o 1º Grupamento de Bombeiros. O Estado era, ainda, Mato Grosso. Naquele ano, governava José Garcia Neto. O Comandante Geral da Polícia Militar do estado, antes da divisão que deu origem ao Mato Grosso do Sul, era o coronel QOPM Geraldo de Oliveira e Silva. O Corpo de Bombeiros, era comandado por Major QOPM Amilton Sá Corrêa.

Primeiros tempos

No dia da inauguração, a unidade de Dourados contava com um efetivo de 41 homens, comandados pelo 1º Ten QOPM Jonas Paes da Silva. Os primeiros equipamentos foram um caminhão 1313, ABI; um caminhão Perkins; uma C-10; um Jeep; materiais para escritório para as seções administrativas, para alojamentos, para o refeitório e para combate a incêndios.

Com o aumento da demanda, o 2º GM adquiriu novos materiais e viaturas. Hoje conta com equipamentos de ponta, como Unidades de Terapia Intensiva (UTI) móveis para atender a urgências e emergências; para salvamento em águas; carros-pipa para combate ao incêndio, entre outros.

Bombeiros “viram a página” e seguem em frente

Vida de bombeiro está longe de ser um filme de aventura. Incansáveis profissionais, eles são exemplo de superação. Incêndios, afogamentos, resgates de corpos, envenenamentos, tentativas de suicídio, baleados, esfaqueados, brigas em família.
Tem de tudo no dia a dia destes homens e mulheres que escolheram o desafio de salvar vidas e bens.

“Na ocorrência a gente tem que ser o cara”, diz o sub tenente Sebastião Gomes Borba. Natural de Itaporã e bombeiro há 30 anos, ele é o irmão mais velho do cabo Vilmar, que também integra a corporação em Dourados. Borba já se aposentou, mas resolveu voltar à ativa. Escolha acertada, garante o militar que trocou a roça pelo Exército e seguiu carreira de bombeiro.

O colega dele, 1º sargento Lima, foi pelo mesmo caminho. Do “tiro de guerra” para o quartel “vermelho”. Pedro Santos de Lima, 41 anos dos quais 21 nos Bombeiros, prefere deixar para traz lembranças tristes. “A gente tenta esquecer. A carga de estresse é muito grande. Tem que deixar o ‘emocional’ de lado e aproveitar o melhor da profissão”, diz. Mas por insistência da repórter, ele recorda de um incêndio que ajudou a apagar.

Agora até parto…

Foi na década de 90. A loja Brastintas pegou fogo. Perda total. “Naquele tempo a gente não tinha equipamento suficiente, como hoje. Agora, até parto em viatura se faz”, conta Lima, que tem dois irmãos bombeiros, o tenente Djalma e o sargento Santos Lima.

Borba chora

Subtenente Borba, que resolveu trocar a ‘paradeira’ da vida de aposentado pela agitação do quartel, chora quando se lembra das crianças vítimas de acidente.
“Era um ônibus lotado, que vinha de Caarapó. Capotou na pista. Isso foi há uns 23 anos. Não havia viatura de resgate. Só uma caminhonete C-10. Quando chegamos no local do acidente, tinha criança espalhada para todo lado, debaixo do ônibus, gritando…”.

Aqui ele para. Abaixa a cabeça, pede desculpa e chora. A repórter diz que ele deveria chorar mesmo. Faz mal segurar as lágrimas. Homem também chora…
Borba se recompõe, como se espera de um oficial bombeiro, imagem feita pelo inconsciente coletivo.

Retoma a história. “Não tinha equipamento para tirar o pessoal que tinha ficado preso embaixo do ônibus. Levantávamos um lado, para puxar um aluno e outro gritava, do lado de lá. Desesperador mesmo!” Num momento como estes, ele diz que não tem escolha. “Pensei, tenho que tirar eles daqui”.

Os bombeiros colocavam os feridos na carroceria da caminhonete, levavam para o hospital e voltavam para a pista, a quilômetros dali. Naquele tempo, mergulho para salvar afogado era “na raça”, como diz o sub tenente Borba. “Hoje tem roupa, máscara, colete, equipamentos…”

No dia do Tornado, que deixou rastro de destruição às 11h40 do dia 26 de abril deste ano, todo efetivo foi mobilizado.

Vidas alheias e riquezas a salvar

O 2º Grupamento de Bombeiros Militar de Dourados integra um dos 27 quartéis de Mato Grosso do Sul, sob o comando do coronel Ociel Ortiz Elias. Em Dourados, o tenente coronel Jonys Cabrera Lopes é o comandante. O aquidanauense, filho de militar, resolveu seguir mesma carreira. São 21 anos de quartel.

Segundo ele, é preciso coragem, disciplina e, principalmente, disposição para seguir as regras. “É uma questão de ‘berço”, pondera. Ele já passou “maus bocados”, durante resgates. É o caso de um salvamento num prédio em chamas, na cidade de Corumbá.

Ele se viu cercado pela fumaça e conseguiu escapar, até a chegada dos colegas, porque colocou a boca numa fresta do ar condicionado para respirar. Histórias da vida real, difíceis de esquecer.

Associação Beneficente Salvare

Nem só de perigo vivem os “homens do fogo”. Eles e elas estão engajados em programas sociais. Seis, em Dourados, tocados pela Associação Beneficente Salvare. A Salvare é uma associação sem fins lucrativos que promove atendimento a jovens e adultos em diversos setores. A instituição é composta por bombeiros do 2º Grupamento de Dourados, voluntários civis que contam com parcerias com entidades como a Fundação de Cultura (Funced).

