Em Dourados a oferta ainda é pouca, mas já está se tornando um hábito para alguns moradores
20/12/2018 08h52 – Por: Marcos Morandi*
Na medida em que cresce o interesse da população pelos alimentos mais saudáveis, aumenta também as opções de lugares em todo o Brasil que comercializam produtos orgânicos. Em Dourados a oferta ainda é pouca, mas já está se tornando um hábito para alguns moradores. É o caso da “Dona” Amélia Rodrigues da Conceição. Todas as terças-feiras ela caminha quase dois quilômetros para comprar verduras cultivadas sem o uso de agrotóxicos. “Aproveito e compro ovos e queijo caipira além de doces caseiros”, conta a dona de casa, que enche as duas sacolas.
Segundo ela, a família já se acostumou com os alimentos adquiridos na Feira de Orgânicos do Parque do Parque dos Ipês, um dos sete pontos de Mato Grosso do Sul que fazem parte do mapa brasileiro de feiras orgânicas. São três em Campo Grande, uma em Anastácio, uma em Corumbá, uma em Três Lagoas e outra em Dourados.
Em todo o Brasil existem 740 iniciativas de feira que comercializam produtos orgânicos. O roteiro está assim distribuído: 64 no Centro Oeste, 154 no Nordeste, 34 no Norte, 182 no Sul e 306 no Sudeste. No começo quando o mapa foi criado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o número de pontos cadastrados não chegava a 100.
O crescimento do número de feira orgânicas pode até parecer tímido, considerando as facilidades oferecidas pelas grandes redes de supermercados e a inúmeras opções de produtos industrializados e produzidos em grande escala e, na maioria das vezes, de procedência um tanto duvidosa.
Com o aumento do número de doenças provocadas na maioria das vezes por produtos contaminados por agrotóxicos, conforme estudos recentes, o consumidor passou a se preocupar com a origem dos alimentos que chegam até a sua mesa.
Segundo dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, cada brasileiro consome cerca de 7,3 litros de pesticida por ano. Alguns deles, inclusive, proibidos em outros países. No Paraná, o índice é ainda pior e chega a 8,7 litros de agrotóxico por pessoa.
O Brasil é o país que mais usa agrotóxico do mundo, inclusive vários que são proibidos em diversos lugares, como China, Estados Unidos e Europa. Neste cenário, ver crescer a produção e consumo de alimentos orgânicos é um alento e um sinal de que novos tempos são possíveis.
Segundo a nutricionista e pesquisadora do Idec, Mariana Garcia, além de garantir o fornecimento de produstos saudáveis, as feiras orgânicas também são espaços de criação de relações entre as pessoas, na medida em que se tornam mais próximas.
Segundo dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, cada brasileiro consome cerca de 7,3 litros de pesticida por ano, alguns deles, inclusive, proibidos em outros países. No Paraná, o índice é ainda pior: chega a 8,7 litros de agrotóxico por pessoa.
Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atualmente são 17.075 registros de entidades produtoras de orgânicos no país, das quais cerca de 70% dos produtores são de agricultura familiar. Em 2013, eram apenas 6.700 registros.
O último censo do setor, de 2006, mostra ainda que a agricultura familiar participava com 30% do valor bruto da produção agrícola e agropecuária no Brasil, o que representava em torno de R$ 12 bilhões, segundo dados do ministério.
Para quem deseja iniciar nessa atividade, primeiro, é preciso obter conhecimentos e preparação, sempre acompanhada da orientação técnica de profissionais da área. É preciso entender, por exemplo, que esse modo de produção tem o desafio de unir o conhecimento acumulado do homem do campo com tecnologias modernas, e assim alcançar produtividade. A respeito desse conceito têm-se algumas controvérsias, por isso pontos precisam ser esclarecidos.
Serviço
Feira Livre de Produtos
Orgânicos, em Dourados
Parque dos Ipês – terça-feira – 17h às 22h
*O Progresso
