Dia do obstetra: Profissional de Dourados fala sobre tipos de parto

12/04/2018 08h06 – Por: Cristina Nunes

Hoje, 12 de abril, é comemorado o Dia do Obstetra, profissional que tanto se dedica e apoia as mulheres em uma das melhores fases de suas vidas. Ele é quem orienta e acompanha a gravides desde os primeiros dias de gestação.

A ginecologista e obstetra Carla Becker, que atende em consultório de Dourados e trabalha há 29 anos com essa especialidade, trouxe informações sobre um dos assuntos que mais gera dúvidas e preocupações nas gestantes: o parto.

Quais são os tipos de parto e as características de cada um?

Parto Natural: Esse é o tipo de parto em que o bebê nasce via vaginal, mas difere do parto normal pois é realizado sem intervenções, como analgesia, uso de ocitocina para estimular as contrações ou procedimentos como a episiotomia.
No parto natural, bastante confundido com o parto normal, não são realizadas intervenções com medicamentos e procedimentos como corte do períneo ou anestesia. Nele, as necessidades da mulher são respeitadas e também deve ser acompanhado por um profissional da saúde. Para realizar o parto natural são recomendados exercícios durante a gravidez para fortalecimento do períneo e musculatura da bacia.

Parto Normal: Também é conhecido como parto vaginal, pois a saída do bebê é via vaginal. Mesmo se encontrando na posição correta, podem ocorrer dificuldades na saída do bebê e, nestes casos, pode ser realizada uma episiotomia – um corte cirúrgico feito no períneo, a região muscular que fica entre a vagina e o ânus. É importante que este procedimento seja realizado apenas conforme necessidade. Neste tipo de parto, além da episiotomia (para facilitar a saída do bebê), podem ser utilizadas, em alguns casos, analgesia e indução das contrações com soro contendo ocitocina.

Cesariana: A cesariana é feita por via transabdominal, ou seja, com a incisão do abdômen da mãe em várias camadas até encontrar o feto dentro do útero e retirá-lo por esta incisão. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 15% dos partos acabarão na mesa de cirurgia, ou seja, sendo cesárea. No parto cirúrgico, a gestante recebe anestesia geral ou da cintura para baixo. Ao contrário do parto normal, a recuperação não acontece no mesmo dia. Após a cesárea, a mamãe deve tomar cuidados com a cicatrização.

Parto na água: A barriga deve ficar totalmente encoberta pela água, e o pai pode ficar dentro da banheira ou piscina para apoiar a gestante neste momento importante. O parto na água também acontece pelo canal vaginal e pode ser realizado no hospital ou em casa. A mamãe se mantém posicionada em uma banheiro com água em temperatura de 36º, que pode trazer conforto e alívio.

Parto de cócoras: É realizado da mesma maneira que o natural, muda-se apenas a posição da mãe que, em vez de ficar na posição ginecológica normal, mantém-se de cócoras. Esta posição permite mais conforto e alívio das dores para algumas mulheres. Para esse tipo de parto de cócoras existe uma cadeira especial disponível para o apoio da mamãe e que também auxilia o obstetra durante o processo.

Parto a Fórceps ou Parto por Vácuo Extrator: Nesse tipo de parto, um instrumento é usado para retirada do bebê quando ele está em sofrimento fetal ou a mãe não consegue fazer forças para a descida no canal vaginal.
No caso do fórceps, são ajustadas duas colheres na cabeça do bebê e ele é retirado.
No vácuo extrator, uma ventosa de metal ou silicone ligado a uma pequena bomba a vácuo é ajustada na cabeça do bebê.

Parto Leboyer: Também chamado de ‘parto sem violência’, é um tipo de parto onde se tenta não estressar o bebê, tornando sua primeira experiência fora do útero menos “traumática”. Foi criado pelo médico obstetra francês Frédérik Leboyer e introduzido no Brasil na década de 1970. A ideia é que o nascimento seja feito num ambiente tranquilo, e o mais “parecido” possível com o útero materno.

Parto Humanizado:
Parto humanizado é uma atitude e não um método. A mulher é a protagonista do nascimento do seu filho, onde as suas escolhas são respeitadas e discutidas com profissionais com essa visão, usando da medicina baseada em evidências científicas. No Brasil há uma forte campanha pelo parto humanizado. Assim como no parto natural, as vontades da mãe são respeitadas. Ela deve contar com o apoio de seu companheiro e, muitas vezes, com a doula, uma acompanhante profissional preparada para dar suporte (emocional, físico e informativo) à mulher durante a gestação e o parto.

Qual foi o parto mais emocionante?O parto é sempre emocionante, pois celebra vida, é choro misturado com sentimento contagiante da felicidade.

De um modo geral, qual o parto mais solicitado pelas mulheres atualmente? E por quê?

Os partos estão gradativamente voltando a serem aguardados e não marcados, mesmo que a mulher tenha certo receio da dor, do não ‘conseguir’, com estas novas informações e campanhas pelo parto normal elas estão se conscientizando da importância de respeitar o momento do trabalho de parto o ‘sinal’.
Fazendo isso muitas vezes elas percebem que este tão temido trabalho de parto é suportável e dão a luz pela modo natural.

O que a mãe deve levar em consideração na hora de decidir o tipo de parto?

A decisão de aguardar o trabalho de parto sempre deve ser estimulado, mesmo naquelas que já decidiram por via cirúrgica. Fazendo isto vamos diminuir a prematuridade, o desconforto respiratório do recém-nascido e também facilitar amamentação, pois o trabalho de parto faz com que os hormônios que estimulam a descida e produção de leite materno comecem ser secretados. Outra consideração que está sendo levada em conta pelas futuras mamães é o fato do retorno estético corporal se fazer de maneira mais rápida após parto natural do que o parto cirúrgico.

O parto humanizado tem sido muito falado na atualidade. Qual sua opinião?

Para o médico obstetra o melhor tipo de parto é aquele que atende bem física e emocionalmente o binômio mãe/filho sempre respeitando os conceitos de uma boa medicina baseada em evidências.