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terça-feira, 23 de abril de 2024

Fonoaudiólogo alerta educadores para problemas na voz

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A patologia mais comum são os nódulos nas pregas vocais, popularmente conhecidos como calos vocais

Maria Lucia Tolouei – 16/04/2016 08h24

É importante que profissionais da voz mantenham hábitos corretos de postura, gestos e uma boa qualidade vocal, pois seu padrão de conduta pode decidir o futuro da carreira.

Além do aquecimento e desaquecimento vocal, precisa adotar algumas atitudes, como evitar gritar, ar condicionado, uso de sprays, entre outros. Também deve tomar água, de gole em gole, ao longo dia para hidratar. As dicas são do fonoaudiólogo, especialista em voz, Ademir Garcia Baena.

Segundo ele, a prevenção é o principal meio para evitar problemas vocais, embora, baseado em experiências que têm no consultório particular, são raros os profissionais que procuram a terapia fonoaudiológica antes de se estabelecer um problema.

Baena diz que, entre as patologias mais comuns estão nódulos nas pregas vocais, relacionados a um comportamento vocal alterado e inadequado, principalmente o abuso vocal que também causam pólipos cujo principal sintoma é a rouquidão. Na lista de problemas vocais, Baena aponta cistos, Edema de Reinke (inchaço), laringite (inflamação) e outros.

Entre os agravantes aos problemas vocais, Baena lista o tabagismo, alcoolismo, o pigarro que arranha a prega vocal, gritos.

Graduado em Fonoaudiologia em 1984, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, especialista em Fonoaudiologia Clinica (Cefac), Baena tem aperfeiçoamento em Distúrbios de Aprendizagem e Dislexia e aprimoramento em Eletroestimulação aplicada à Disfagia e Disfonia.

Ele fez estágio em voz na Universidade Estadual do Arizona – Tempe (EUA), no Centro de Voz da Universidade de Medicina de Pittisburgh (EUA) e na Universidade British Columbia – Vancouver – (Canadá).

Ademir Bena é sócio fundador da Academia Brasileira de Laringologia e Voz e Membro da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.

Confira a entrevista deste Dia Mundial e Nacional da Voz

Quais as patologias da voz recorrentes entre os educadores?

A patologia mais comum são os nódulos nas pregas vocais, popularmente conhecidos como calos vocais, são lesões de massa, benignas, bilaterais e simétricas que acometem as pregas vocais e cuja formação está relacionada a um comportamento vocal alterado e inadequado, principalmente o abuso vocal.

Pólipos – Os pólipos assim como os nódulos são causados pelo uso excessivo abusivo da voz ou por um único evento abusivo; porém outros fatores podem concorrer, tais como agentes irritativos, alergias, infecções agudas, etc. O pólipo é uma infecção unilateral, o principal sintoma vocal é a rouquidão.

Cisto – É uma lesão benigna, um espaço delimitado contendo liquido ou outra substância; consideram-se duas hipóteses: má formação congênita ou adquirido, tendo como causa principal o abuso vocal continuado, infecção de vias aéreas, crises alérgicas etc. Os principais sintomas são a rouquidão e fadiga vocal.

Edema de Reinke é uma doença da laringe na qual as pregas vocais (cordas vocais) tornam-se progressivamente edematosas (inchadas), fazendo com que a voz fique rouca e de tonalidade grave e pode chegar a causar dificuldades de respiração quando volumosos. Embora possa haver outras causas, tais como doenças da tireóide, refluxo gastro-esofágico e mau uso da voz, de longe, a causa mais freqüente desta enfermidade, é o tabagismo. Edemas discretos podem ser resolvidos com a fonoterapia e ou tratamento médico especializado.

As fendas glóticas são consideradas como um fechamento glótico inconsistente (as cordas vocais não se fecham de forma adequada), ocasionado por um desequilíbrio, por aumento ou diminuição da atividade de grupos musculares específicas, por presença de inadaptações fônicas ou pela presença de alterações orgânicas maiores.