Projetos Sociais

Tem o Bombeiro Esperança, o Bombeiro Amigo da Amamentação, Tocando em frente, Criança no Esporte Cidadão do Futuro, Doando Vida e Viver Melhor.
Confira como funcionam estes projetos, ações, públicos alvos e resultados.

Bombeiro Esperança

Com foco no desenvolvimento integral, o projeto Bombeiro Esperança atende uma média de 30 jovens com idades entre 15 e 16 anos que estejam matriculados e freqüentando escola da rede pública de ensino. O objetivo é oferecer opções para tirar o jovem das ruas e orientar para o mercado de trabalho, através de um programa que enfoca a formação do cidadão.

Na primeira fase, são três horas e meia, em dias úteis, durante um semestre, para ensinar conceitos sobre a disciplina militar, primeiros socorros, prevenção de acidentes domésticos. A programação inclui civismo, educação no trânsito, higiene e saúde, educação familiar e ambiental, práticas esportivas, civismo, voluntariado, além do reforço escolar. Na segunda fase, eles são incluídos em cursos profissionalizantes.

O projeto finaliza a formação com a inclusão destes jovens no mercado de trabalho. Os desempenhos deles são acompanhados pela Coordenação do grupo. Os Bombeiros acreditam que a ação contribui para reduzir o índice de violência na juventude, incentivar os estudos, reduzir a evasão escolar e a prática de valores morais e sociais no cotidiano do jovem de classes sociais menos favorecidas.

Bombeiro Amigo da Amamentação

Os bombeiros são parceiros da infância. Eles apóiam as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde na busca por doadoras de leite materno. O alimento é fundamental para a vida de crianças internadas na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI e UI) e que não podem ser amamentadas pelas próprias mães.

O Bombeiro Amigo da Amamentação sai em busca de mães que estão amamentando e se disponibilizam também a ajudar os filhos dos outros. Elas são cadastradas e orientadas sobre os benefícios da amamentação. Recebe frascos e orientações acerca de cuidados gerais com a higienização, coleta e armazenamento do leite.

O produto é recolhido uma vez por semana, encaminhado Hospital da Vida, o produto é pasteurizado antes de ser distribuído para alimentar os bebês doentes. O programa começou coletando cerca de dois litros por mês, com 14 doadoras, a maior parte internadas em hospitais. Hoje, os Bombeiros de Dourados recolhem uma média de seis litros por semana, doados por 24 mulheres cadastradas o programa. A maior parte do leite natural é colhido nas residências.

Tocando em frente

Música instrumental também faz parte do cotidiano dos bombeiros. Inclui leitura da linguagem em cifras, teoria e a prática. Eles desenvolvem o projeto Tocando em Frente, com a Salvare e a parceria com a Fundação de Cultura (Funced).O projeto atende 20 alunos com idade mínima de sete anos, com aulas gratuitas de violão ministradas por professor que atua junto à comunidade douradense.

O pré-requisito é saber ler e escrever, além da vontade de aprender a tocar. Nesta ordem, a preferência é para o bombeiro, familiar de bombeiro e a comunidade em geral.
O objetivo é incentivar o gosto pela música, despertar a sensibilidade dos alunos, preparar para a formação de novos músicos que possam promover a cultura.

Criança no Esporte Cidadão do Futuro

Trinta meninos com idades entre cinco e 12 anos se encontram três vezes por semana, na quadra do futsal do 2º Grupamento de Bombeiros Militar de Dourados. Eles são filhos de bombeiros e outros profissionais, que durante uma hora e meia treinam e desenvolvem habilidades múltiplas. Os times, que competem em torneios, aproveitam dos benefícios que o esporte provê à saúde física e mental.

A atividade conta com o apoio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte). Os bombeiros apostam no poder socializador do esporte que também melhora a qualidade de vida.

Doando Vida

Os bombeiros também doadores fidelizados, que integram a carteira de colaboradores frequentes do Hemocentro Regional de Dourados. O serviço enfrenta dificuldades para manter o estoque do banco de hemoderivados, já que atende demanda crescente de Dourados e outros 20 municípios.

A contrapartida do Hemocentro para o 2º Grupamento é facilitar a provisão de sangue para a rede de doadores militares e familiares diretos, se preciso for, além de acompanhamento de exames de sorologia, pré-triagem em saúde e outros.

Viver Melhor

A terceira idade, ou melhor idade, tem espaço na vida dos bombeiros de Dourados. Entre um curso e outro, os mais experientes participam de atividades educativas, esportivas, culturais e ocupacionais que previnem o isolamento e fortalecem sua posição perante a sociedade e a família.

Eles praticam o canto coral e exercícios acompanhados por profissionais de cada área: psicólogo, educador físico, médico geriatra, assistente social, entre outros.

Serviço

O telefone de Emergência do Corpo de Bombeiros é 193. O quartel do 2º GBM em Dourados fica na Avenida Presidente Vargas, na esquina com a Rua João Vicente Ferreira, uma quadra abaixo da Rua Monte Alegre e a poucos metros da Escola Castro Alves.

Corporação dos Bombeiros, em formação pelo Dia do Bombeiro, comemorado dia 2

Corporação dos Bombeiros de Dourados fica sediada na avenida Presidente Vargas. foto - Maria Lucia Tolouei

Tenente coronel Jonys Cabrera Lopes é o comandante do 2ºGBM de Dourados. foto - Maria Lucia Tolouei

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Subtenente Borba, que resolveu trocar a ‘paradeira’ da vida de aposentado pela agitação do quartel. foto - Maria Lucia Tolouei

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