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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Sustentabilidade: cafeicultura no Brasil avança mais que em outros países

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Sociedade Nacional de Agricultura 16/06/2017 11h23

A cafeicultura brasileira está avançada em sustentabilidade, em relação a outros países, mas ainda há muito que melhorar.

A afirmação é da diretora-executiva da Plataforma Global do Café (GCP), Annette Pensel, durante encontro com jornalistas na quinta-feira, oito de junho, em São Paulo (SP).

A GCP reúne cerca de 200 membros de todos os segmentos da cadeia produtiva do café: produção, comércio, indústria e sociedade em geral. Mais de 70% da produção mundial do grão estão contempladas pela Plataforma, que está presente em outros sete países, além do Brasil: Colômbia, Honduras, Indonésia, Peru, Tanzânia, Uganda e Vietnã.

“A proposta da Plataforma é fortalecer ações locais, de forma a causar um impacto global na cadeia de café”, resumiu Annette, após apresentar os desafios e as metas do Programa Brasil de Sustentabilidade da GCP, que é voltado para a sustentabilidade da cadeia do café, com foco no pequeno produtor.

INFORMAÇÕES AO PRODUTOR

Considerado o mais consolidado, avançado e atuante se comparado aos de outros países, o Programa Brasil de Sustentabilidade pretende levar informações sobre sustentabilidade aos cafeicultores, aumentar a produção e gerar maior renda, principalmente, para os pequenos produtores, que têm menos acesso a informações e serviços. No país, 85% dos produtores estão na faixa de até 20 hectares.

Desde 2015, o Programa já capacitou 1.430 técnicos de 73 instituições parceiras. “Esses profissionais são os responsáveis por transmitir as propostas do café sustentável a cerca de 80 mil cafeicultores, de todas as regiões produtoras do Brasil”, afirma Carlos Brando, diretor da P&A, que coordena o programa em território nacional.

Uma das ações da GCP para o Brasil é o Currículo de Sustentabilidade do Café (CSC), baseado em um documento elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com 19 instituições.

“O guia é composto por 122 práticas prioritárias, recomendadas e proibidas, sendo 18 itens fundamentais para a produção sustentável do café, de forma a atender às normas e exigências do mercado”, destaca Pedro Ronca, gerente do Programa Brasil da Plataforma Global do Café.

Segundo o executivo, a produção sustentável de café tem evoluído no Brasil, em um ritmo gradual, há 15 anos: “Quem mais ganha com as práticas ambientais, sociais e econômicas é o produtor”.

MUITAS OPORTUNIDADES

Diretor da P&A, Carlos Brando considera a produção de café sustentável um bom negócio: “É um mercado em desenvolvimento , com muitas oportunidades”.

Segundo ele, os grandes e os médios produtores, em sua maioria, já possuem atividades agrícolas sustentáveis. “Falta incluir parte dos médios e, principalmente, os pequenos.”

O executivo também considera que o cafeicultor é o principal beneficiado com as diretrizes para a produção sustentável: “Ao se tornar sustentável, além de cuidar do ambiente e do aspecto social, o produtor se torna um melhor gerente e passa a gerenciar o negócio e a controlar os custos, o que resulta no aumento da receita”.

Ele ainda acrescenta que a Plataforma Global do Café vem promovendo uma mudança de paradigma no setor.

PROPRIEDADES CERTIFICADAS

Diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz ressalta que, entre os maiores produtores do mundo, o Brasil é o que tem maior número de propriedades certificadas como sustentáveis, embora ele não saiba precisar esse número.

Em sua opinião, além de proteger as nascentes e usar melhor a água, com a adoção das práticas sustentáveis no cultivo de café, o produtor tem menos perdas durante todo o processo produtivo.

“Ao longo do tempo, isso significa uma redução no custo de produção e, em consequência, uma melhora na renda.”

Herszkowicz afirma que, de forma crescente, o mercado tem dado preferência para a compra de cafés sustentáveis e certificados: “A diferença de preços do café premium é muito pequena e, às vezes, nem existe”.

BOAS PRÁTICAS

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), que atua na promoção das boas práticas, incluindo a conservação e o manejo do solo, acredita na sustentabilidade da cadeia brasileira do agronegócio do café, especialmente em relação às leis trabalhistas e ambientais, consideradas como uma das mais avançadas e rigorosas do mundo, bem como pela geração de resultados econômicos consolidados e crescentes.

“No universo de 280 mil produtores, é notório o respeito ao meio ambiente, visível pelos esforços contínuos na proteção das áreas de mananciais, na adoção de manejo racional da água e na aplicação de técnicas agrícolas avançadas, para o aumento da produtividade por hectare plantado, sendo a maior dentre os países produtores”, afirma Marcos Antônio Matos, diretor-geral do CeCafé.

Para o executivo, a sustentabilidade na cafeicultura tem sido fortalecida por meio de sistemas de produção conservacionistas, que minimizam os impactos ao meio ambiente, respeitando os limites dos recursos naturais, como água e solo, proporcionando condições de trabalho adequadas aos trabalhadores rurais, conforme as legislações específicas brasileiras.

Matos diz ainda que, “além disso, (a cafeicultura) gera retorno financeiro atrativo aos produtores rurais, para produzirem e terem condições de continuar a desenvolver a atividade”.

Os sistemas de produção sustentáveis de café têm, por fundamento, as Boas Práticas Agrícolas (BPA). De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as BPAs podem ser definidas como um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas aplicadas para a produção, processamento e transporte de alimentos, orientadas a cuidar da saúde humana, proteger o meio ambiente e melhorar as condições dos trabalhadores, produtores e suas famílias.

A sustentabilidade é uma área vital para a cadeia de café em todo o mundo. Conforme o diretor-geral do CeCafé, para o futuro, a perspectiva é a de que, para produzir café suficiente para abastecer o mundo, é preciso empregar práticas sustentáveis no campo.

“Devemos continuar mudando nossa mentalidade nos negócios e na produção, para garantir a continuidade e o desenvolvimento de nosso mercado”, comenta Matos.

Foto Divulgação

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