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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Labirintite: automedicação pode levar à doença de Parkinson, alerta médica

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Labirintite: automedicação pode levar à doença de Parkinson, alerta médica

16/08/2017 06h55 – Por: Valéria Araújo

Considerada um mal deste século, a labirintite é uma doença que afeta o equilíbrio do corpo já atinge 3 em cada 10 brasileiros, segundo estudos da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO). É o segundo sintoma mais freqüente na população idosa, sendo superado apenas pela dor de cabeça. Os casos vêm aumentando a cada ano. Estima-se que pelo menos 42% da população adulta ainda sofrerá com a labirintite em algum momento da vida.

Os principais sintomas da doença são tontura, vertigem e, em casos mais graves, náuseas, vômitos, desmaios e taquicardias. A labirintite ocorre quando há uma inflamação ou irritação do labirinto, que é uma estrutura interna da orelha responsável pelo equilíbrio corporal. Quando isso acontece, o cérebro recebe mensagens ‘incorretas’ do ouvido, fazendo com que haja uma perda da sensibilidade de espaço e conseqüente sensação de tontura.

Em Dourados, a médica Otorrinolaringologista, Ana Claudia Alves Zangirolami, notou aumento de 80% na procura de pacientes em busca por tratamento da doença em seu consultório nos últimos anos. Ela, que é membro titular da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, alerta para os riscos da automedicação.

A médica ressaltou que essa prática tão comum pode levar a doenças mais graves como o mal de Parkinson, por exemplo.

A médica também dá dicas de como socorrer alguém numa crise. “A melhor maneira é pedir para a pessoa abrir os olhos e fixá-los em um ponto, até procurar auxilio médico. É importante chamar atenção que todo quadro agudo de tontura deve ser diferenciado de quadro central (AVE), portanto, quanto mais cedo procurar o atendimento médico melhor”, destaca.

O que provoca a labirintite?

Primeiramente temos que desmitificar o termo “labirintite”. Na verdade, a labirintite é um quadro grave de infecção do ouvido interno, que geralmente requer internação. O termo correto, para o qual a maioria das pessoas se refere é labirintopatia, que engloba todas as doenças do labirinto, inclusive a labirintite. Existem diversas causas de labirintopatias, dentre as quais podemos dividir em causas provenientes do ouvido como a neurite vestibular, e vertigem posicional paroxística benigna, além de causas sistêmicas como as enxaquecas e vertigem metabólicas.

Qual é a diferença entre vertigem e tontura?

Tontura é um termo genérico designado a qualquer alteração no equilíbrio. Vertigem é a tontura rotatória, na maior parte dos casos atribuída a doenças do labirinto.

Além de sentir as coisas girarem, quais outras características tem a labirintopatia?

Flutuação, sensação de estar pisando em ovos, desequilíbrio, tendência de queda, zumbidos, associada a náuseas, vômitos e dores de cabeça.

A manifestação mais ou menos típica da labirintopatia é a tontura surgir quando a pessoa muda a posição da cabeça. Por que isso acontece?

Esse tipo de tontura quando relacionada a movimentação da cabeça é característico de um tipo de labirintopatia chamada Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), que ocorre quando os otólitos, que são cristais dentro do labirinto, se deslocam.

Todas as alterações que aparecem nessa região do ouvido interno podem provocar labirintopatia?

Não, o ouvido interno engloba a cóclea e o labirinto. Então nem toda alteração no ouvido interno leva a tontura.

O álcool e alguns medicamentos podem desencadear sintomas semelhantes?

Sim vários medicamentos podem levar a tontura, dentre eles os principais são: Anticonvulsivantes como a carbamazepina; Anti-hipertensivos como propanolol, nifedipina, furosemida, Diltiazem; quimioterápicos como a cisplatina. O álcool leva ao desequilíbrio e vertigem posicional por causar depressão no sistema nervoso central e toxicidade cerebelar.

Tontura em criança existe, mas é pouco frequente. Qual a relação entre crises labirínticas e idade?

