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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Curso EAD sem qualidade prejudica faculdade comunitária

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Curso EAD sem qualidade prejudica faculdade comunitária, aponta debate

17/10/2018 18h07 – Por Agência Senado

O crescimento do ensino a distância (EAD) e a crise econômica no país estão impondo dificuldades às instituições comunitárias de ensino superior, relataram representantes do setor em audiência pública no Senado.

O debate foi feito na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) na segunda-feira (15), data em que se celebrou o Dia do Professor.

De acordo com os participantes da audiência, faculdades comunitárias presentes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, apesar do excelente nível de ensino, estão perdendo professores e profissionais por falta de alunos.

A maioria dos estudantes está ingressando em cursos de EAD, que são mais baratos, mas pecam pela baixa qualidade do ensino, afirmaram os debatedores.

Os convidados também disseram que os programas que beneficiam a educação, como o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), precisam de uma boa gestão e deveriam se tornar programas de Estado, não apenas de governo.

A preocupação com a qualidade da educação em geral também foi debatida na audiência. Segundo os presentes, as crianças brasileiras têm sido alfabetizadas, em média, no quarto ano do ensino fundamental.

Além disso, afirmaram os participantes, no final do ensino médio, 83% dos jovens não aprenderam o fundamental de matemática e 73% não aprenderam o necessário em português, fazendo com que um terço dos alunos do ensino superior sejam analfabetos funcionais.

O senador Paulo Paim (PT-RS), que presidiu a reunião, saudou a todos os professores do país e chamou-os de “verdadeiros heróis”, por serem tão desvalorizados.

Ele disse que a educação é a solução para a melhoria do Brasil. Paim também se comprometeu a enviar o conteúdo da audiência aos dois candidatos à Presidência da República.

Políticas públicas

O Plano Nacional de Educação (PNE) tem, entre suas metas, a de que 33% dos jovens entre 18 e 24 anos estejam no ensino superior até 2024.

De acordo com o presidente do Fórum das Faculdades Comunitárias, Antonio Ternes, atualmente essa porcentagem permanece estática em 18%, após um crescimento, entre 2011 e 2014, de 5%.

Ele explicou que o Fies impulsionou essa expansão, mas que atualmente problemas como a inadimplência e a má gestão fizeram com que as universidades restringissem o crédito aos alunos.

O que acontece no Brasil não é um problema de recursos. Sabe-se que no Brasil são destinados 5,5% do PIB para a educação.

Em países onde a educação é tida como referência no mundo, como a Finlândia, essa relação com o PIB é de 5%. O problema é realmente gestão, é a alocação eficiente de recurso — afirmou.

Para Bruno Eizerik, do Sindicato de Ensino Privado do Rio Grande do Sul, o Fies não pode ser gerido pelo Ministério da Fazenda, mas pelo da Educação.

Eizerik também disse que o Pronatec, destinado a colocar os jovens no ensino técnico, precisa ser retomado.

EAD

Os debatedores afirmaram que não são contra o ensino a distância, mas que a qualidade e a fiscalização desse tipo de ensino precisa melhorar.

De acordo com Bruno Eizerik, nas pequenas cidades, onde há as faculdades comunitárias, está havendo uma sobreposição da criação de polos em EAD.

De acordo com Helenice Reis, do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul, os cursos a distância são importantes, por chegarem a pessoas que não poderiam estar num ensino presencial.

No entanto, ressalvou, a qualidade da maioria deles é ruim, pois são cursos enfadonhos e com pouca interação. Ela defendeu a melhoria na avaliação dos cursos em EAD.

Esses critérios têm que ser feitos da mesma forma que é feita a avaliação de cursos presenciais. Não é possível fazer a avaliação que se faz num curso presencial só numa sede de uma universidade que tem 250 polos de cursos a distância — disse.

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que participou da audiência pública, relatou que em outra audiência de que participou, em julho, no Rio Grande do Sul, constatou-se que havia cursos instalados em “fundos de quintal”, cobrando R$ 48 de mensalidade.

Isso é a vulgarização, a depreciação de um mecanismo de ensino que é importante. O EAD é muito importante, mas não podemos admitir que chegue a esse baixo nível — disse a senadora.

Paulo Paim (ao centro) coordena debate com representantes de instituições comunitárias de ensino superiorGeraldo Magela/Agência Senado

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