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O futuro da Igreja – Pe. Crispim Guimarães

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Pe. Crispim Guimarães*Certa feita, o Cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI, disse algo que desagradou alguns expoentes do mundo católico. Segundo ele, a Igreja do futuro reduzir-se-á nas suas dimensões, e será preciso começar novamente, porém isso a fará mais autêntica e comprometida com o projeto de Deus.

Pessoalmente, que não sou nenhum expoente, mas um simples sacerdote acostumado com números, confesso que não gostei, exatamente porque na época não compreendi a perspectiva do autor. Hoje, percebemos que em alguns lugares (países), a Igreja Católica numericamente diminui, em outros cresceu, sobretudo cresce em qualidade, com um maior esforço de qualificar seus agentes, saindo de uma Igreja de batizados para uma Igreja de evangelizados.

Dizia na época o Cardeal: “A Igreja de massas pode ser algo muito bonito, mas não é necessariamente a única modalidade do ser da Igreja. A Igreja dos primeiros três séculos era pequena, sem que por isso fosse uma comunidade sectária. Pelo contrário, não era fechada sobre si mesma, mas sentia uma grande responsabilidade pelos pobres, pelos doentes, por todos. No seu seio, encontravam abrigo todos aqueles que se nutriam de uma fé monoteísta e estavam à busca de uma promessa. Essa consciência de não ser um clube fechado, mas de estar aberta à comunidade no seu conjunto, sempre foi componente intrínseco da Igreja…”.

Acredito, que ao propor uma Igreja aberta, capaz de dialogar com o mundo e de se preocupar com o mesmo, nas suas diversas matizes, atualmente, a Igreja Católica tem mostrado um rosto cada vez mais novo e semelhante com aquela dos primeiros séculos. No nosso caso, Diocese de Dourados, os eventos de massa não sufocam a necessidade de uma Igreja de comunidades, sobretudo com o advento da implantação das “Pequenas Comunidades”, em fase de iniciação na Diocese.

Esta Igreja continuará a propor os grandes valores humanos universais. “Porque se o Direito deixa de ter fundamentos morais compartilhado por todos, desmorona também como Direito”. Deste ponto de vista, a Igreja tem uma responsabilidade universal. No campo da evangelização ela tem um compromisso missionário de continuar sendo fermento na massa e luz para o mundo, luz que aponta para Cristo, isto significa que não podemos aceitar que a humanidade volte a precipitar-se no paganismo, mas que tenhamos a coragem de nos desapegarmos de velhas estruturas, para encontrar o caminho da evangelização aos que só foram batizados e como disse, não foram evangelizados e levar o Evangelho também e sem medo, aos não crentes e não católicos.

Ela deve recorrer a sua criatividade para fazer com que não se apague a força viva do Evangelho, para tanto, deve usar com ética, os mais variados meios, sobretudo os Meios de Comunicação Social, seus e os meios leigos, que não são de sua propriedade.

Para que cheguemos a uma Igreja nestes moldes, devemos nos afastar de alguns perigos. Digo: o que nos alimenta é a fé em Jesus Cristo, se nos convertemos numa Igreja com cara de ONG, com uma grande organização social, porém sem o Espírito dAquele que nos impulsiona, perderemos o rumo de tudo, não sobrará fé e nem coragem para continuarmos praticando a caridade.

Os sacramentos não devem ser vistos como empecilhos a uma vida digna, mas condições para tanto. “É importante, diz o Papa, um processo de simplificação que nos permita distinguir a viga-mestra da nossa doutrina, da nossa fé, o que nela tem valor perene. É importante voltar a propor as grandes constantes de fundo nos seus componentes fundamentais: as questões sobre Deus, a salvação, a esperança, a vida, sobretudo o que eticamente tem um valor básico”.*Coordenador de Pastoral da Diocese de Dourados

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