Paralisias, a laringe recebe inervações motora e sensitiva. O acometimento dessa inervação em situações específicas, como trauma cirúrgico, principalmente da glândula tireóide, em infecções virais, em tumores, dentre outras, pode levar à paralisia da laringe.

Laringite é uma inflamação da laringe que faz com que a sua voz fique áspera ou rouca. A laringite pode ser de curto prazo ou de longa duração (crônica). Na maioria das vezes, ela surge rapidamente e dura não mais de duas semanas, quando dura mais de duas semanas é conhecida como laringite crônica. Este tipo de laringite é geralmente causado pela exposição a substâncias irritantes ao longo do tempo. Laringite crônica pode causar tensão das cordas vocais e lesões ou tumores na corda vocal (pólipos ou nódulos). A laringite requer tratamento médico.

O que fazer para prevenir?

A prevenção é o principal meio para se evitar problemas vocais, embora, baseado em experiências de consultório particular, são raros os professores que procuram a terapia fonoaudiológica antes de se estabelecer um problema. É importante que o professor mantenha hábitos corretos de postura, gestos precisos e uma boa qualidade vocal. Além do aquecimento e desaquecimento vocal, o professor deve tomar algumas atitudes com hábitos saudáveis, como:

Evitar o consumo de cigarro, pois, a fumaça quente produzida pelo cigarro agride o sistema respiratório, as pregas vocais e o trato vocal;

Evitar a ingestão de álcool, pois, o álcool produz efeito anestésico e perda da sensibilidade, possibilitando os abusos vocais sem perceber, além de irritar o trato vocal;

Evitar o ato de pigarrear: um hábito comum, que geralmente tem a característica involuntária, esse ato é como estivesse raspando a prega vocal, motivando um atrito entre elas.

Evitar gritar, pois, o grito agride as pregas vocais.

Evitar o contato com ar-condicionado, pois o mesmo provoca ressecamento na mucosa do trato vocal, quando sob ar condicionado, a ingestão de água é muito importante.

Evitar a competição sonora.

O uso de sprays e pastilhas, sem prescrição médica, é um equívoco e tem uma ação, semelhante a do álcool;

É de fundamental importância tomar água, de preferência de gole em gole durante o dia, especialmente durante a exposição vocal.

Evitar a automedicação, pois, a automedicação coloca a saúde do individuo em risco, e a maioria das medicações causam alterações no trato vocal.

Evitar roupas ou acessórios apertados na região do pescoço, para não causarem dificuldades na respiração e não atrapalharem a movimentação muscular que promove a fala;

Quando estiver escrevendo no quadro, evite falar olhando para a classe isso provoca mal posicionamento da laringe e aumenta o esforço vocal.

Aulas ao ar livre exigem maior atenção, evite gritar, aproxime-se dos alunos, use apitos, bata palmas ou assobios para chamar a atenção.

Articule com precisão as palavras, mas sem exagero.

Pela manhã é comum que a voz se apresente mais grave ligeiramente rouca (a chamada voz de sono). Realizar alguns exercícios de aquecimento vocais auxilia na projeção da voz.

Importante ressaltar a criação de Programas de Saúde Vocal, visando o adequado uso deste precioso Instrumento de Trabalho do professor que é a VOZ, é fundamental que haja maior envolvimento das instituições, como universidades, órgãos competentes do estado e munícipios, para que mudanças mais robustas ocorram, assim como politicas mais efetivas, sempre visando melhor qualidade de ensino e de vida aos professores.

O ambiente pode afetar negativamente, digo, giz, ar condicionado, classe lotada, estresse, etc?

