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terça-feira, 16 de abril de 2024

MS tem mais de 300 casos de intoxicação por agrotóxico; 50t de pesticida/ano

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MS tem mais de 300 casos de intoxicação por agrotóxico

Em Dourados, entidades criam Grupo de Trabalho em Agroecologia para conscientizar sobre os efeitos nocivos do uso dos defensivos. MS aplica mais de 50 toneladas de pesticidas por ano nas lavouras

22/10/2018 06h58 – Por: Valéria Araújo

Dados do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, mostram que Mato Grosso do Sul registrou 324 casos de intoxicação por agrotóxico entre 2007 e 2014. O índice de envenenamento está entre 4,77 a 13,64 a cada 100 mil habitantes, levando em conta o índice populacional. Em todo centro-oeste foram 1.785 casos. Em todo o país, foram registrados 25 mil casos de intoxicação por agrotóxico de uso agrícola. Uma média de oito por dia. Das pessoas intoxicadas, 1.186 morreram.

O mesmo estudo mostra que por ano mais de 330 toneladas de agrotóxico são utilizadas. Em Mato Grosso do Sul a cada 12 meses 51.5 toneladas de defensivos agrícolas são aplicados. A cada hectare no Estado chegam a ser utilizados mais de 16 quilos de pesticidas. O índice de Dourados é de até 8 pessoas intoxicadas a cada 100 mil habitantes e que do total de plantações, até 92,71% utilizam o produto.

O estudo mostra ainda que 20% de todos os agrotóxicos produzidos no mundo são utilizados nas plantações brasileiras. Mais da metade desse volume, 52%, é destinada às lavouras de soja. Outros 10%, às lavouras de milho e mais 10%, às lavouras de cana: três commodities produzidas prioritariamente com foco na exportação.

Em mato Grosso do Sul a geógrafa pós-doutora Larissa Mies Bombardi, responsável pela palestra de abertura do 2º Seminário Estadual sobre Agrotóxicos, evento realizado em Campo Grande no início do mês pela Comissão de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, disse que os números são alarmantes. “O limite máximo de resíduo de glifosato permitido na água potável nos países da União Europeia é de 0,1 micrograma por litro. No Brasil, esse limite é 5 mil vezes maior, 500 microgramas por litro”.

O procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, do MPF de Dourados defendeu a urgência de mais diálogo e de pesquisas sobre o tema. “A situação existe e não pode ser ignorada. Para que se chegue a um consenso, é preciso contar com a participação de todos os atores sociais, do produtor ao consumidor, passando pelos órgãos de controle e representantes do terceiro setor. Por isso, a importância da Comissão de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos no Estado. Com a presença de todos, será possível encontrar alternativas à situação que se apresenta”, pontuou.

Grupo de Trabalho

Produtores de alimentos agroecológicos, associações de produtores e representantes das secretarias municipais de Agricultura e de Assistência Social, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e do Ministério Público Federal (MPF) criaram o Grupo de Trabalho (GT) Agroecologia com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre os efeitos nocivos do uso de agrotóxicos para a saúde coletiva e do trabalhador do campo.

De acordo com o Ministério Público Estadual, durante os encontros também são discutidas questões relacionadas à contaminação direta de alimentos, solo, ar e água, fator que gera prejuízos consideráveis como a poluição dos rios e lençóis freáticos, assoreamento e morte de insetos polinizadores. O principal meio de ação do GT, previsto até o momento, é ampliar as possibilidades de redução do uso de agrotóxicos por meio da difusão de informações sobre os possíveis danos, além da divulgação de novas possibilidades e boas práticas voltadas ao controle fitossanitário, à agroecologia e à agricultura biodinâmica. Para tanto, se fazem necessárias parcerias entre poder público, privado, terceiro setor e sociedade civil organizada.

Em todo o país, Ministérios Públicos Estaduais, Federal e do Trabalho estão ampliando sua atuação na temática e ouvindo a sociedade para criar ações concretas. Em Dourados, a mobilização fica por conta do procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, que defende a necessidade da realização de pesquisas científicas que analisem a relação direta do uso indiscriminado de agrotóxicos com sérios danos à saúde da população.

Os especialistas apontam que o que está comprovado é que o Brasil é o país que mais consome agrotóxico no mundo e os riscos não se restringem à ingestão direta de alimentos ou água contaminados. Segundo eles há que se considerar também a dispersão e a deriva aérea que, dependendo de fatores climáticos, ocorrem no momento da pulverização e “espalham” o agrotóxico para além das plantações, causando a mortandade de abelhas e bichos-da-seda, entre outros problemas ambientais e econômicos.

Foto: MPFLegenda: Prof. Alexandra Pinho (UFMS), Marco Antonio Delfino de Almeida (MPF/MS), Jonas Ratier Moreno (procurador regional do Trabalho) e Luciano Loubet (MP/MS) durante recente seminário na Capital

 O índice de envenenamento está entre 4,77 a 13,64 a cada 100 mil habitantes

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