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sexta-feira, 29 de março de 2024

“A Dourados que conheci, passados 55 anos”

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20/12/2017 06h59 – Por: José Alberto Vasconcellos*

Em 1961, em meados do mês de junho, a caminho de Ponta Porã, passei de avião sobre Dourados, onde até fizemos um pouso para abastecimento da aeronave, no antigo aeroporto, hoje ocupado pela Vila Industrial. Nem imaginava que menos de um ano depois, no último dia do mês de abril do ano seguinte eu estaria morando nesta cidade em caráter definitivo, como funcionário do Banco do Brasil.

A Dourados de então era desprovida de tudo: não havia água encanada, telefone, pavimentação urbana ou nas rodovias de acesso a Campo Grande e ao Estado de São Paulo e a construção da ponte sobre o Rio Paraná (Porto XV) iniciada, caminhava na velocidade de um tartaruga no deserto. A energia elétrica era tão precária, que a iluminação tinha que ser completada com um lampião Aladin.

A avenida Marcelino Pires ainda tinha alguns barracões de tabocas rebocadas com barro. Sem nem um metro de pavimentação, que só chegou, depois que desviaram um trecho da rodovia que o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco implantava na rodovia, que demanda S.Paulo.

Dois fatores alavancaram o desenvolvimento desta cidade de Dourados: o primeiro foi a Colônia Federal (Núcleo Colonial de Dourados – NCD), criado e implantado pelo presidente Getúlio Vargas; que colonizou o Oeste do então Estado de Mato Grosso, onde os habitantes eram em número muito minguado. Essa colonização ajudou os nordestinos que vieram maciçamente para o NCD, onde ganhavam 30 hectares de terras para agricultura. Dessa colônia agrícola afloraram muitas cidades: Deodápolis, Gloria de Dourados, Vicentina, Jatei, Fátima do Sul, Douradina, Culturama e muitos distritos, como Formosa, Vila Vargas, Macaúba e outros que não me ocorrem.

Registro aqui, porque faz parte da história, que num fim da tarde de um domingo, em companhia do Dr. Wanilton Finamore, fizemos uma visita ao Dr. Camilo Ermelindo da Silva, de quem eu ouvi a mais veemente esperança sobre o futuro desta cidade, escorada na criação e implantação do NCD. O Dr. Camilo tinha razão, a Colônia impulsionou o progresso de Dourados.

O segundo fator que alavancou o desenvolvimento de Dourados, foi a contra-revolução de 1964 que, tendo na presidência o General Humberto de Alencar Castelo Branco, em tempo recorde, terminou a ponte do Porto XV, trouxe rodovia asfaltada de S.Paulo, Energia Elétrica abundante com a construção da Usina Hidroelétrica de Itaipu, telefone e tudo o mais que precisávamos, e então já podíamos aposentar os rádios amadores Miguel Ângelo do Amaral e Dr. Joaquim Lourenço que, na falta de tudo, era o único meio de qualquer comunicação com o “exterior”.

Naqueles velhos tempos, morar em Dourados, era como um desterro, para quem procedia de outras regiões desenvolvidas do País, a esperança, tênue e sujeita a chuvas e trovoadas por melhores dias, foi confirmando-se com o passar do tempo; e depois de 1964, ganhou consistência e velocidade, em pouco tempo, com o concurso do então governador Pedro Pedrossian (que fez avançar a rodovia da Vila São Pedro para o centro de Dourados) já se podia respirar o ar sem a poeira vermelha, que insistia em cobrir toda a cidade, a cada ventania bastante freqüente na época.

Registramos, ainda, que Dourados sempre contou com um batalhão de homens resolvidos e decididos para capitanear seu desenvolvimento, embora as opções fossem raras e a infra-estrutura regional, paupérrima! Mas com a ajuda da N.S. da Imaculada Conceição, a nossa Padroeira e a fé e a esperança de melhores dias, chegamos ao que somos hoje: cerca de 220 mil habitantes, com uma estrutura bastante razoável e as promessas que se repetem por anos de que teremos FERROVIA para escoar nossa grande produção de grãos, RODOVIA para o Pacífico e AEROPORTO capaz de atender os grandes aviões, já que os passageiros aumentam dia a dia, no Aeroporto ARLINDO CARDOZO.

A cidade de Dourados conta com 4 UNIVERSIDADES,abriga milhares de estudantes; tem Shopping e dezenas de Supermercados e muitos residenciais de alto luxo, para habitantes mais sofisticados. Hoje tem de tudo, para todos os gostos. Nos dias de hoje não se pode reclamar!

Escritor José Alberto Vasconcellos

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