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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Emmanuel Marinho: A consagração de um poeta em vida

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02/05/2018 06h45 – Por: Rita Pacheco Limberti *

Como se não bastasse o fato de ter quatro de suas obras indicadas para as provas do Vestibular da Universidade Federal da Grande Dourados -UFGD (2016-2019), Emanuel Marinho acaba de ser incluído no rol dos escritores cujas obras serão objeto de questões do Vestibular 2019 da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Entre os monstros sagrados da Literatura Brasileira, como Castro Alves, Manoel Bandeira, Guimarães Rosa, Visconde de Taunay, Ligia Fagundes Telles e Clarice Lispector, cintila o nome do Poeta Emmanuel na lista de obras do Edital do processo seletivo da instituição. Tal fato é o coroamento de um processo de consagração de que o artista vem sendo objeto, por meio de notório reconhecimento da crítica especializada e pela evidente e cada vez mais crescente admiração popular.

Seu talento de ator permite-lhe dar som e forma às suas poesias, sendo capaz de levá-las aos mais remotos e improváveis lugares, como feiras livres, prisões, lares, esquinas e saguões públicos, atingindo os mais diversos tipos de público e todas as faixas etárias. “Com a palavra, o Poeta!”, um de seus projetos mais bem sucedidos, Emmanuel deu forma, recentemente, à sua prática primordial, que veio sendo desenvolvida ao longo de toda a sua vida artístico-literária: levar poesia às escolas, às crianças e jovens. Assim, dando vida própria aos seus poemas – alguns já de domínio público, como “Índia velha” e “Genocíndio” (“tem pão velho?”) e sua máxima lapidar “Poesia não compra sapatos, mas como andar sem poesia?” – o poeta desenvolve senão o mais sublime de seus dons: o de arte-educador.

Dessa forma, gerações de fãs e admiradores foram sendo criadas, tornando-o um ícone artístico e poético do estado de Mato Grosso do Sul. Aonde quer que ele vá, mesmo caminhando pelas ruas, sempre é abordado por alguém que relata um caso, uma experiência, uma vivência da forma como a poesia emmanuelina entrou em suas vidas. Invariavelmente são episódios de afeto e de desprendimento do poeta, como dançar uma ciranda com as crianças da escola indígena, dar um livro de presente a um gari, fazer uma apresentação calorosa no meio da manhã numa escola da periferia ou do centro da cidade. Todos o amam, todos o curtem e lhe são gratos, cada um o tem em lugar especial de sua história.

Interessante é notar que, a partir do início espontâneo de suas apresentações nas escolas, formou-se um círculo virtuoso de incentivo à leitura. Precursor desses eventos, Emmanuel recebe inúmeros convites para participar de projetos culturais e literários, de arte e de educação, por todo o país. Com seus espetáculos participou de diversos Festivais de Teatro do Brasil, como Porto Alegre em Cena, Festival Internacional de Teatro de Londrina, Cena Contemporânea/Brasília, Mercado Cultural, /Salvador/BA, Campina Grande/PB, assim como em várias cidades da América Latina e Europa. Como poeta é convidado para participar dos maiores eventos de literatura do país: FLIP/ Festa Literária de Parati, Bienal do Livro/Brasília-DF, Jornada Literária de Passo Fundo, COLE/Congresso de Leitura – UNICAMP-SP, Simpósio Internacional de Contadores de História/Rio de Janeiro-RJ, I Bienal do Livro de Brasília, entre muitos outros.

O ápice de sua trajetória artística, que ele atinge agora em sua maturidade, é o resultado dessa despojada, porém fértil, semeadura. Emmanuel Marinho foi se instalando no imaginário da cidade e, como imaginário, expandiu-se na abstração de sua poesia. Mesmo um analfabeto encanta-se com os poemas… com a sonoridade, com o acolhedor abraço que o poeta lhe dá com o olhar, convidando-o a cantar seus versos… timidamente, no balbucio, aquele que não tem voz começa a desempoeirar sua garganta presa e a sentir expandido aos pulos seu coração oprimido …

Toda essa popularidade e reconhecimento fazem dele uma instituição cultural de referência, com vida própria, um bem imaterial público: o Poeta Emmanuel – e evoque-se por esse nome o conjunto de sua obra artística (performances e espetáculos) e literária. Prescinde-se de seu sobrenome, sublima-se sua missão: deixa de ser o homem para ser simplesmente O Poeta!

  • Rita Pacheco Limberti é semioticista e crítica de arte

Poeta douradense, Emmanuel Marinho acaba de ser incluído no rol dos escritores cujas obras serão objeto de questões do vestibular da UFMSFoto: Elvio Lopes

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