Um novo relatório divulgado na última quinta-feira (11), pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), apontou que o número de pessoas em todo o mundo que foram deslocadas à força ultrapassou a marca dos 84 milhões. A violência, insegurança e as mudanças climáticas estão entre as principais razões para que este grupo tenha tido que deixar suas casas.
O relatório de tendências semestrais do ACNUR mostrou que em dezembro do ano passado este número era de aproximadamente 82,4 milhões. O crescimento está sendo atribuído em grande parte ao deslocamento interno motivado por conflitos, especialmente na África.
O ACNUR também reforçou que as restrições fronteiriças impostas durante a pandemia de COVID-19 tornaram ainda mais limitado o acesso destas pessoas a asilos. “A comunidade internacional está falhando em evitar a violência, perseguições e violações dos direitos humanos, que continuam a expulsar as pessoas de suas casas”, disse o alto-comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
Estatísticas – O conflito e a violência crescentes em todo o mundo durante a primeira metade deste ano forçaram quase 51 milhões de pessoas a fugir dentro de seus próprios países. A maioria dos novos deslocamentos ocorreu na África, de acordo com o relatório. Na República Democrática do Congo (RDC), por exemplo, 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas e na Etiópia, 1,2 milhão.
Enquanto isso, a violência em Mianmar e no Afeganistão também impulsionou a estatística mundial de pessoas que saíram de casa. O número de refugiados cresce na mesma proporção, atingindo a marca de 21 milhões de pessoas na primeira metade deste ano.
O ACNUR ainda observou que são cinco os países de origem da maioria dos novos refugiados: República Centro-Africana, local de nascimento de 71,8 mil destes refugiados; Sudão do Sul, 61,7 mil; Síria, 38,8 mil; Afeganistão, 25,2 mil e Nigéria, 20,3 mil.
“A comunidade internacional deve redobrar seus esforços para construir a paz e, ao mesmo tempo, garantir que os recursos estejam disponíveis para as comunidades deslocadas e seus anfitriões”, advertiu o alto-comissário.
Dificuldades – Uma mistura letal de conflitos, COVID-19, pobreza, insegurança alimentar e a emergência climática agravou a situação humanitária dos deslocados, a maioria dos quais está sendo hospedada em regiões ainda em desenvolvimento.
“Os efeitos das mudanças climáticas estão exacerbando as vulnerabilidades existentes em muitas áreas que hospedam os deslocados à força”, disse Grandi.
As soluções para estas populações continuam escassas. Durante a primeira metade de 2021, menos de um milhão de pessoas que foram deslocadas internamente e 126,7 mil refugiados conseguiram voltar para casa.
“São as comunidades e os países com menos recursos que continuam a arcar com o maior fardo na proteção e cuidado dos deslocados à força, e por isso essas nações devem ser melhor apoiadas pelo resto da comunidade internacional”, alertou o alto-comissário.
Fonte ONU