A classe profissional dos Professores é uma das mais acometidas pelas DISFONIAS, tendo como causas tanto a jornada de trabalho, que por vezes esse profissional tem até 03 períodos de aulas, numero excessivo de alunos, salas mal estruturadas com acústica desfavorável, ruídos ambientais externos provindos das ruas que a cercam, dos pátios dos corredores, e ou internos decorrentes da fala das crianças, que mascara a voz do professor, ambiente de trabalho desfavorável levando-o ao estresse, ar condicionado e ou ventiladores sem manutenção e barulhentos, o que o leva a fazer competição vocal, como também a falta de conhecimento de técnicas vocais apropriadas. Outras adversidades, pó de giz, fumo, álcool, poeira, fala excessiva e em forte intensidade, também podem contribuir para que surjam os problemas vocais, que na maioria das vezes, afasta o professor da sala de aula, quando não, ele se vê obrigado à fazer readaptação de função, o que pode comprometer o desenvolvimento escolar do seus alunos.

Problemas de voz podem evoluir para um câncer, por exemplo?

A maioria das lesões, como acima citadas, são lesões benignas, no entanto, uma patologia conhecida por Leucoplasia, por ter como causa principal o hábito do tabagismo, requer atenção especial, podendo evoluir para um tumor maligno. Vale ressaltar que o Câncer de laringe, que acometem, segundo a Org. Mundial de Saúde, cerca de 15 mil Brasileiros por ano, tem como causas principais o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, cujo diagnóstico precoce permite a cura na maioria dos casos. As queixas mais comuns são voz rouca, dores para deglutir, sensação de corpo estranho na garganta, por vezes dores de ouvido entre outros sintomas. Com a progressão da doença ocorrem dificuldades para respirar.

Como Identificar?

Diante de sintomas de ardência, sensação de corpo estranho na garganta, falhas da voz, cansaço vocal, baixa intensidade vocal, esforço vocal, excesso de pigarro, principalmente, considerar a rouquidão persistente por mais de duas semanas, quando sentir esses sintomas o indivíduo deve procurar de imediato atendimento com especialista, o Médico Otorrinolaringologista ou o Fonoaudiólogo especialista em VOZ.

Considerações finais

A classe profissional dos Professores é uma das mais acometidas pelas DISFONIAS, entender as condições de trabalho e vida do professor se torna primordial para a saúde vocal. Buscar informações junto à profissionais especializados na área é de suma importância para que haja efetivação da prevenção. A ação preventiva necessita de apoio para divulgação nas escolas e também na formação inicial dos futuros professores. A necessidade dos professores terem boas condições de voz e audição é importante tanto para sua saúde quanto para a melhoria das condições na educação.

Podemos perceber que: É imprescindível que os professores tenham uma boa fala, uma boa voz. Para isto, necessitam receber treinamento intenso e adequado para saberem usar devidamente seu aparelho fonador. Muitos professores se lançam a um trabalho idealístico, cansativo, sem o mínimo conhecimento de técnica vocal e dos riscos de uma alteração orgânica decorrente do uso inadequado da voz. Segundo Fawcus (1992), o entendimento do mecanismo vocal e sua utilização adequada constituem-se na melhor forma de prevenir problemas de voz.

A voz falada é considerada como parte integrante da comunicação oral humana. Então, percebemos que o que afeta a voz afeta a fala, a comunicação e a pessoa no seu bem-estar biopsicossocial. A possibilidade de poder desenvolver e proteger sua qualidade de voz confere à pessoa, segurança e confiança na comunicação oral, permitindo melhor inserção nas relações pessoais e de trabalho, tornando-a mais feliz e integrada.

A participação do fonoaudiólogo no tratamento das doenças da laringe é de fundamental importância. Via de regra, este profissional participará no atendimento dos problemas de voz, tanto no tratamento quanto na prevenção dos problemas vocais. Destaca-se ainda sua importância na orientação correta de exercícios de reabilitação no pré e pós-operatória de cirurgias da laringe, considerando a avaliação que cada caso requer.

SERVIÇOVocê pode encontrar o professor e fonoaudiólogo Ademir Baena no facebook: Ademir G.Baena Baena

Fonoaudiólogo Ademir Garcia Baena atende em Dourados

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