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Fixação biológica de nitrogênio é alternativa para a cultura do feijão

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23/01/2015 18h00

Nas lavouras de feijão, é possível obter produtividade acima de três mil quilos por hectare, reduzir o custo de produção e o impacto ambiental das lavouras

Fixação biológica de nitrogênio é alternativa para a cultura do feijão
Nas lavouras de feijão, é possível obter produtividade acima de três mil quilos por hectare, reduzir o custo de produção e o impacto ambiental das lavouras. Esses são os resultados que podem ser alcançados com o uso da tecnologia da fixação biológica de nitrogênio. Recomendada por pesquisadores da Embrapa, a tecnologia, quando bem aplicada, substitui a adubação convencional e garante o suprimento de nitrogênio para as plantas sem a necessidade de produtos químicos.

Largamente utilizada na soja, a fixação biológica de nitrogênio no feijão proporciona ganhos representativos. O pesquisador da Embrapa Enderson Ferreira afirma que “em lavouras comerciais cultivadas na terceira safra nas regiões de Unaí (MG), Formosa (GO) e no Distrito Federal, observam-se rendimentos muito altos considerando a média nacional, que é de mil quilos por hectare”.

O produtor rural Hélio D’Albelo diz que consegue reduzir o custo de produção em até dez vezes em comparação com o uso de fertilizantes nitrogenados. “O meu custo de produção é em torno de R$ 20 reais por hectare, o que representa mais ou menos uma economia de R$ 200 reais”, afirma D’Albelo, que também é engenheiro-agrônomo e produtor no Distrito Federal. Sobre a produtividade, ele confirma que é possível alcançar rendimentos acima de 3 mil quilos por hectare.

A exemplo desse produtor, a fixação biológica de nitrogênio para o feijão é utilizada por outros produtores nas demais regiões do País com níveis variados de tecnificação da lavoura. Contudo, o grau de adoção da tecnologia ainda é muito baixo se comparado com outras culturas, como é o caso da soja, na qual os fertilizantes nitrogenados na forma de ureia já foram praticamente substituídos em sua totalidade pela fixação biológica de nitrogênio.

Segundo Ferreira, um dos aspectos que podem incrementar o uso da fixação biológica do nitrogênio no feijão é a disseminação das técnicas para os produtores e, em especial, para a agricultura familiar. Ele destaca alguns aspectos importantes que devem ser observados por aqueles que desejam utilizar a tecnologia.

“Primeiramente, deve-se trabalhar com inoculante, produto comercializado com as bactérias fixadoras, que seja de qualidade. Este deve seguir a legislação brasileira e possuir a concentração adequada prevista na lei e expressa na embalagem. Além disso, o transporte e a conservação do inoculante demandam ambientes frescos e arejados. Também se recomenda realizar a semeadura logo após a inoculação da semente para buscar maior eficiência do produto”, explica o pesquisador.

Outro ponto relevante que deve ser considerado por aqueles que querem usar a fixação biológica de nitrogênio na cultura do feijão é o tratamento de sementes. Conforme Ferreira, o tratamento de sementes com fungicidas ou micronutrientes deve ser realizado antes da inoculação, pois já foi verificado que alguns produtos comerciais matam as bactérias presentes no inoculante.

Fixação ao longo do tempo

A associação entre espécies de plantas com bactérias fixadoras de nitrogênio ocorre de maneira natural. Coube aos cientistas alemães Hermann Hellriegel e Hermann Wilfarth o pioneirismo em relacionar os caroços em raízes de ervilhas com a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em 1886. Entretanto, foi o botânico holandês, Martinus Willem Beijerinck, quem isolou e descreveu pela primeira vez uma bactéria fixadora de nitrogênio no ano de 1888.

Sete anos depois, foi formulado nos Estados Unidos o primeiro inoculante (produto com as bactérias fixadoras) comercializado. A novidade chegou ao Brasil em 1956. De lá para cá, instituições de pesquisa aperfeiçoaram a seleção de grupos e de espécies de rizóbios, separando aqueles que eram mais específicos e eficientes para a FBN. Hoje o agricultor que adquire o inoculante, adquire um produto com essas bactérias selecionadas pela pesquisa.

Para o homem do campo, essa tecnologia faz muita diferença, pois é uma alternativa aos fertilizantes nitrogenados, uma vez que é impossível eliminar o suprimento de nitrogênio para as plantas, pois esse elemento está ligado ao crescimento das estruturas vegetais, à capacidade de formação de grãos e à produção rentável.

Adicionalmente, com a substituição ou diminuição da adubação nitrogenada, outras situações de risco ao ambiente são reduzidas. Além da emissão de óxido nitroso pelo solo, pode ocorrer a lixiviação, que é lavagem do perfil do solo por percolação ou escorrimento superficial da água de chuva ou irrigação e que pode resultar no acúmulo de formas nitrogenadas, particularmente nitrato, nas águas de rios, lagos e aquíferos subterrâneos.

Diante dessas situações, a FBN se tornou bem-vinda e seu sucesso com a cultura da soja no Brasil é reconhecido dentro e fora do País e abrange vários outros estudos. A pesquisa que antes era associada apenas a plantas leguminosas passou a incluir nas últimas décadas a seleção de bactérias para gramíneas, como é o caso do milho, cana e braquiária.

Por todas essas razões, a FBN foi escolhida como um dos cinco pilares do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em 2009 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, instituído para incentivar o uso de técnicas sustentáveis na agricultura visando à redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE).

Sustentabilidade

Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso, clorofluorcarbonos e ozônio. O dióxido de carbono, considerado o principal deles, alcança 60% das emissões, devido às atividades desenvolvidas pelo homem. Entretanto, levando-se em conta apenas o setor agropecuário, os mais destacados são o metano, com 15%, e o óxido nitroso, com 6%.

O protagonismo do metano é atribuído aos cultivos de arroz irrigado por inundação, à pecuária, aos dejetos animais, ao uso agrícola dos solos e à queima de resíduos no campo. Já a emissão do óxido nitroso está ligada ao uso de fertilizantes nitrogenados aplicados aos solos agrícolas. Assim, a agricultura, ao mesmo tempo em que se constitui uma atividade potencialmente influenciável pela mudança do clima, também contribui para o efeito estufa.

Contudo, tanto para o metano, quanto para o óxido nitroso, há a possibilidade de adoção de medidas mitigadoras da emissão de gases de efeito estufa (GEE). No primeiro caso, o desenvolvimento e o uso de plantas de arroz que permitam diminuir a taxa de liberação de metano é um dos caminhos. No que tange ao óxido nitroso, uma das tecnologias que se mostrou promissora é a fixação biológica de nitrogênio.

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Data de Publicação: 17/11/2014 às 13:50hs
Fonte: Embrapa Arroz e Feijão

 Embrapa Arroz e Feijão

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