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terça-feira, 16 de abril de 2024

Igrejas divididas, co-responsáveis pela secularização – Pe. Crispim Guimarães

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Pe. Crispim Guimarães*As divisões entre católicos, ortodoxos e evangélicos são co-responsáveis pela secularização do mundo, disse o cardeal W. Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos. As Igrejas, ainda que se movendo sobre o sólido terreno comum, custodiam a fé em Jesus Cristo como um “tesouro em vasilhas de barro”. “Por causa de nossas divisões, obscurecemos a luz de Jesus Cristo a muitas pessoas e fizemos com que a realidade de Jesus Cristo não fosse aceitável”.

É certo que nossas divisões também são co-responsáveis pelas dúvidas que muitos têm com respeito à Igreja e questionem sua existência. Frente a tal situação, na qual se encontram nossas Igrejas, não podemos ficar tranqüilos; não podemos seguir adiante como se não tivesse passado nada.

É necessário dar testemunho uns aos outros de nossas respectivas posturas, de modo honesto e atraente, mas é preciso lembrar que a unidade não pode ser obra nossa. É um dom do Espírito de Deus; só Ele pode reconciliar os corações. Este Espírito de unidade é o que devemos pedir na oração.

Mais tarde, o cardeal relacionou a questão da unidade visível e plena de todos os cristãos com o destino da Europa e do mundo. Lamentavelmente, “hoje, o mundo corre não tanto o risco de trair os próprios ideais quanto de esquecê-los de modo banal”.

O perigo principal não está representado tanto pela oposição atéia, mas pelo esquecimento de Deus – já que simplesmente se passa por cima dos preceitos de Deus, pela indiferença, pela superficialidade, pelo individualismo e pela falta de disponibilidade a comprometer-se em favor do bem comum e, a saber, sacrificar-se por este fim.

A nova evangelização é nossa tarefa. Precisamos do verdadeiro pão da fé, convencida e vivida. O mundo, as uniões das nações em blocos, não pode ser só uma unidade econômica e política; precisa, se quiser ter futuro, de uma visão comum e de um sistema comum de valores fundamentais, que certamente o cristianismo puro é capaz de oferecer.

O mundo, e nós os cristãos, temos de despertar de uma vez; devemos alinhar-nos com o que nos é próprio, com nossa história e nossos valores que em um tempo nos deram “grandeza” (não poder) e que podem nos garantir um porvir novo. Esta é nossa missão comum.

Muitas vezes dividimos o Cristo a nosso bel prazer e a grande massa olha para nós cristãos – com desconfiança, porque em nome de Jesus cada um prega sua verdade. Parece que para cada denominação há também um Cristo.

Não há dúvidas que a secularização, que em si não é um mal, deturpada sim, é fruto deste modo de proceder religioso, mas a nossa divisão foi além da secularização, ela foi introdução às bases do relativismo, onde cada um interpreta a religião do seu jeito, o que inevitavelmente leva a interpretar a moral e a ética tal e qual. Este fato assentou as bases do invidualismo que caracteriza o mundo moderno. Tudo se encerra no homem, incluindo o próprio Deus. Não somos mais nós, homens, que nos adequamos a Deus, é Ele, que deve se adequar a nós.

Daí a terríveis conseqüências éticas vividas na sociedade atual. Deus perdeu lugar no mundo – pela nossa divisão, que muitos outros afirmam ser o pai e mãe da revolução atéia, Ele foi empurrado para o céu, no mundo geográfico onde vivemos imerso no tempo e no espaço, Deus não pode mais habitar, nunca mais deixamos que Ele descesse para nos orientar, no máximo fracionamos sua pessoa.

Por isso é necessário nos penitenciarmos, sobretudo naquilo que criticamos hoje, além da enorme campanha atéia desencadeada por certos organismos, também temos nossa parcela de culpa.

Perdão Senhor!

*Pe. Crispim Guimarães -Coordenador de Pastoral Diocesano de Pastoral.

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