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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Processo de integração é irreversível, diz Luis Agüero

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Processo de integração é irreversível, diz Luis Agüero Wagner

Tácito Loureiro*

Luis Agüero Wagner é um dos maiores intelectuais paraguaios da atualidade. Símbolo da oposição ideológica de esquerda ao governo do Presidente da República Fernando Lugo. Um homem de força, energia e determinação!
Nesta entrevista inédita (realizada em espanhol e agora traduzida ao português), publicada pela primeira vez no Brasil, Luis Agüero Wagner comenta o cenário político vigente no país guarani.

Além de escritor e jornalista, é profundo pesquisador da história política latino-americana. Tem muitos artigos publicados na Internet, principalmente no endereço virtual: http://www.diariosigloxxi.com/firmas/luisaguerowagner
Luis Agüero Wagner diz conhecer as cidades brasileiras de São Paulo, Rio de Janeiro e Balneário Camboriú. Espera-se que após esta entrevista seja convidado agora para eventos no Brasil. Porque é um grande pensador.

Tem mais de 80 livros publicados. É autor do livro “A Cia e a eleição do Bispo” (2008), uma das obras mais polêmicas da literatura paraguaia nos últimos tempos. Com ampla cultura literária, Luis Agüero Wagner faz referências a escritores consagrados durante a entrevista.

O “escritor combativo” diz que perseguição política tradicional não sofreu no Paraguai. Mas acredita ser possível vários blogs e artigos publicados por ele na Internet terem sofrido ataques de indivíduos ligados ao Presidente Fernando Lugo.

Dono de obra refinada. A contribuição intelectual de Luis Agüero Wagner é um “remédio construtivo” a um país como o Paraguai, que viveu muitos anos de ditadura militar (época sem respeito à liberdade de expressão!).
Luis Agüero Wagner é escritor para ser lido, relido, e colocado em prática. Porque capta as necessidades fundamentais da sociedade na qual vive e dedica a elas a vida.

Com intensa atividade intelectual, é frequentemente chamado para dar conferências em importantes capitais latino-americanas (Buenos Aires, Asunción…). Agüero Wagner foi gentil em nos ceder esta entrevista, onde se apresenta à sociedade sul-mato-grossense e brasileira.

Para ele, “brasileiros quanto os paraguaios devem seguir apostando na integração regional, apesar das enormes dificuldades. A tarefa é difícil porque no Paraguai os meios hegemônicos e seus elementos dentro da política atiram contra ela. Mas nossos povos já se sentem unidos e com um mesmo destino. Apenas é questão de se desfazer essas interferências. O processo de integração é irreversível”. Confira a entrevista

Tácito Loureiro – Onde e quando você nasceu? Fale sobre a sua infância.

LAW – Nasci em Assunção, em 1967. Vivi a minha infância em uma família de classe média, em um bairro próximo do centro da capital paraguaia. Fui enviado pelos meus pais a um colégio de jesuítas. Uma das recordações mais vivas da minha infância, impregnada do ambiente da ditadura de Stroessner, foi quando a polícia política entrou no meu colégio em busca de “subversivos”. Eu tinha apenas 9 anos de idade. Mas comecei a notar que o país vivia com essa experiência.

Tácito Loureiro – Os seus estudos…

LAW – O primário fiz no Colégio de Jesuítas Cristo Rei, o secundário no Salesiano. Ambos em Assunção. Estive ainda na Faculdade de Medicina de Assunção da Universidade Nacional de Assunção (UNA), e depois na Universidade Nacional de Tucumán (UNT), na Argentina. Nesta última também estudei História.

Tácito Loureiro – A sua experiência com a leitura… Quais autores e obras você leu?

LAW – Bom, na Argentina descobri escritores como Eduardo Galeano, que no Paraguai se conhecia pouco naquele tempo, por razões políticas óbvias. Também Chomsky, Borges, e historiadores argentinos: Norberto Galasso, José María Rosa, Leon Pommer, e outros do revisionismo histórico argentino.

