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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Confira o artigo ‘Disfonias: um problema de saúde pública’

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20/07/2018 08h18 – Por: Ademir Garcia Baena

Disfonia vem a ser qualquer dificuldade na emissão vocal que impeça ou dificulte a produção natural da voz, causando prejuízo ao indivíduo. As Disfonia são divididas em três grandes categorias etiológicas:

Disfonia orgânica: independe do uso vocal, podendo ser causada por diversos processos, com conseqüência direta sobre a voz. Ex: alterações vocais por neoplasias da laringe, doenças neurológicas, inflamações ou infecções agudas relacionadas a gripes, laringites e faringites.

Disfonia funcional: é uma alteração vocal decorrente do próprio uso da voz, ou seja, um distúrbio do comportamento vocal. Pode ter como etiologia o uso incorreto da voz, uso abusivo da voz, inadaptações vocais e alterações psicogênicas, que podem atuar de modo isolado ou concomitantemente.

Disfonia organofuncional: é uma lesão estrutural benigna secundária ao comportamento vocal inadequado ou alterado. Geralmente, é uma disfonia funcional não tratada, ou seja, por diversas circunstâncias a sobrecarga do aparelho fonador acarreta uma lesão histológica benigna das pregas vocais. A disfonia é considerada um sintoma, e não uma doença, ou seja, é considerada uma manifestação que compõem o quadro de distúrbio de voz.

Na sociedade atual, aproximadamente 70% da população economicamente ativa no Brasil, têm a voz como ferramenta básica de trabalho, ou seja, considerável parcela dos nossos trabalhadores é composta por usuários vocais ocupacionais, e que se incluem nesta categoria, cantores, atores, operadores de telesserviços, religiosos, políticos, secretárias, advogados, profissionais da saúde, vendedores, especialmente destacamos a classe dos professores, entre outros;

Essas ocupações apresentam grande demanda vocal, com a combinação de uso prolongado da voz e fatores inapropriados do ambiente, tais como ruído de fundo, acústica ambiental e qualidade do ar inapropriadas, e da organização do trabalho, ou seja, aspectos referentes à forma, condições e à intensidade com que o trabalho é executado; no caso especifico do professor destacamos a jornada de trabalho prolongada; sobrecarga, acúmulo de atividades ou de funções; demanda vocal excessiva; ritmo de trabalho estressante; excesso de aluno em sala de aula; trabalho sob forte pressão; insatisfação com o trabalho e/ou com a remuneração; tal combinação de fatores contribui para elevar a prevalência de queixas vocais e pode causar os distúrbios vocais com muita freqüência nessa comunidade em relação à população geral e tem gerado situações de afastamento do trabalho, readaptação de função e incapacidade para o desempenho adequado das funções que tenham a voz como instrumento de trabalho, o que implica em altos custos financeiros e sociais.

Nos últimos anos foram realizadas várias pesquisas a respeito da voz do professor, com o intuito de verificar a qualidade vocal destes profissionais, abaixo transcrevemos alguns destes resultados estatísticos para uma breve comparação e, também para uma reflexão.

Araraquara (SP): 50,6% de 83 professores apresentam vozes alteradas de acordo com DRAGONE (1993).

São Bernardo do Campo (SP): 59,9% de 44 professores foram considerados disfônicos em estudo conduzido por NAGANO E BEHLAU (1993).

Botucatu (SP): 35% de 80 professores apresentaram vozes alteradas e 75,5% tensão em região de pescoço (TENOR, 1997).

Rio de Janeiro (UFRJ): 74,62% de 130 professores relataram alteração vocal (GARCIA, 1997).

Curitiba (PUC-PR): 95; 13% de um universo de 164 professores nunca tiveram treinamento vocal; 81,71% não utilizam nenhuma técnica para melhorar sua voz e dicção e 71,95% dos professores estão preocupados em fazer cursos de aperfeiçoamento e técnicas vocais segundo (PLETSCH (1997)).

Na cidade de Dourados dados levantados durante a realização de cursos do Programa de Saúde Vocal “Viva Voz” revelaram que 95% dos professores, de um total de 284, apresentaram pelo menos alguns sintomas, tais como: rouquidão, ardência, cansaço, sequidão, sensação de corpo estranho, falhas na voz, sendo que uma grande maioria, 72% foram considerados disfônicos. (Baena, 2000).

Tais pesquisas ou levantamento de dados revelam índices elevados de problemas vocais, pois a maioria dos professores desconhece o funcionamento do aparelho fonatório, as noções sobre saúde vocal, os cuidados gerais e básicos sobre como prevenir problemas de voz e quais as técnicas vocais que poderiam contribuir para um melhor desempenho vocal.

Procurar ajuda é muito importante

O professor que apresentar os sintomas, já citados, deverá procurar o fonoaudiólogo ou o otorrinolaringologista, que são os profissionais mais indicados para avaliar, orientar e tratar os problemas vocais.

Considerando a preocupante situação, necessário se faz criar políticas voltadas à ações de prevenção que possam evitar o aparecimento das DISFONIAS, através da criação de um programa de saúde vocal(no caso de Dourados, já existe um programa especifico, mas que esta desativado), visando ações educativo-terapeuticas voltadas à adequada utilização da VOZ como meio de expressão dos trabalhadores em educação, tais como noções sobre anatamofisiologia do aparelho fonador, cuidados vocais e várias outras informações sobre a saúde vocal.

Medidas de prevenção são as mais inteligentes, propiciar vida mais digna à uma comunidade, especialmente aos professores estão ao alcance, basta querer fazer e colocar em prática, importante a participação de cada um, com ações e projetos de engenharia social, visando o bem comum,

*Fonoaudiólogo, Especialista em Voz. Aperfeiçoamento em Dislexia e Dist. De Aprendizagem

Ademir Garcia Baena, fonoaudiólogo especialista em voz

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