Com o passar da idade, as células do labirinto vão envelhecendo, por isso às alterações do equilíbrio são mais comuns em idosos. Crianças também podem ter, e quando apresentarem tais manifestações, o médico deve ser consultado para esclarecer o diagnóstico.

Como socorrer uma pessoa em crise?

A melhor maneira é pedir para abrir os olhos e fixa-los em um ponto, até procurar auxilio médico. É importante chamar atenção que todo quadro agudo de tontura deve ser diferenciado de quadro central (AVE), portanto, quanto mais cedo procurar o atendimento médico melhor.

Se não se submeter ao tratamento, o que pode acontecer à pessoa com labirintopatia?

Depende da causa. Por isso é importante avaliação do otorrinolaringologista para chegar ao diagnóstico preciso e o melhor tratamento.

Quais alimentos e comportamentos devem ser evitados?

Evitar durante a crise alimentos ricos em gorduras, açúcar, café, chá estimulante com chá verde, mate, tereré, fumo, álcool, além do sedentarismo, o jejum prolongado e movimentos rápidos com a cabeça.

Tem como prevenir as labirintopatias?

Sim, mantendo uma boa qualidade de vida, com exercício físico, alimentação saudável e também com uma noite de sono reparadora.

Como agem os medicamentos usados para o tratamento?

Existem medicamentos usados para sedação labiríntica em que vai diminuir seu estímulo, outros usados para aumentar a vascularização dentro do labirinto, outros apenas para cessar a náusea ou vômitos. Dependendo da causa como na VPPB, não precisa de medicamento e sim reposicionamento dos cristais dentro do labirinto através de manobras específicas realizadas com a cabeça colocando estes no lugar.

Sem tratamento, quanto tempo a crise costuma durar?

Depende de cada doença. Na Neurite vestibular a crise geralmente dura até 24h, na vertigem postural paroxística benigna dura segundos e costuma voltar com nova movimentação da cabeça, na síndrome de Meniere pode durar de horas a dias. Após a crise de tontura costuma manter a sensação de flutuação ou desequilíbrio.

Qual a conduta mais indicada para as pessoas que periodicamente apresentam crises de tontura?

Procurar um otorrinolaringologista, que irá realizar exames específicos para melhor elucidação diagnóstica e nunca fazer uso da automedicação pois o uso de alguns medicamentos podem piorar a tontura e até levar a outras doenças como o Parkinson.

O mal-estar que as pessoas sentem num barco balançando está associado à doença do labirinto?

Sim, geralmente está relacionado ao mal do desembarque ou cinetose, que ocorre devido a uma falha de comunicação do sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio) e a visão.

O mal-estar que as pessoas sentem num barco balançando está associado à doença do labirinto?

Sim, geralmente está relacionado ao mal do desembarque ou cinetose, que ocorre devido a uma falha de comunicação do sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio) e a visão.

Como é feito o diagnóstico da cinetose?

Através da história clínica do paciente e exames físicos e complementares.

Como é feito o tratamento da cinetose?

Para prevenção de crises durante a viagem algumas condutas podem ajudar como: sentar no banco da frente ou próximo a janelas, manter as janelas dos veículos abertas, durante a viagem procurar focar os olhos em locais distantes ou paisagens, evitar ler, jogar videogame durante o movimento. A prática de atividade física atua na compensação vestibular e acelera a habituação do movimento, são mais indicados, neste caso, a dança, tênis. O exercício de reabilitação vestibular é o tratamento definitivo para a cinetose, pois promovem adaptação através de exercícios que atuam no local da falha de integração entre o sistema vestibular e a visão.

Quanto tempo dura o tratamento?

Depende de ca
da paciente.

A procura pelo tratamento vem aumentando no seu consultório?

Sim, hoje as pessoas se preocupam mais em ter um tratamento especializado. Aumento de 80% no meu consultório.

Há cura para a tontura?

Geralmente sim, mas depende do diagnóstico e gravidadede cada paciente.

Ana Claudia Alves Zangirolami – Otorrinolaringologista - membro da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facialfoto - Hedio Fazan

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