Tácito Loureiro – Algum escritor predileto? Que lhe inspire?

LAW – Um dos mais inspiradores para mim é o uruguaio Eduardo Galeano. Eu gosto da forma que transforma a história em ferramenta de libertação social.

Tácito Loureiro – Quando você começou a escrever? Só escreve livros e artigos ou também outros tipos de textos?

LAW – Editei o meu primeiro livro no ano 2000, chamado “Fogo e Cinzas da Memória”, sobre tópicos proibidos da história paraguaia. Também escrevi poemas e ficção, mas nunca os editei. Escrevo artigos. Muitos podem ser encontrados em sítios na Internet.

Tácito Loureiro – Quantos livros você já publicou? Quais foram eles (nomes, ano de publicação)?

LAW – São mais de 80 livros. Os mais importantes são: “Fogos e Cinzas da Memória” (2000), “As bandeiras de Mitre” (2003), “O Sátiro de São Pedro” (2011). Também muitos folhetos e pequenos livros: “17 homens insignes da história do Febrerismo” (2005), e, em co-autoria com o médico, artista plástico e escritor paraguaio Dr. Joel Filártiga, “Apocalipses” (2000), “A Festa do Tiranossauro” (2002), “Um Napoleão de Lata” (2002), e “A incrível história de Jorge W. Arbusto” (2003).

Tácito Loureiro – Quais dicas e conselhos você dá a quem quer ser escritor ou escrever simplesmente para expor idéias e pontos de vistas?

LAW – O essencial ao trabalho do escritor é o compromisso. Não tanto o compromisso com a literatura como agora está muito em voga, mas com a realidade social.

Tácito Loureiro – Qual contribuição intelectual você espera dar à sociedade paraguaia?

LAW – Expor a realidade paraguaia desde pontos de vista que sempre estiveram vedados, como o da esquerda marxista, cuja censura segue vigente no Paraguai.

Tácito Loureiro – Como é a vida de escritor em Assunção?

LAW – É uma vida bastante solitária, sobretudo se a obra tem o enfoque político que costumo dar. Porque ela se destaca enquanto boa base ideológica sobre a realidade.

Tácito Loureiro – Onde os leitores podem encontrar os teus livros?

LAW – Alguns estão esgotados. Uns poucos podem ser comprados nas livrarias comerciais do Paraguai. E alguns eu vendo por meio de contatos pela Internet.

Tácito Loureiro – Qual é a sua visão do governo Fernando Lugo?

LAW – Muita gente formou uma falsa imagem de Lugo, teve falsas expectativas. Estão profundamente desiludidos. Mas eu sabia os verdadeiros alicerces sobre as quais se sustentava o projeto político de Fernando Lugo: a imprensa hegemônica, a direta neoliberal, e a Embaixada dos Estados Unidos em Assunção etc. Por isso nunca esperei algo diferente do que é agora: um governo que persegue tanto ou mais que os anteriores, que busca “anestesiar” a sociedade com cifras macroeconômicas, submetido com humilhação aos ditados do imperialismo.

Tácito Loureiro – Qual é a sua visão de futuro ao Paraguai?

LAW – É um país onde é preciso lutar muito. Enfurecidamente! Contra várias dificuldades… Para conseguir a autêntica soberania nacional. Hoje, estamos totalmente dominados pelo imperialismo norte-americano e seus “notáveis” situados estrategicamente na sociedade paraguaia.

Tácito Loureiro – Quer deixar uma mensagem aos leitores?

LAW – Eu gostaria de dizer que tanto os brasileiros quanto os paraguaios devem seguir apostando na integração regional, apesar das enormes dificuldades. A tarefa é difícil porque no Paraguai os meios hegemônicos e seus elementos dentro da política atiram contra ela. Mas nossos povos já se sentem unidos e com um mesmo destino. Apenas é questão de se desfazer essas interferências. O processo de integração é irreversível.

Luis Agüero Wagner é um dos maiores intelectuais paraguaios da atualidade

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